Os brasileiros que se destacam internacionalmente por fazerem a diferença em áreas de conhecimento

Apesar do revés em investimento brasileiro em ciência, tecnologia e pesquisa, personalidades nacionais tornam-se exportadoras de conhecimento e ideias.

lab verde e amarelo 4Luiz Octávio Gonçalves Neto, empreendedor e CEO da Dux; e Mariana Silva, CEOe fundadora da Planty Beauty, ambos são destaques entre as lideranças desta edição da Revista LIDE. (Foto: Divulgação)

O Brasil investe R$ 90 bilhões no setor, segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O valor corresponde a pouco mais de 1,2% do PIB. Países desenvolvidos, como Alemanha e Estados Unidos, investem, ao menos, três vezes mais.

Apesar da pouca colaboração governamental, diversos profissionais brasileiros têm se tornado conhecidos por exportar iniciativas inovadoras para outros países. É o caso de Luiz Octávio Gonçalves Neto, empreendedor e CEO da Dux, maior startup de blockchain games da América Latina. Fundada em 2021, em Juiz de Fora (MG), a empresa é focada em Web 3.0, sendo uma das maiores comunidades de criptojogos do mundo, atuando nos segmentos de investimento, pesquisa e educação para blockchain games – criando um ecossistema que facilita a entrada de pessoas no sistema Play-to-Earn.

A Dux atua em frentes de negócio distintas que se conjugam sob um mesmo guarda-chuva institucional: projetos de NFTs (tokens não fungíveis), como para o Festival Internacional de Arte de São Paulo (SP–Arte), o Festival das Artes de Porto Alegre e a prestigiosa Hamptons Fine Art Fair, de Southampton, Nova York (EUA).

Necessidade Mundial

Criada em Catu, cidade no interior da Bahia com cerca de 54 mil habitantes, Mariana Silva, CEO e fundadora da Planty Beauty, sempre teve muita conexão com a natureza. Quando criança sentiu essa ligação mais forte, durante o trajeto que fazia voltando da escola, enquanto observava os movimentos ao redor: a umidade, a névoa e cada planta da paisagem local.

O tempo passou e Mariana continuou curiosa, começou a estudar na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, em Salvador, onde também iniciou a carreira como pesquisadora. Ainda na faculdade, ela conseguiu uma bolsa de estudos na Universidade de Manitoba, em Winnipeg (Canadá). Assim surgiu a Planty Beauty, startup que usa biotecnologia para produzir cosméti- cos mais limpos e naturais.

Com uma história também ligada à sustentabilidade e propósito, Isabela Chusid, CEO e fundadora da Linus, decidiu empreender depois de atuar em multinacionais e sentir falta de trabalhar em um negócio que realmente fizesse a diferença.

Após ser diagnosticada com frouxidão ligamentar nos pés e buscar calçados que atrelasse conforto, atemporalidade e sustentabilidade, já que sempre foi atenta aos impactos negativos da indústria da moda nas relações de trabalho e no ecossistema, e não encontrar nada que aliasse os três pilares, Isabela fundou a Linus, marca de lifestyle sustentável.

O objetivo da marca criadora da primeira sandália de plástico vegana nacional, é facilitar a tomada de decisão de consumo sustentável.No primeiro ano de pandemia, 2020, quando as pessoas começaram a pesquisar calçados confortáveis para usar em casa, o site da Linus cresceu 700%. Em três anos, a marca alcançou até mesmo as passarelas da New York Fashion Week e expandiu para a Europa, por meio de um e-commerce europeu. O trabalho com propósito também rendeu à varejista uma participação no Fórum de Jovens das Américas, evento da Cúpula da Américas, em junho de 2022

O momento é considerado especial para a startup, que acaba de abrir um escritório em Peoria, Estado de Illinois, nos EUA e fechar um contrato com a TadaNow, companhia especializada em controlar cadeias de suprimentos. A empresa brasileira ganhou a representação da norte-americana com exclusividade no Brasil.


A cientista

A microbiologista Natalia Pasternak,tornou-se uma das porta-vozes contra o negacionismo, no período da pandemia. (Foto: Divulgação)


Natalia Pasternak é microbiologista, com PhD e pós-doutorado em Microbiologia, na área de Genética Bacteriana na Universidade de São Paulo. Atua como colunista da Rádio CBN, escreve para a revista The Skeptic e para o site Medscape (WebMD). É atualmente presidente do Instituto Questão de Ciência, o primeiro instituto brasileiro para a promoção do ceticismo e do pensamento racional, e de políticas públicas baseadas em evidências.

