Javier Meza, da Coca-Cola: 'Compartilhamos com os consumidores o nosso compromisso em enfrentar os impactos da geração de resíduos'

Reutilização de embalagens e circularidade podem impactar positivamente toda a cadeia de produção.

20200817_5f3acb8e53c7bAlberto Raich, vice-presidente e gerente geral da Kellogg Brasil. (Foto: Reprodução)

No Brasil, cerca de 4% dos resíduos sólidos que poderiam ser reciclados são enviados para esse processo, índice muito abaixo de países de mesma faixa de renda e grau de desenvolvimento econômico, como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, que apresentam média de 16% de reciclagem, segundo indica uma pesquisa da International Solid Waste Association (ISWA).

No entanto, os consumidores possuem um entendimento maior sobre os impactos globais e práticas que são prejudiciais ao meio ambiente. Eles se tornaram mais exigentes, adotando hábitos e comportamentos mais sustentáveis, motivando marcas de bens de consumo a se mobilizarem, e realizarem estratégias que ofereçam embalagens mais sustentáveis ao mercado.

Chão de fábrica

Em seu complexo industrial no Brasil, em São Lourenço do Oeste, Santa Catarina, há anos a Kellogg desenvolve metas para reduzir o volume de resíduos orgânicos gerados até 2030 e, nos próximos três anos, tornar recicláveis, reutilizáveis ou compostáveis todas as embalagens de produtos do seu portfólio.

Já é possível registrar resultados positivos. Atualmente, 50% de todo o volume de resíduos gerados na planta são encaminhados para alimentação animal e outros 17%, reciclados. E a meta é ir além. Até o final da década, a espera é reduzir em 50% a geração de resíduos orgânicos, também está estipulada a redução em 45% da emissão dos gases causadores de efeito estufa e de 30% do consumo de água na unidade brasileira.

“O Brasil é uma região estratégica em todas as ações da Kellogg, principalmente na questão da sustentabilidade. Por isso, todas as nossas caixas e displays são confeccionados com fibra proveniente de fonte de reflorestamento. Além disso, seguimos um plano global que objetiva ainda reduzir emissões de gases de efeito estufa em 45% até 2030 e atingir 100% de energia renovável em todas as suas instalações até 2050”, informa Alberto Raich, vice-presidente e gerente geral da Kellogg Brasil.

463dcdff4788f74e6e8cc76dc31c9dAdriana Amiralian, diretora de Marketing e Trade Marketing da Phisalia. (Foto: Reprodução)

Tudo limpo

A Phisalia, empresa de referência brasileira em produtos de higiene pessoal e cosméticos, também está atenta aos índices. O consequente foco em em sustentabilidade possibilitou a criação da Physalis, primeira linha do mercado nacional de cosméticos com frascos 100% reciclados e recicláveis. Hoje a marca oferece ingredientes veganos e cruelty free, além de outras inovações em prol do meio ambiente.

“Essa proposta diversifica a indústria da beleza e higiene, evidenciando o compromisso de criar uma corrente do bem por meio de produtos de alta qualidade, que gerem impactos positivos ao meio ambiente. Acreditamos que pequenas ações geram grandes reverberações”, diz Adriana Amiralian, diretora de Marketing e Trade Marketing da Phisalia.

Circularidade

Com o objetivo de reduzir o impacto ambiental e promover ações positivas para o compromisso de circularidade da empresa, a Nestlé investirá mais de R$ 8 milhões em projetos de circularidade de embalagens neste ano, objetivando ampliar as parcerias com cooperativas de reciclagem. A multinacional do ramo alimentício, já conta com 97% das embalagens desenhadas destinadas para reciclagem ou reutilização.

Desde 2019, a Nestlé já investiu mais de R$ 15,5 milhões em projetos de circularidade de materiais no Brasil, garantindo mais de 90 mil toneladas de embalagens recicladas. Hoje, a companhia apoia 260 cooperativas de reciclagem no país e trabalha com parceiros estratégicos no setor.

