Joanita Maestri Karoleski, da JBS: 'Nossos projetos fomentam a pesquisa e o desenvolvimento de ingredientes e produtos a partir da biodiversidade'

Companhias mostram a relevância da governança corporativa para o agronegócio, apesar dos desafios na adoção de práticas ESG.

M-Giovana-entrevistaSócia de agronegócio da KPMG, Giovana Araújo. (Foto: Reprodução)

“O agronegócio tem sido uma das principais alavancas de crescimento da economia brasileira, é natural que o interesse por governança corporativa seja crescente”, a análise da sócia de agronegócio da KPMG, Giovana Araújo, ressalta a importância do setor para a retomada do país. Um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e pela KPMG, também mostra que a governança corporativa é valorizada pelas empresas que atuam na agropecuária nacional, revelando que para 85% dos respondentes, a prática é importante ou muito relevante para o seu negócio. Apenas 2% afirmam não enxergar benefícios ou alegam que as vantagens não são claras.

“O estudo mostrou que a governança corporativa adquiriu status de questão prioritária para as empresas desse setor, mas ainda existe margem substancial para avanços. Quanto maior o porte econômico da empresa, mais familiaridade tem com o tema. Entre as que faturam mais de R$ 1 bilhão, 90% afirmaram terem conhecimento das práticas. Quando observamos aquelas que têm faturamento de até R$ 20 milhões, o índice cai para 65%”, explica a sócia de agronegócio da KPMG.

Patentes

Um balanço apresentado pela BASF mostra que, anualmente, a companhia do setor químico investe aproximadamente 900 milhões de euros em pesquisa e desenvolvimento no segmento de Soluções para Agricultura. A atitude realça que as metas claras e mensuráveis da empresa para promover uma agricultura cada vez mais sustentável até 2030 como ajudar os agricultores a reduzirem em 30% as emissões de CO2 por tonelada de cultivo produzido, assim como se compromete a aumentar em até 7% ao ano a oferta de soluções ainda mais sustentáveis. Além disso, a companhia disponibilizará tecnologias digitais para mais de 400 milhões de hectares de terras cultivadas.

Basf-Ademar-De-GeroniAdemar De Geroni Júnior, vice-presidente de Marketing Regional da Divisão de Solução para Agricultura na América Latina da BASF. (Foto: Reprodução)

O compromisso da BASF com práticas em agricultura sustentável e inovação, é reforçado por Ademar De Geroni Júnior, vice-presidente de Marketing Regional da Divisão de Solução para Agricultura na América Latina da BASF. “O Brasil é um dos nossos principais mercados da Divisão de Soluções para Agricultura da BASF. O levantamento do Instituto comprova a nossa busca constante em levar inovação para a produção de alimentos, fibras e energia renovável. A inovação faz parte do nosso DNA. Cada vez mais, estamos oferecendo aos nossos clientes tecnologias ainda mais avançadas e sustentáveis, alinhadas com os nossos compromissos de sustentabilidade globais”, declara De Geroni.

Segundo estudo realizado e divulgado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em seu Radar Tecnológico, a líder mundial no setor químico foi identificada como a maior depositante de patentes relacionadas à agricultura sustentável no Brasil dos últimos 10 anos. O estudo foi conduzido pelo INPI por meio da parceria com a Coordenação do WIPO Green para América Latina e Caribe (LAC), da qual participam Argentina, Brasil e Chile desde 2019. O levantamento analisou pedidos de patente feitos entre 2011 e 2021, e constatou que a BASF detém 272 pedidos no período, sendo o maior número entre todas as depositantes avaliadas.

“No Brasil, temos trabalhado fortemente com um portfólio de produtos e serviços que tem o objetivo de ajudar o agricultor a ser mais competitivo e produzir de maneira mais sustentável. Inclusive reforçamos nosso compromisso de compartilhar conhecimento com a sociedade, por meio da Fundação Espaço ECO, uma consultoria para sustentabilidade do Grupo que utiliza métodos científicos para avaliar o ciclo de vida e medir impactos ambientais, sociais e econômicos para diversas organizações, seus produtos e processos”, finaliza o vice-presidente.

Diversidade

A JBS é outra grande companhia que continua avançando na estratégia ESG, particularmente em seu compromisso de ser Net Zero até 2040. A multinacional do setor alimentos divulgou que o segundo trimestre deste ano foi marcado pelo lançamento da No Carbon, a primeira empresa de aluguel de caminhões 100% elétricos do Brasil, operando uma frota de veículos refrigerados que já atendem as operações da JBS no país. Na frente de economia circular, foi inaugurada a unidade de Mafra, em Santa Catarina, da JBS Biodiesel e teve início as atividades da Campo Forte, empresa de fertilizantes organominerais que utiliza resíduos de produção da Companhia.

