Conrado Leister, da Meta: 'Comunidade de criadores deve desempenhar um papel fundamental na construção do metaverso'

Diretor-geral da Meta no Brasil foca no desenvolvimento do metaverso, de maneira confiável e eficiente.

Conrado Leister (2)Conrado Leister: 'Compradores e vendedores vão se conectar de uma nova maneira com marcas e produtos'. (Foto: Divulgação)

O atual diretor-geral da Meta Brasil, Conrado Leister, lidera o time que possui valor agregado a soluções de negócios para os anunciantes na principal economia da América Latina. Ultimamente, o foco do executivo tem sido o desenvolvimento de proporcionar o poder de criar comunidades e aproximar o mundo com o recurso do metaverso.

Uma das lideranças destacáveis do setor tecnológico, Leister destaca que a transformação digital dos negócios e o acesso aos serviços on-line trouxeram impactos positivos para a sociedade, mas, consequentemente, surgiram novos desafios urgentes. Hoje, a Meta – empresa que controla o Facebook, Instagram e o WhatsApp, entre outras companhias – conta com cerca de 10 milhões de anunciantes globalmente, o que criou uma relação complexa com empresas dos mais diferentes segmentos e tamanhos.

Antes de se juntar ao Facebook em 2017, o profissional era o presidente regional da empresa de análise e software SAS, e vice-presidente regional de desenvolvimento de negócios da mesma companhia. O executivo é formado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo com MBA da Universidade de Duke, nos Estados Unidos.

Nesta entrevista, ele fala sobre a evolução e uso do metaverso, comentando sobre o potencial de interação e padrões de segurança das marcas e usuários nas redes sociais controladas pela empresa.

Revista LIDE: O metaverso tem atraído e movimentado investimentos milionários por parte das ‘big techs’, fundos globais e empresas de diversos segmentos. Como a Meta tem encarado esse novo momento da transformação digital?

Conrado Leister: O metaverso é a próxima plataforma de computação, uma evolução das tecnologias móveis que revolucionaram o mundo na última década. O foco da Meta, hoje, é de desenvolver essa tecnologia e permitir novas experiências sociais, que serão um conjunto de espaços digitais, incluindo experiências 3D imersivas, todos interconectados para que as pessoas possam se mover livremente entre elas.

Quais investimentos, pesquisas e projetos a empresa já iniciou e avançou tomando como base o conceito?

Somente em 2021, a Meta investiu cerca de US$ 10 bilhões em pesquisas e desenvolvimento de hardware de realidade virtual, assim como software e conteúdo. Temos atuado em diversas frentes e estudos para dar vida ao metaverso - desde o desenvolvimento de um supercomputador que nos ajudará a acelerar pesquisas no campo da inteligência artificial até recursos que tornem a experiência mais fácil e imersiva, como, por exemplo, protótipos de pulseiras e luvas com sensores que permitem interação mais imersiva e natural na plataforma.

Embora o Facebook e demais operações da Meta sejam plataformas globais, como a empresa encara o potencial de adesão das empresas e usuários no Brasil do ponto de vista da geração de conteúdo no multiverso?

O metaverso trará uma infinidade de oportunidades para os negócios. Compradores e vendedores vão se conectar de uma nova maneira com marcas e produtos. Atualmente, as pessoas já podem experimentar algumas das possibilidades trazidas pelo recurso por meio dos filtros de realidade aumentada disponíveis no Facebook e Instagram, que projetam elementos virtuais no mundo real. O Brasil, por exemplo, já tem uma forte comunidade de criadores de filtros de realidade aumentada e está entre os 10 países com o maior número de criadores de filtros ativos do mundo, o que mostra já o potencial local.

Qual será o papel dos influenciadores no metaverso na visão da Meta?

A comunidade de criadores deve desempenhar um papel fundamental na construção do metaverso. É importante reforçar que existem diversos tipos de criadores no metaverso, desde criadores que fazem objetos digitais, os que oferecem serviços e experiências e até aqueles que constroem mundos inteiros como os criadores de jogos fazem hoje em dia. Portanto, eles são parte importante na tarefa de traduzir o mundo real em uma realidade virtual.

Que outros tipos de ações e interações vocês percebem como possíveis por meio das novas tecnologias de interação?

