Bianca Baril: Há muitas oportunidades de investimento em Portugal, especialmente na área de energias renováveis

Cidade do Porto durante a noite, uma das mais visitadas de Portugal. (Foto: Pixabay)

Considerado um dos parceiros comerciais mais importantes do Brasil, Portugal tem visto essa relação se estreitar nos últimos dois anos. O fato reflete, por exemplo, pelo volume de exportações entre as duas nações: US$ 542 milhões, em janeiro e fevereiro de 2022 – o que significa crescimento de cerca de 75% em relação ao mesmo período de 2021. Os dados são do Observatório de Negócios Internacionais da Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil (FCPCB).

O Rio de Janeiro figura como o estado brasileiro com mais remessas enviadas para o país europeu, somando cerca de US$ 420 milhões no primeiro bimestre do ano passado. No quadro geral, segundo informações do Ministério das Finanças de Portugal, os brasileiros investiram cerca de 1,3 bilhão de euro em Portugal entre 2015 e 2020, sendo que os setores de tecnologia da informação e turismo lideraram o ranking de investimentos brasileiros.

O setor de tecnologia tem se destacado pelo crescimento exponencial com Portugal sendo uma das principais referências no centro de inovação na Europa. Uma missão empresarial promovida pelo Sebrae em Portugal em parceria com a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil debateu a realidade do empreendedorismo nos nove países membros e buscou viabilizar acordos e políticas.

A agenda incluiu um Web Summit na área de inovação. “Levar 270 startups para Portugal representa a abertura de negócios e mercados para essas empresas. E está ligado a missão, que é capacitar o pequeno negócio em vários temas e gerar novos negócios locais ou internacionais”, revelou Paulo Renato Cabral, responsável pela área de Inovação do Sebrae.

Eixo diplomático e econômico

O ano de 2022 foi positivo, de modo geral, para o setor logístico-portuário, segundo  diretor do Super Terminais (Foto: DIvulgação)

O setor de logística é um dos principais eixos de interesse da diplomacia econômica entre Brasil e Portugal, além de ter papel relevante para o desenvolvimento econômico dos dois países. O destaque no setor foi puxado graças ao aumento das receitas de exportações e está ligado ao comércio de petróleo, com destaque para combustíveis e lubrificantes, que tiveram um preço maior no mercado internacional, dados confirmados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Comemorando essa alta, o Super Terminais, que opera cargas conteinerizadas, soltas e de projeto, tendo como carro-chefe os componentes eletrônicos usados para abastecer a Zona Franca de Manaus, foi o único representante de TUPs (Terminais de Uso Privado) do Norte brasileiro, no Portugal Export 2022, realizado em Lisboa. “O ano de 2022 foi positivo, de modo geral, para o setor logístico-portuário. No caso do Super Terminais, movimentamos de janeiro a novembro, o total de 741.469,80 toneladas, número 72% superior a 2021, quando foram movimentadas 429.548,38 toneladas no terminal portuário”, revelou Marcello Di Gregorio, diretor do Super Terminais.

Com a finalidade de integrar o setor, discutir gargalos e oportunidades, Marcello pontuou que a comitiva brasileira teve a chance de se aproximar mais do setor empresarial português e debater melhorias para ampliar o transporte marítimo entre as duas nações.

“Nos últimos dois anos, fizemos o maior investimento de nossa história, no valor de R$ 260 milhões, o que está permitindo a expansão do terminal e a incorporação de tecnologias, que vão nos colocar no posto de um terminal totalmente verde. Tivemos a incorporação de três novos guindastes elétricos, que devem começar a operar no primeiro semestre deste ano, além do uso de um terminal tractor, já operante. Esses novos equipamentos vão permitir aumento em 25% da nossa produtividade, além de economia de combustíveis fósseis e redução na emissão de gases do efeito estufa”.

