Sergi Vizoso, da Basf: 'O agronegócio brasileiro está cada vez mais conectado'

Aplicativos e biociência ajudam a alavancar a produtividade no campo e melhoram tomada de decisão.

BOX 2_ Sergi_2_baixaSergi Vizoso, vice-presidente sênior de Soluções para Agricultura da BASF para a América Latina. (Foto: Divulgação)

A agricultura de precisão compõe um sistema de gestão que leva em conta variações espaciais e temporais de uma propriedade para monitorar atividades agrícolas, por meio da adoção de tecnologias avançadas. Tais tecnologias incluem aplicativos móveis, automação, Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT), análise de dados por meio de algoritmos (Big Data) e geolocalização, com o objetivo de promover benefícios aos produtores com o ganho de eficiência, aumento da produtividade e economia de recursos financeiros.

A adoção de plataformas digitais e tecnologias de gerenciamento vem crescendo cada vez mais no Brasil. Isso é o que explica João Saud, vice-presidente executivo da Asper, empresa provedora de serviços gerenciados de tecnologia. "A transformação tecnológica por parte dos pequenos, médios e grandes produtores permite a identificação de uma série de padrões, ajuda na tomada decisões mais fundamentadas e reduz impactos ambientais. Com base no histórico do clima de uma região, esse tipo de tecnologia pode apontar qual a melhor hora de plantar, ou criar um modelo de gerenciamento, levando em consideração informações sobre o solo, por exemplo. E assim, a infraestrutura digital passa a ser inevitável e fundamental para o amplo desenvolvimento desse setor.”

13.3Aplicativos e biociência ajudam a alavancar a produtividade no campo e melhoram tomada de decisão. (Foto: Divulgação)

Ecossistema

Um estudo recente da Mordor Intelligence revelou que o mercado de agricultura de precisão foi avaliado em mais de US$ 5 bilhões em 2020 e deve dobrar seu valor até 2026, chegando aos US$ 10,5 bilhões em um período de cerca de quatro anos. Mostrando força nesse campo, a Divisão de Soluções para Agricultura da BASF apresenta ao mercado um ecossistema de soluções para o setor agrícola: conecta.ag. A plataforma oferece produtos, serviços e ferramentas, desde soluções financeiras até programas de engajamento, em uma plataforma online de negócios para agricultores, distribuidores e parceiros estratégicos.

A parceria com a Vertem, empresa pioneira no desenvolvimento de ecossistemas de negócios no Brasil tem como objetivo desenvolver a ferramenta para ser um ambiente colaborativo, tecnológico e que está focado em atender de forma simples e inovadora as necessidades do agronegócio. Aproximando distribuidores, agricultores, prestadores de serviços e parceiros para que consigam adicionar valor aos seus negócios, o conecta.ag tem a proposta de facilitar e conectar parcerias para todos crescerem.

JoãoSaudJoão Saud, vice-presidente executivo da Asper. (Foto: Divulgação)

De acordo com Almir Araújo, diretor de Digital, Novos Negócios e Excelência Comercial de Soluções para Agricultura da BASF para a América Latina. “por meio do conecta.ag, distribuidores e revendedores terão uma plataforma para fazer negócios de forma ágil e conveniente. Queremos integrar o on-line e presencial com abordagem agronômica forte e oferecendo as melhores soluções para a safra. Nós trabalhamos com o conceito de plataforma aberta, acreditamos que através da soma de diferentes parceiros estratégicos podemos fazer a diferença para o agricultor e toda cadeia”.

Sergi Vizoso, vice-Presidente Sênior de Soluções para Agricultura da BASF para a América Latina, reforça que o conecta.ag é um importante passo para posicionar ainda mais a empresa como referência em soluções e serviços que apoiem o agricultor.

“O agronegócio brasileiro está cada vez mais conectado e estamos acompanhando de perto esta realidade. Seguimos com o nosso compromisso de oferecer soluções integradas, o que inclui ferramentas e tecnologias digitais que contribuam para o desenvolvimento do mercado agrícola”, finaliza.

Ciência

Tornando os sistemas agropecuários brasileiros mais eficientes do ponto de vista econômico e ambiental, os bioinsumos também estão em ascensão no Brasil. Atuando como biodefensivos, biofertilizantes e bioestimulantes, os produtos permitem ampla atuação em todo o ciclo de produção de uma cultura, desde a preparação do solo até o combate de pragas e doenças. Nos campos de soja, por exemplo, a adoção de biológicos cresceu 40% na área plantada entre as safras de 2015 a 2021.

Micelli (1)Luiz Cláudio Micelli, agrônomo da Agrivalle. (Foto: Divulgação)

Luiz Cláudio Micelli, agrônomo da Agrivalle, explica que o uso desse tipo de insumo possibilita aos produtores ganhos indiretos. “Às vezes, ao trabalhar com biológicos para sanar um problema, identifica-se um reflexo positivo em outro. Um produto para biocontrole de um patógeno, como os nematoides ou as pragas aéreas, pode atuar como fungicida de solo”.

Os produtores também estão conectados às novas tecnologias e buscam práticas sustentáveis, que são diferenciais presentes nos bioinsumos. E o avanço nas formulações, praticidade e segurança no uso tem atraído mais profissionais para manejo desses produtos, pois enxergam vantagens sistêmicas e aumento de produtividade ao incluir este tipo de tecnologia.