Joanita Maestri Karoleski - presidente do Fundo JBS pela AmazôniaJoanita Maestri Karoleski, presidente do Fundo JBS pela Amazônia. (Foto: Reprodução)

O avanço da pecuária sustentável continua sendo uma prioridade fundamental. Junto com a Silvateam, a Companhia realizou o primeiro Fórum Metano na Pecuária no Brasil, em linha com a sua estratégia de promover a redução global das emissões de metano entérico. Ao todo, a JBS investiu R$ 1,5 bilhão em expansão e modernização das nossas unidades produtivas globalmente, e destinou cerca de R$ 450 milhões em iniciativas ESG.

Mais ação

Associação dedicada a fomentar e financiar iniciativas e projetos que visam ao desenvolvimento sustentável do Bioma Amazônico, o Fundo JBS pela Amazônia (FJBSA) selecionou recentemente sete iniciativas que contarão com apoio financeiro para promover ações de preservação da floresta amazônica, melhorar a qualidade de vida das comunidades tradicionais e indígenas e incentivar o desenvolvimento científico e tecnológico do bioma. Ao todo, já são R$ 60 milhões comprometidos em 12 projetos apoiados pelo Fundo em dois anos de funcionamento. As novas iniciativas têm foco em ciência e tecnologia.

As iniciativas selecionadas incluem a promoção de pesquisas científicas e ações que estimulam a bioeconomia, envolvendo cadeias produtivas de culturas como castanha, cupuaçu e cogumelos. É a primeira vez que o Fundo apoia um projeto em terras indígenas com foco em estimular a cadeia da castanha-do-Pará, a produção de artesanato e a formação de uma rede de sementes florestais.

“São projetos que fomentam a pesquisa e o desenvolvimento de ingredientes e produtos a partir da biodiversidade do bioma amazônico, gerando negócios para a região”, destacou Joanita Maestri Karoleski, presidente do Fundo JBS pela Amazônia. “Iniciativas inovadoras que, sem dúvida, trarão grandes contribuições para a cadeia produtiva amazônica e para as comunidades locais”, completou Andrea Azevedo, diretora de Programas e Projetos do FJBSA.

ANDREA-AZEVEDO_FOTO-1-scaledAndrea Azevedo, diretora de Programas e Projetos do FJBSA. (Foto: Reprodução)

Equidade em ação

No que se diz sobre ampliar práticas socioeconômicas, a Bayer, por meio do Conexão Mulheres no Agro, investe desde 2020 em inúmeras iniciativas que colaboram para ampliar a presença feminina dentro e fora da porteira, em busca de uma maior equidade de gênero no setor. Neste ano, o programa contou com 33 ações, entre capacitações técnicas, workshops sobre empreendedorismo, liderança e gestão, dias de campo, que impactaram mais de 2.500 mulheres por todo o Brasil.

“As mulheres que fazem parte do agronegócio estão cada vez mais conquistando espaço e reconhecendo seu protagonismo na área. Para alavancá-las ainda mais neste processo, é importante que empresas do setor apostem em ações voltadas para a capacitação e formação de lideranças femininas”, conta Francila Calica, gerente de relações institucionais da Bayer e uma das líderes do Conexão Mulheres.

Francila ainda afirma que na Bayer eles acreditam na importância da diversidade de pessoas e equidade de gênero como forma de fomentar debates e a pluralidade de ideias. “Em alinhamento com o nosso negócio, temos uma missão coletiva de promover, seja internamente como externamente, iniciativas que visem estimular as mulheres a ocuparem mais espaços neste mercado, a serem mais presentes, usarem suas vozes e reconhecerem seu protagonismo no setor”, reforça.

8 megatendências do agro brasileiro para os próximos anos

Com o propósito de antecipar mudanças sobre o agro brasileiro e preparar os tomadores de decisão, a Embrapa lançará na semana de comemorações dos seus 49 anos, a Visão de Futuro do Agro Brasileiro. A plataforma traz oito megatendências que têm como base os estudos de futuro do Sistema de Inteligência Estratégica da Empresa, elaborados a partir de consultas a mais de 300 especialistas e lideranças do agro brasileiro, consultas a 126 documentos estratégicos e discussões em 37 oficinas técnicas.

As oito projeções apontam um conjunto de desafios para que o agro se mantenha competitivo e sustentável num longo prazo. A primeira é a Sustentabilidade. “Menor pegada de carbono, conservação da água, manutenção dos nutrientes do solo, uso controlado de antimicrobianos e defensivos, valorização dos serviços agro ambientais, redução de perdas e desperdícios e condições adequadas de emprego e renda no campo”, são as principais exigências trazidas nesta megatendência, explica Celso Moretti, presidente da Embrapa. “Sustentabilidade será uma premissa”, complementa.

Conceitos como bioeconomia aliada à economia circular e à economia verde ampliaram seu espaço nas megatendências identificadas pela Embrapa e indicam a necessidade cada vez maior de investimento na produção de insumos biológicos (biofertilizantes e biopesticidas), por exemplo.