Empreender em Portugal

Bianca Baril, CEO da Aquila Global Group, é uma das responsáveis pelo incentivo à migração brasileira feminina no exterior (Foto: Divulgação)

Empresários brasileiros interessados em empreender em Portugal podem procurar pelo visto para empreendedores e autônomos, conhecido como visto D2. Segundo Bianca Baril, CEO da Aquila Global Group, especialista em negócios internacionais e migração feminina brasileira para o exterior, este visto é destinado aos estrangeiros que pretendem abrir o próprio negócio em Portugal, ou atuar de maneira autônoma.

“É importante ressaltar que não existe garantia de que o visto seja concedido somente com a abertura da empresa em Portugal. Por isso, é necessária a apresentação de um plano de negócios sólido, capacidade financeira, além do cumprimento dos demais requisitos”, instrui. A especialista lembra que a lei da nacionalidade não tem nenhuma influência em relação ao visto D2, porque quem a possui, não precisa de nenhum visto para investir ou empreender no país, pois já torna o indivíduo em um cidadão português, com os mesmos direitos de quem nasceu no país.

"Há muitas oportunidades de investimento em Portugal, especialmente em áreas como energias renováveis", completa.

Como exportar produtos para Portugal setores de destaque

Portugal tem se tornado rota importante para produtos brasileiros na Europa. De acordo com dados da Logcomex, empresa que oferece tecnologia para o comércio exterior, por meio de uma plataforma completa end-to-end, que ajuda as empresas a planejar, monitorar e automatizar o supply chain global, entre janeiro e outubro de 2022, o Brasil exportou um total de mais de US$ 3,8 bilhões em valor FOB para o país coirmão, com destaque para exportações de óleo bruto, soja, milho, querosene de aviação, produtos laminados planos de ferro ou aço, madeira e resinas.

Segundo Helmuth Hofstatter, CEO da Logcomex, a proximidade de Portugal com a Espanha, França e Reino Unido, coloca o país em posição estratégica no mercado. Anualmente esses três países compram juntos do Brasil mais de US$ 7 bilhões. O governo brasileiro oferece diversos programas por meio de órgãos como a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Sebrae, para fomentar a exportação de empresas brasileiras.

De acordo com dados da Logcomex, o modal de transporte mais utilizado para exportações de produtos do Brasil para Portugal é o marítimo (representando quase 95% das exportações). As principais unidades de desembaraço da exportação de produtos do Brasil para Portugal foram Itaguaí e Campos de Goytacazes, no Estado do Rio de Janeiro, e Santos, em São Paulo.

As receitas das exportações brasileiras para Portugal dobraram no 1º semestre de 2022com as exportações totalizando 2,461 bilhões de euros face a 1,181 bilhão de euros no primeiro semestre de 2021, um aumento de 108%

Para 2023 o otimismo dos empreendedoras que procuram investir em Portugal continua em alta, já que os próximos anos serão de forte desenvolvimento graças ao Programa Portugal 2030, plano de desenvolvimento nacional de longo prazo, tendo como objetivo promover o crescimento econômico, a competitividade, a inclusão social e a sustentabilidade ambiental.

Além disso, o programa também estabelece um conjunto de medidas para promover a implementação desses objetivos, incluindo investimentos em infraestrutura, reformas estruturais e apoio à inovação e à criação de emprego.

A verba é de 23 bilhões de euros, oriunda do FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional); Cooperação Territorial Europeia (CTE); do FSE+ (Fundo Social Europeu); do Fundo de Coesão; do Fundo para uma Transição Justa; Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos, e Fundo das Pescas e da Aquicultura (FEAMPA).

Com explica a CEO da Aquila Global, essa programação é feita em torno de cinco objetivos estratégicos da União Europeia: uma Europa mais inteligente, mais verde, mais conectada, mais social e mais próxima dos cidadãos. “Desse modo há muitas oportunidades de investimento em Portugal, especialmente em áreas como energias renováveis, inovação e tecnologia, bem como em projetos de infraestrutura que visem promover o crescimento econômico e o desenvolvimento regional. Além disso, o apoio a empresas de pequeno e médio porte pode ser uma maneira eficaz de promover a inclusão social e aumentar a competitividade do país”, finaliza Bianca.