O especialista acrescenta que muitas dessas bactérias conseguem produzir hormônios e substâncias que acabam por estimular o aumento da densidade de pelos radiculares, da taxa de aparecimento de raízes secundárias e da superfície radicular, melhorando, assim, a absorção de nutrientes e de água. “Diante dessa reação em cadeia, a planta é beneficiada com maior capacidade produtiva, além de se tornar mais resistente aos desafios ambientais”, pontua.

_MG_4839Os produtores também estão conectados às novas tecnologias. (Foto: Divulgação)

Fomento

O Cubo Itaú, hub de incentivo ao empreendedorismo tecnológico da América Latina, anunciou há pouco tempo o ingresso da Auravant no Cubo Agro. A empresa de origem argentina e atuação global disponibiliza uma ferramenta digital que permite analisar facilmente informações agronômicas para um rendimento mais eficiente e sustentável. A plataforma atende atualmente mais de 66 mil usuários, está disponível em 100 países e monitora 10 milhões de hectares pelo planeta.

O ingresso em um dos maiores ecossistemas de inovação do país foi celebrado pela AgTech, que comemora os resultados de quase um ano de presença física no Brasil, com a atuação de key managers e sales developments liderados pela country manager Auravant, Sabrina Muñoz.

“Nosso foco é a resolução do problema central: permitir que dados disponíveis em diferentes sistemas e dispositivos sejam processados e transformados em insights e recomendações integradas valiosas para a cadeia de valor agroalimentar,” esclarece Sabrina. “Queremos ser o sistema operacional do agronegócio brasileiro,” finaliza.

Com sete anos de atividade, as startups do Cubo Itaú registraram mais de R$ 3 bilhões em aportes e investimentos no ano passado. Lançado há pouco mais de um ano, ao lado da Corteva Agriscience, CNH Industrial, São Martinho, Itaú BBA e Suzano, o hub Agro já registra crescimento de 133%, dado que pode ser compreendido como densidade e profundidade ao reunir empreendedores com expertise necessária, além das corporações em constante inovação, os principais investidores do mercado e talentos dos mais diversos segmentos para atender a alta demanda por conhecimento tecnológico.

Sabrina Muñoz (5)Country manager Auravant, Sabrina Muñoz. (Foto: Divulgação)

Boa safra

Para entender o ecossistema em suas diversas atuações, a Associação Brasileira de Startups, entidade sem fins lucrativos que promove o ecossistema brasileiro de startups, criou o Comitê Agfoodtech, reunindo os principais players do ecossistema de inovação do setor de agfood. A ideia é somar forças com empreendedores para identificar os principais desafios do mercado, bem como traçar estratégias para o crescimento do ecossistema.

Plataforma digital

O Grupo Sinagro, plataforma de distribuição de insumos agrícolas e pecuária do cerrado brasileiro, lançou o Portal do Cliente Sinagro, novo aplicativo e página de internet para a comunicação digital com os seus clientes. O novo canal de comunicação permite ver histórico de pedidos, acompanhar entregas de contratos e visualizar dados financeiros e crédito disponível, por exemplo.

Carlos PeruzziCarlos Peruzzi, diretor de Transformação DigitaL, (Foto: Divulgação)

Segundo Carlos Peruzzi, diretor de Transformação Digital do grupo, o objetivo da iniciativa é “reforçar a comodidade e a transparência das informações para os clientes, oferecendo conteúdo relevante para o produtor”. “Para isso, fizemos uma série de entrevistas em profundidade com os clientes. Eles estão no centro do desenvolvimento desse produto”, afirma.

Plantabilidade

A semente deixou de ser vista como um simples insumo e passou a ser valorizada como matéria-prima fundamental para o alto desempenho da produção de grãos. Para o agricultor alcançar um maior potencial produtivo, a Sementes Batavo, marca da Frísia Cooperativa Agroindustrial, lançou um aplicativo que auxilia no planejamento da safra de soja e trigo, alcançando alta produtividade e sem desperdícios. O app pode ser utilizado por todos os clientes. Um dos principais recursos da plataforma é a “calculadora de plantabilidade”. O cliente fornece informações como a germinação da cultivar e o espaçamento, assim a calculadora entrega a quantidade de sementes a ser usada por hectare, metro quadrado e por metro linear. Se existir remontes na propriedade, também é possível calcular.

Drones

Pioneira na adoção de novas tecnologias digitais aplicadas ao campo, a Raízen está ampliando o monitoramento de suas lavouras com o auxílio de drones, passando dos 14 mil hectares mapeados em 2014, para mais de 600 mil hectares na última safra.

Os dados obtidos são aplicados em diversas etapas do processo produtivo da cana-de-açúcar, desde o plantio, onde os dados de relevo (3 dimensões) são utilizados na elaboração do projeto digital de reforma dos canaviais, permitindo projetar os traçados melhor adaptados à conservação do solo e compatíveis com a recente mecanização das lavouras, até a colheita, onde as linhas da cultura são restituídas utilizando-se das imagens dos drones e utilizadas na colheita com piloto automático, evitando problemas como compactação, pisoteio e falhas.