É a primeira brasileira a integrar o Comitê para a Investigação Cética, nos EUA (CSI, na sigla em inglês), em reconhecimento ao seu excelente trabalho na promoção da ciência, ceticismo e pensamento crítico. Em 2020, e novamente em 2021, a pesquisadora foi escolhida Brasileira do Ano na categoria Ciência pela revista IstoÉ.

Foi reconhecida como Personalidade do Ano pelo Grupo de Diários América (GDA), e recebeu o Prêmio Ockham da revista The Skeptic, pela promoção do ceticismo e pensamento racional no Brasil.Natalia escreveu dois livros de popularização da ciência: “Ciência no cotidiano”, vencedor do Prêmio Jabuti como melhor livro sobre ciência em 2021, e “Contra a realidade: A negação da ciência, suas causas e consequências”. Natalia foi a única brasileira listada pela BBC como uma das 100 mulheres mais influentes de 2021, e é pesquisadora sênior adjunta na Universidade de Columbia, no Centro para Ciência e Sociedade.

 

Money

Rodrigo Rotondo (Divulgação)Rodrigo Rotondo é o CEO da Manusis4, startup de tecnologia especializada em gestão de ativos. (Foto: Divulgação)

No mercado financeiro, o destaque é para Mario Casale Neto, entusiasta da transformação da sociedade pela liderança de grupos organizados. Sua empresa, a Casale, é referência em tecnologia para pecuária bovina na América Latina. A companhia abastece o mercado com equipamentos de alta tecnologia, de vários modelos e tamanhos, além de exportar para os países como Argentina, Paraguai, Bolívia, Uruguai e Cuba. Atualmente, a empresa lidera o mercado nacional de misturadores e a meta é ampliar a internacionalização.

Outro brasileiro que tem levado conhecimento para outros países é Rodrigo Rotondo, o CEO da Manusis4, startup de tecnologia especializada em gestão de ativos. O executivo é engenheiro mecânico, com mais de 20 anos de experiência no chão de fábrica e pós-graduado pela ESADE – Espanha – em Gestão Empresarial, Gestão Industrial pelo INPG – Brasil e profissional CMRP, certificado pela SMRP (Society of Maintenance and Reliability Pro- fessionals) desde 2013.

Inovação

Lab verde e amarelo 3Da esquerda para direita: Isabela Chusid,CEO e fundadorada Linus; Carlos Netto,CEO da Matera; Mario Casale Neto,entusiasta e fundador da Casale; Rodrigo Soeiro Ubaldo, que é atualmente o CEO eco-Founder da MONNOS. (Foto: Divulgação/Revista LIDE)


Tratando-se de pioneirismo, está o nome de Rodrigo Soeiro Ubaldo, que é atualmente o CEO e co-Founder da MONNOS, primeiro cryptobank brasileira, com presença no mercado cripto – em B2C como B2B – que está em mais de 118 países e conta com mais de 150 mil usuários.

Ubaldo também co-fundou e presidiu a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) pelos primeiros dois anos dedicando parte de seu tempo para a comunidade.

Ainda na vanguarda, Carlos Netto, CEO da Matera, é um dos idealizadores do Pix no Brasil e atuou junto ao Banco Central no desenvolvimento

do sistema financeiro. Recentemente, anunciou que atingiu a marca de 55 milhões de contas transacionais processadas por sua plataforma. Esse resultado representa o crescimento da inclusão financeira impulsionado pelo Pix e a pulverização dos serviços financeiros.

Atualmente, o executivo lidera as evoluções da tecnologia das soluções ofertadas pela Matera, além da expansão global com foco nos Estados Uni- dos. A companhia começa sua jornada na América do Norte por meio do FedNow, serviço de pagamentos instantâneos do FED, similar ao brasileiro Pix. Programado para ser lançado em 2023, o ‘Pix dos EUA’ abriu em março deste ano um espaço com várias empresas que podem prover de pagamentos instantâneos aos bancos norte-americanos. E a empresa conseguiu conquistar esse espaço. <