No metaverso, as pessoas poderão receber seus amigos em espaços virtuais para compartilhar momentos juntos e com um grande senso de presença, mesmo que estejam a milhares de quilômetros de distância. Seria possível, por exemplo, garantir um lugar na primeira fila de um show mesmo estando no conforto da sua casa.

Quando abrimos para o universo de marcas, estamos falando da possibilidade de conectar com os consumidores de uma nova maneira, permitindo que as pessoas testem e comprem produtos físicos e digitais de uma maneira ainda mais imersiva. Já temos visto isso acontecer com marcas de moda, acessórios, móveis e cosméticos, que por meio dos filtros de realidade aumentada proporcionam às pessoas uma prévia de seus produtos e permitem que elas experimentem antes de comprar. Com essa tecnologia, as oportunidades serão ainda mais expandidas e imersivas.

Quais os desafios na busca por aplicar soluções que envolvem o chamado ‘Brand Safety’ na rotina das operações, pensando principalmente no futuro do recurso?

A segurança e a privacidade são bases fundamentais para a construção do metaverso. Por isso, conversamos abertamente com legisladores, parceiros da indústria, grupos de direitos civis, governos, ONGs e acadêmicos com bastante antecedência, uma vez que a colaboração será essencial para endereçar esses temas corretamente. Em setembro do ano passado, lançamos um fundo de investimento de US$ 50 milhões para os próximos dois anos para explorar como podemos construir essas tecnologias de maneira responsável.

Também aproveitaremos nossa infraestrutura, investimentos e experiências existentes, como as 40 mil pessoas que trabalham em segurança na Meta, incluindo 15 mil pessoas focadas em revisão de conteúdo, e os mais de US$16 bilhões já investidos em segurança das nossas plataformas desde 2016.

Conrado Leister, da Meta: 'Compradores e vendedores vão se conectar de uma nova maneira com marcas e produtos' Conrado Leister (1)"A comunidade de criadores deve desempenhar um papel fundamental na construção do metaverso". (Foto: Divulgação)

Quais os próximos desafios nesta busca?

Embora tenhamos tolerância zero em relação a conteúdo inapropriado em nossas plataformas, reconhecemos que isso não significa ocorrência zero. É por isso que trabalhamos nesse desafio de forma contínua em toda a empresa, trabalhando com a indústria, recrutando especialistas no assunto e continuando a investir em tecnologia, ferramentas, pessoas e recursos para seguir evoluindo nesse sentido. Nosso objetivo é criar uma comunidade segura e acolhedora para as mais de três bilhões de pessoas que usam as plataformas da Meta em todo o mundo, levando em conta as culturas e perspectivas de cada uma das regiões em que atuamos.

Para além de todos os esforços para a detecção e combate a conteúdos nocivos nas plataformas da Meta, é possível que qualquer marca aplique configurações a toda a sua conta de anúncios e controle suas necessidades específicas, impedindo que sejam exibidos dentro ou junto com conteúdo e publishers que não considerem adequados aos seus objetivos. Nesse sentido, temos trabalhado para aprimorar cada vez mais a disponibilidade de ferramentas como listas de bloqueio, filtros de inventário e outros recursos que deem aos anunciantes maior controle sobre onde seus anúncios podem aparecer.

No radar

A Meta tem agido na apuração e bloqueio de conteúdos prejudiciais no Facebook e no Instagram. Destaque para os números do terceiro para o quarto trimestre de 2021:

Facebook

  • 4 milhões de peças de conteúdo relacionadas a drogas, o que representa um aumento de 2,7 milhões quando comparado ao terceiro trimestre de 2021, graças às melhorias feitas em tecnologias de detecção proativa.
  • 1,5 milhão de peças de conteúdo relacionado a armas de fogo, um aumento de 1,1 milhão no terceiro trimestre.
  • 1,2 bilhão de peças de conteúdo de spam, um aumento de 777,2 milhões quando comparado ao terceiro trimestre, por conta da grande quantidade de conteúdos removidos em dezembro.

Instagram

  • 905.300 peças de conteúdo relacionado a terrorismo, o que representa um aumento de 685.200 peças quando comparado ao terceiro trimestre, por conta da melhorias feitas com o uso de tecnologias de detecção proativa.
  • 195.000 peças de conteúdo relacionado a armas de fogo, representando aumento de 154.400 peças quando comparado ao terceiro trimestre.