Erica Lima, da Frísia: Planejamento estratégico visa o centenário e a consolidação de ecossistema agro

Agronegócio mostra-se em uma nova trajetória de desempenho sustentável e focada na inovação.

Erica LimaErica Lima, da Frísia. (Foto: Divulgação)

O Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária está projetado em R$ 1,358 trilhão para este ano, uma salto de 2,2% frente a 2021, conforme estimativa realizada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A projeção mais recente foi feita com dados até setembro de 2022 para as estimativas agrícolas e pecuárias, e também para os preços. Na pecuária, por exemplo, a expectativa de crescimento é de 5,4% na produção de carne bovina em 2022, frente à 2021, produção de 10,15 milhões de toneladas e projeção de aumento em 1% do VBP.

Para a safra 2022/23, a produção brasileira de grãos deve atingir 312,4 milhões de toneladas. Se confirmado, o volume supera em 41,5 milhões de toneladas o recorde obtido na temporada recentemente finalizada, quando foram colhidos 270,9 milhões da mesma quantidade, segundo aponta o 1º Levantamento da Safra de Grãos 2022/23, divulgado recentemente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

De acordo com o documento, a área destinada para o plantio apresenta um crescimento de 2,9% em relação ao ciclo 2021/22, sendo estimada em 76,6 milhões de hectares. “Vale ressaltar que no Brasil, considerando a sua vasta extensão territorial, há o cultivo de três safras em períodos distintos. Assim, para todas as culturas são utilizados, aproximadamente, 52,6 milhões de hectares”, reforça o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro.

voz_do_brasil_conab_abr_vac_2508220388Presidente da Conab, Guilherme Ribeiro. (Foto: Divulgação)

Dentre os produtos, a soja e o milho destacam-se e devem registrar produção de 279,3 milhões de toneladas. No caso da soja, os agricultores brasileiros devem destinar uma área de 42,89 milhões de hectares, crescimento de 3,4% se comparada com a safra passada. A semeadura do grão ocorre dentro da janela nos principais estados produtores e chega a 4,6% da área, com o maior índice registrado no Paraná (9%), seguido de Mato Grosso (8,9%) e de Mato Grosso do Sul (6%). Com o avanço da área, a estimativa da Conab para a produção da oleaginosa é de 152,4 milhões de toneladas.

Proteína

O Brasil é um dos grandes players globais nos setores de suinocultura e avicultura, e os empreendedores da agroindústria investiram muito nas últimas décadas para que tanto as aves quanto os suínos brasileiros fossem valorizados em outros países. A aposta em inovação trouxe melhorias que incluem a evolução no peso médio dos animais e avanços zootécnicos.

Henrique BragaLíder de negócios na Cargill, Henrique Braga. (Foto: Divulgação)

Por meio da marca Nutron, a Cargill tem atuado ao lado dos produtores para que esses índices continuem avançando. No caso da avicultura, o líder de negócios para este mercado na Cargill, Henrique Braga, destaca esse voto de confiança como reflexo da inovação que o investidor tem feito.

“O avicultor brasileiro vem conseguindo unir tradição e tecnologia para que a produção atinja números inéditos ao mesmo tempo em que se cuida da sustentabilidade dos negócios, se pensa muito no futuro, mas com gestão no presente”, destaca o zootecnista com mestrado em Nutrição de Monogástricos.

Entre os suinocultores, a inovação também tem sido uma palavra-chave neste ano. João Fausto, líder comercial de Suínos na Cargill, analisa como o Brasil está conectado com outras nações, algo que traz oportunidades e desafios.

“Em um mundo globalizado, mudanças em um mercado-chave como a China ou Europa impactam de diferentes formas. A boa notícia é que o produtor está cada vez mais conectado e busca soluções inovadoras para esses novos desafios”, comenta.

Investimento

A JBS, líder global em alimentos à base de proteína, escolheu a cidade de Florianópolis (SC) para sediar o JBS Biotech Innovation Center, centro de pesquisas voltado para a área de alimentos. De início, o local terá como foco o desenvolvimento de tecnologia própria para a produção de proteínas cultivadas, visando tornar mais eficiente, escalável e financeiramente competitivo o seu processo produtivo.

O investimento na capital catarinense é estimado em US$ 60 milhões nos próximos quatro anos para a implantação do Centro de Pesquisas e o desenvolvimento de tecnologias para a produção de proteínas alternativas. Nesse primeiro momento, a companhia concentrará esforços na construção de instalações especializadas para o desenvolvimento de tecnologia 100% nacional para a produção de proteína cultivada e da planta piloto, bem como na aquisição dos insumos necessários para a realização das pesquisas.

Eduardo Noronha_Cred. Paulo VitaleEduardo Noronha, Head de Inovação e Excelência Operacional da JBS. (Foto: Divulgação)

O centro de pesquisas será instalado em um terreno de 40 mil metros quadrados, compondo um complexo que ocupará uma quadra de quatro lotes margeados por um pequeno lago artificial, em posição privilegiada no parque tecnológico Sapiens Parque. Nesse primeiro momento, as instalações irão ocupar uma área inicial de 10 mil metros, com possibilidade de expansão para futuros projetos da JBS.

“Esse já é o maior investimento de uma empresa brasileira no setor de proteína cultivada e reforça nossa estratégia de inovação para atender à crescente demanda por alimentos, resultado do crescimento da população global. O JBS Biotech Innovation Center coloca a empresa em uma posição única para liderar este segmento”, destaca Eduardo Noronha, Head de Inovação e Excelência Operacional da JBS.

O investimento no Centro de PD&I consolida o movimento iniciado pela companhia em novembro de 2021, com a aquisição do controle da empresa BioTech Foods, empresa espanhola e uma das líderes no desenvolvimento de biotecnologia para a produção de proteína cultivada e conta com apoio e financiamento do governo espanhol e da União Europeia.

