Venus Kennedy: A conscientização nos últimos anos sobre equidade de gênero levou a ações mais concretas dos governos e da iniciativa privada

Lideranças ajudam a criar ações para ampliar a presença de mulheres em cargos estratégicos, mas ainda faltam avanços.

venus-kennedy-executiva-da-deloitte-1623971511157_v2_1920x1280Venus Kennedy, sócia e líder do Delas, programa de diversidade de gênero da Deloitte. (Foto: Divulgação)

Apesar de os temas ligados à diversidade e inclusão estarem cada vez mais presentes na agenda da sociedade e das empresas do mundo todo, ainda há um longo caminho a ser percorrido para que a equidade de gênero atinja os patamares ideais. Atualmente, 19,7% dos cargos em conselhos de administração do mundo são ocupados por mulheres, enquanto no Brasil esse índice é de 10,4%, de acordo com a nova edição da pesquisa “Women in the boardroom”, realizada pela Deloitte, em 51 países – incluindo o Brasil – com a participação de 10.493 empresas. Em relação à edição anterior da pesquisa, feita em 2018, nosso país registrou aumento de 1,8% no número de cadeiras ocupadas por mulheres nos conselhos corporativos.

“A conscientização que vem acontecendo nos últimos anos em relação à equidade de gênero levou a ações mais concretas dos governos e da iniciativa privada para vermos a participação feminina aumentar nos cargos de liderança. O aumento de 8,6% para 10,4% de mulheres ocupando posições em conselhos no Brasil é encorajador e um lembrete de que esse foco e esforço podem ter resultados tangíveis. Precisamos nos concentrar não apenas no resultado de uma maior diversidade de gênero nos conselhos, mas na variedade de fatores que afetam esse resultado, como os aspectos estruturais e culturais das organizações e sociedades. As empresas precisam abordar este importante tema com uma lente mais ampla para que possamos ter o impacto que desejamos a curto e longo prazos”, destaca Venus Kennedy, sócia e líder do Delas, programa de diversidade de gênero da Deloitte no Brasil.

Jornada

A luta pela equidade de gênero no mercado de trabalho global encontrou na pandemia um entrave. De acordo com o Women In Work Index, produzido pela PwC, a Covid-19 atrasou em, pelo menos, dois anos os avanços desta agenda. O estudo ainda mostra que serão necessários 33 anos para que a taxa de mulheres empregadas, hoje 69%, seja equivalente ao índice atual de homens, 80%, nas economias da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A Truss, marca profissional de produtos para cabelos, está em local de destaque quando falamos em presença feminina em cargos estratégicos ou basicamente na reversão do quadro apontado pela PwC. Das 110 mulheres que trabalham na equipe, 25 ocupam algum cargo de liderança, o que corresponde a 70% dos cargos desta hierarquia.

Ponto de atenção

 

Manuella Bossa (Divulgação)Manuella Bossa, CEO da Truss, inspira positivamente as mulheres. (Foto: Divulgação)


A transição para movimentos de neutralidade de carbono, como o Net-zero, pode ampliar a distância entre homens e mulheres na próxima década, segundo o mais recente Women In Work Index. O estudo analisa que haverá mais empregos em 2030 em 15 dos 20 setores das economias da OCDE, principalmente, em serviços públicos, construção e manufatura, onde 31% da força de trabalho empregada é masculina, ante 11% de mulheres. A PwC estima que a disparidade de empregos entre homens e mulheres nas economias da OCDE aumentará em 1,7 pontos percentuais até 2030, passando de 20,8%, em 2020, para 22,5%.


A companhia trabalha com uma vertente inclusiva, sem separação por gênero, e sim pelas competências e habilidades. A representação feminina no time é reflexo da capacidade e preparo dessas profissionais. Para Manuella Bossa, CEO da Truss, o futuro de mercado é totalmente delas. “Acredito e torço para que as mulheres sejam valorizadas e estejam cada vez mais em posições de comando nos diversos setores do mercado”, diz.

Com brilho

Brilho de estrela: Vivara reúne famosas em lançamento de Dia das Mães e  Namorados - Vogue | festaMarina Kaufman, diretora de Marketing da Vivara (Foto: Reprodução)

Parte da estratégia de negócio da Vivara, o pilar social vem sendo trabalhado para potencializar o empoderamento feminino. A empresa está entre as dez primeiras no ranking das companhias com maior índice de representatividade feminina em cargos de liderança. A pesquisa foi realizada pelo Nu investe, em parceria com a Teva Indices.

“Temos muito orgulho em ter mais de 87% dos cargos de liderança ocupados por mulheres. No nosso Conselho, elas representam 40%, na diretoria são 36%, em gerência são 93% e em coordenação 56%. Isso é um marco na companhia que está prestes a completar 60 anos, grande parte escrita com a ajuda, força e inspiração de grandes mulheres em toda a nossa rede”, afirma Marina Kaufman, diretora de Marketing da Vivara.

Outra referência em gestão de pessoas, o Grupo Sabin Medicina Diagnóstica também é reconhecida como empresa de alma feminina. “Nossa lente sobre os valores da diversidade, igualdade e equidade está enraizada na nossa história. Nascemos dos sonhos de duas mulheres – Janete Vaz e Sandra Soares Costa – que hoje são exemplos da força e do empreendedorismo femininos. Essa lente mais ampla nos permite olhar além do horizonte para aprimorar nossas práticas e tomar decisões assertivas e oportunas”, explica Lídia Abdalla, presidente do Grupo Sabin.

A empresa é reconhecida pelos indicadores acima da média nacional. Hoje, 77% dos cargos da companhia são ocupados por mulheres e 74% dos cargos de liderança têm mulheres. “Estamos prestes a completar 38 anos de história. São mais de três décadas com uma atuação pautada pelos valores da diversidade e da inclusão e promovendo um ambiente saudável e plural de trabalho”, destaca a presidente.


Unindo forças

O envolvimento da sociedade civil em ações que estimulam a participação e o protagonismo feminino também faz a diferença no processo inclusivo. O Grupo Mulheres do Brasil, por exemplo, tem se transformado em uma rede suprapartidária feminina que defende a liderança da mulher na construção de uma sociedade mais equilibrada.

Em maio, as brasileiras que vivem em Nova York foram contempladas oficialmente com um núcleo local do Grupo que reúne mais de 100 mil participantes de 122 cidades do Brasil e 39 do exterior. Luiza Helena Trajano, presidente Conselho de Administração do Magazine Luiza e do Grupo Mulheres do Brasil, esteve em Nova York na ocasião, especialmente para celebrar o lançamento oficial do novo Núcleo.

“As mulheres que vivem distante de seu país de origem passam por realidades às vezes muito difíceis, seja no campo pessoal ou profissional. Nos últimos anos, essas situações foram ainda mais agravadas com a pandemia e todos nós pudemos vivenciar a importância da solidariedade e a diferença que o trabalho voluntário faz na vida das pessoas. Por isso, nós queremos abraçar e acolher as brasileiras que moram em Nova York e estimulá-las a serem protagonistas de uma nova história e se engajarem nas causas femininas que envolvam a sociedade como um todo”, afirma Luiza Helena.