“Nossa meta é promover a circularidade, mais reciclagem, mais cooperativas parceiras garantindo aumento de renda, educação e engajamento. Estamos falando em reciclagem e impacto social positivo para transformar não só a realidade de nosso planeta, mas das pessoas e o ecossistema, contribuindo com cooperativa e catadores autônomos. E, ao longo deste ano, vamos apoiar 8 mil profissionais de reciclagem em todo o Brasil”, diz Cristiani Vieira, gerente de sustentabilidade da Nestlé Brasil.

Nos últimos anos, a empresa também vem trabalhando na renovação de embalagens. A meta é ter o equivalente a 100% de suas embalagens recicláveis ou reutilizáveis até 2025. Nessa trajetória, a Nestlé já recuperou 26% do material de embalagem inserido no mercado - sendo 40% de plástico, nos últimos dois anos. O objetivo está alinhado com os planos da empresa de apoiar e acelerar a transição para um sistema regenerativo, que visa proteger e restaurar o meio ambiente.

Barbara_Sapunar_CTO_NestleCristiani Vieira, gerente de sustentabilidade da Nestlé Brasil. (Foto: Reprodução)

“Como parte da nossa jornada para a regeneração, que propõe repensar todas as operações da companhia e também envolver outros agentes, a Nestlé tem, dentre várias iniciativas, o desenvolvimento de soluções inovadoras, investimentos para ampliação de pontos para reciclagem e compartilhamento de informação para o engajamento dos nossos consumidores para, juntos, podermos praticar atitudes que regeneram”, finaliza Barbara Sapunar, diretora de sustentabilidade, comunicação e branding da Nestlé Brasil.

Liderança

Para estar alinhada à visão por um Mundo Sem Resíduos e estimular de forma significativa o uso de embalagens retornáveis, em fevereiro deste ano, a Coca-Cola Company anunciou a meta global, que estima até 2030, cerca de 25% do seu portfólio comercializado seja produzido com embalagens retornáveis. Como resultado deste empenho, a Coca-Cola América Latina assume a liderança neste compromisso global e comunica que, em 2021, 34% do volume de vendas na região foi de embalagem retornáveis. No Brasil, atualmente, as retornáveis representam cerca de 20% do total de vendas.

Com o intuito de fortalecer essa meta e visando que a América Latina alcance o patamar de 40% no uso de retornáveis nos próximos anos, em conjunto com seus parceiros engarrafadores, a companhia anunciou recentemente o investimento de aproximadamente US$ 500 milhões para aumentar a disponibilidade de embalagens retornáveis nesta região, o que contempla a expansão da oferta em supermercados e em novos canais digitais, como o Na sua casa by Coca-Cola, disponível atualmente no Brasil para consumidores do Rio de Janeiro.

"Compartilhamos com os consumidores o nosso compromisso em enfrentar os impactos da geração de resíduos. É exatamente isso que estamos tentando reforçar ao investir, por meio das nossas marcas, em ações que têm como propósito estimular as pessoas a optarem por embalagens retornáveis, sempre que possível”, explica Javier Meza, SVP de Marketing da Coca-Cola América Latina.

As embalagens representam 30% da pegada de carbono da empresa no total e, ao utilizar menos recursos, as retornáveis estão entre uma das maneiras mais eficazes de reduzir a emissão de gases. Neste contexto, a empresa quer incentivar “retornabilidade” na América Latina, reforçando o impacto positivo na agenda positiva ambiental e no fomento da economia circular, estimulando a extensão do ciclo de vida dos produtos e reduzindo resíduos, sendo também um possível estímulo a novos empregos.

VFKZRJ3HENCI7DTGOFGBQOGATYJavier Meza, SVP de Marketing da Coca-Cola América Latina. (Foto: Reprodução)

Sede de mudança

Líder no mercado de sucos 100% naturais no Brasil, a Natural One se une à Valgroup – uma das maiores produtoras, transformadoras e recicladoras de plástico no mundo – em um compromisso público para o uso de embalagens fabricadas em resina PET PCR (resina pós-consumo reciclada) em todo o portfólio de sucos naturais, tornando-se a primeira do segmento a adotar plástico 100% reciclado em suas garrafas no Brasil. Para implementação do projeto das embalagens recicladas, a foodtech investiu R$ 2,4 milhões em pesquisa, desenvolvimento e ações de marketing, em um projeto que une inovação, tecnologia e sustentabilidade.