Compromissos

A Bunge anunciou que superou suas metas relacionadas ao seu compromisso de não desmatamento para rastreabilidade e monitoramento das lavouras de soja de sua cadeia de suprimentos indireta no Cerrado brasileiro. Por meio do programa Parceria Sustentável Bunge, a empresa segue monitorando 64% dos volumes indiretos nas regiões prioritárias, superando a meta de 50% estabelecida para 2022. No Relatório Global de Sustentabilidade, a companhia destaca esse feito, com o objetivo de alcançar cadeias produtivas livres de desmatamento em 2025, sendo essa parte central da estratégia e do planejamento de negócios - elemento crucial para suas metas de clima e redução de emissões. O programa é também uma das muitas ações que permitiram à multinacional alcançar mais de 95% da cadeia produtiva de soja livre de desmatamento nas regiões prioritárias do Brasil.

“Para a Bunge e toda a cadeia de suprimentos agrícola e alimentar, alcançar um progresso real no não desmatamento significa alcançar novos patamares na implementação de nossa abordagem e tecnologia. O progresso que fizemos no ano passado é uma prova de nossos esforços de colaboração com agricultores e clientes, e é uma evidência do impacto contínuo que podemos proporcionar”, disse Greg Heckman, CEO global da Bunge.

“Nossa estratégia de negócios é construída em torno da crescente necessidade de nossos clientes e parceiros de fornecer soluções de baixo carbono para o mundo. A Bunge continua em uma posição sólida para ser uma líder em sustentabilidade e conectora global para um amanhã melhor”, disse Rob Coviello, vice-presidente Global de Sustentabilidade e Assuntos Governamentais da Bunge.

CEO Caterpillar Brasil anunciou em setembro Carlos Alexandre Medeiros de Oliveira como novo presidente da empresa. (Foto: Divulgação)

C-level em destaque

A Caterpillar Brasil anunciou em setembro Carlos Alexandre Medeiros de Oliveira como novo presidente da empresa, substituindo Odair Renosto, que se aposentou após 42 anos de trabalho e estava à frente da empresa desde junho de 2014. Medeiros de Oliveira liderará as fábricas da Caterpillar de Piracicaba, em São Paulo, e Campo Largo, no Paraná.

As unidades fabricam equipamentos de construção variados, incluindo motoniveladoras, carregadeiras, escavadeiras e retroescavadeiras, tratores de esteiras e compactadores. O executivo também assume a responsabilidade de “country manager” da Corporação no Brasil, desempenhando um papel relevante no relacionamento governamental em apoio à estratégia da companhia para todas as suas unidades de negócios que, além dos segmentos de construção e mineração, fornece máquinas, tecnologias e serviços para os setores de geração de energia e transporte, óleo e gás, agronegócio, ferroviário, entre outros.

Mauricio Crivelin_Kinsol (2)Maurício Crivelin, CEO e fundador da Kinsol. (Foto: Divulgação)

Sol a sol

De acordo com a Absolar, o Brasil conta com mais de 64 mil sistemas de energia solar rural instalados, totalizando mais de 1,2 gigawatt (GW) de potência instalada. O segmento rural é o terceiro com maior número de conexões e potência instalada, depois das instalações de energia solar fotovoltaica residencial e comercial. Desde 2012, já foram investidos cerca de R$ 3,4 bilhões em energia solar no agronegócio; e, hoje em dia, o setor rural responde por 13,1% de toda a potência solar distribuída instalada no país.

"Assim como a maior parte das atividades econômicas no mundo, o agronegócio depende, em grande parte, da energia elétrica. Quando pensamos em atividades no campo, imaginamos atividades grandes e intensas, que acabam resultando em um alto custo energético para os agricultores" explica Maurício Crivelin, CEO e fundador da Kinsol.

Cooperados

Há seis anos no Tocantins, a Frísia anunciou crescimento em números de cooperados, áreas de atuação e unidades no Estado. O resultado se deve à aplicação do “Planejamento Estratégico Rumo aos 100 anos”, que conduz as ações da cooperativa visando gerar maior rentabilidade aos cooperados. Na safra 22/23, a cooperativa estima uma área total de 50 mil hectares, sendo 35 mil de soja e 15 mil da safrinha de milho - em 2016, ano da chegada, eram menos de 4 mil hectares de área total.

Erica Lima é coordenadora Comercial da Frísia e quem acompanhou a instalação do primeiro entreposto da cooperativa em Paraíso do Tocantins. O município está distante cerca de 60 km da capital Palmas, e conta com ampla estrutura de recebimento de grãos, além de um campo demonstrativo experimental - com o apoio da Fundação ABC. Somado ao entreposto, que tem capacidade atual de 42 mil toneladas de armazenamento, haverá até o fim de setembro a inauguração da primeira loja agropecuária da Frísia no Estado.

“Vamos inaugurar uma loja agropecuária, o que dará tranquilidade ao cooperado para o atendimento das suas necessidades, e promoverá todo o suporte técnico e comercial para auxiliá-lo a crescer e continuar se consolidando”, destaca Lima.

Agropecuária na COP27

O setor agropecuário e governo brasileiros estão em busca de unificar os discursos a serem apresentados durante a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), que ocorrerá entre os dias 6 e 18 de novembro no Egito. Durante o evento, os países participantes apresentarão ações e posicionamentos com relação ao Acordo de Paris e seu objetivo de frear ameaças decorrentes das mudanças climáticas. Segundo a CNA, a COP27 ocorre no momento de “particular relevância” para a implementação do Acordo de Paris, em meio aos impactos gerados pela pandemia e pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia – situações que afetaram, em especial, as seguranças alimentar e energética do continente europeu.