Octavio de Lazari Junior: Brasil possui portfólio de produtos e empresas com boa imagem no comércio exterior
Lideranças de grandes companhias, empresários e executivos apostam suas fichas na retomada econômica e melhora no aspecto social brasileiro, para ainda nesta década.
Para Octavio de Lazari Junior, presidente do Bradesco, setores como o da indústria terão papel de protagonismo no processo de reestruturação. (Foto: Divulgação)
Além de ajudar a melhorar a imagem do Brasil no exterior, grandes companhias, empresários e executivos investem e apostam suas fichas na nossa retomada ainda nesta década, mas sempre observando cenários desafiadores que não se resumem apenas a questões políticas internas ou ideológicas. Vittorio Danesi, CEO da Simpress, enfatiza que o Brasil precisa encontrar seu espaço no novo contexto econômico global.
“Devemos resgatar o diálogo comercial e buscar relevância, por motivos óbvios, junto aos maiores mercados consumidores. Urge revisitar nossa postura diplomática para que possamos manter nossa posição histórica de um país que tem capacidade de interagir e fazer negócios com os mais diversos modelos econômicos e políticos do mundo. Cabe a diplomacia propiciar o melhor ambiente possível para a relação comercial entre o Brasil e as principais economias globais. Só assim é possível gerar riqueza para nossa população”, constata.
Para Octavio de Lazari Junior, presidente do Bradesco, há muitos anos, a narrativa é a de que o Brasil tem capacidade de crescimento de 2% do PIB, uma taxa muito aquém de nossas necessidades.
“Há milhões de desempregados e muitos problemas sociais a resolver. É hora de quebrar esse ciclo. Do ponto de vista das oportunidades, entendo que o Brasil tem muito potencial no comércio exterior. Construímos, a partir das crises do balanço de pagamentos de décadas passadas, uma vocação de grandes exportadores. Hoje, o país é um dos principais fornecedores de commodities e de alimentos para o mundo. A conjuntura me parece favorável para aumentar a complexidade e o valor agregado da nossa pauta com a diversificação da balança comercial. Já temos uma boa exposição no agronegócio. Mas é preciso olhar para a importância da indústria brasileira nos demais setores. Há muito potencial no nosso comércio exterior, pois temos empresários experientes, financiamento robusto e produtos com boa imagem internacional”, analisa.
Marco Stefanini, CEO Global do Grupo Stefanini, também vê como grande oportunidade para o Brasil o investimento em soluções para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. “É preciso implementar modelos capazes de melhorar a qualidade de vida das pessoas e, ao mesmo tempo, preservar a floresta. Além disso, acredito que nossas commodities serão cada vez mais valorizadas com a utilização de tecnologia. A tendência é intensificar a utilização de IoT no campo para levantar e analisar dados que poderão auxiliar o produtor na tomada de decisões estratégicas”, sugere.
Liderar e capacitar
Empoderamento e acesso fácil à tecnologia, traçam caminho para o desenvolvimento, de acordo com Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil. (Foto: Divulgação)
Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, afirma que para o país viver uma recuperação econômica sustentável e inclusiva será fundamental expandirmos o acesso às habilidades digitais à população, para que os brasileiros possam preencher as novas oportunidades de empregos que já temos disponíveis e ainda devem surgir.
“Acredito que os setores privado e público devem caminhar juntos para realizar ações que impactem positivamente o país. O meu papel é exercer a missão da Microsoft de empoderar cada pessoa e cada organização do planeta. Estamos vivenciando um momento delicado da história e queremos usar a tecnologia como uma ferramenta de inclusão para apoiar a sociedade a solucionar as mais diferentes questões que surgirem”, pondera.
Tonny Martins, gerente geral da IBM América Latina, diz que existem quatro elementos que aparecem como prioridade da liderança para lidar com o momento atual e como responsáveis por posicionar as organizações para ter sucesso no futuro: meio ambiente, inclusão, saúde e educação. “Essas questões não devem ser temas isolados, devem formar parte da estratégia corporativa das empresas e nós como líderes devemos garantir que de fato façam parte, para contribuir com o avanço da sociedade e do país. Temos recursos, ferramentas e plataformas, mas todo esse potencial só poderá ser explorado se tivermos profissionais preparados. A grande maioria dos executivos relata ainda a falta de habilidades como um desafio, o que precisa ser endereçado para que possamos alcançar os avanços que queremos como pessoas e empresas, seja no Brasil na região ou no mundo”, destaca.
O CEO da Accenture América Latina, Leonardo Framil, destaca a transformação digital como oportunidade de superar determinados gaps. (Foto: Divulgação)
Na mesma direção, Leonardo Framil, CEO da Accenture América Latina, analisa que o atual cenário de transformação digital abre uma enorme oportunidade para as empresas repensarem a sua estratégia de negócio e criarem novas proposições de valor, mas isso tem de ser feito de forma ágil e centrado na experiência do consumidor, já que todo o negócio vai ser um negócio de experiência usando da criatividade humana e da tecnologia para encantar seus clientes, força de trabalho, parceiros e sociedade em geral.
“O grande gargalo desse processo é e continuará sendo o talento disponível. Nós estimamos que o setor de TI tem um déficit atual de mais de 200 mil profissionais e, até 2024, esse número pode mais do que dobrar se nada diferente for feito. E não é só sobre quantidade, pois a qualidade esperada também é diferente, uma vez que requer novos skills e formas de trabalho tornando o desafio ainda mais complexo”, detalha.