Magalu, Volkswagen, Multiplan são protagonistas na retomada do crescimento no Rio de Janeiro

Estado do Rio vive momento de boas notícias, com destaque para a geração de novas vagas de emprego e o investimento por grandes empresas .

Fred-TrajanoCEO do Magalu, Frederico Trajano. (Foto: Reprodução)
 
O Rio de Janeiro ficou em 3° lugar no ranking nacional de geração de empregos formais em maio, com 17.610 postos de trabalho, quarto resultado positivo seguido e o melhor desempenho desde novembro, de acordo com a Plataforma Retratos Regionais, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Com esse resultado, no acumulado de 2021, já foram abertas quase 50 mil vagas no estado do Rio, sendo que o maior volume está no setor de serviços. 
“A partir do processo de recuperação gradual do emprego, entre agosto de 2020 e maio de 2021 houve a abertura de 116.989 vagas. Em outras palavras, isso indica que 6 em cada 10 postos de trabalho com carteira assinada fechados nos primeiros meses da pandemia já foram reabertos no estado”, ressalta Jonathas Goulart, gerente de Estudos Econômicos da Firjan.
O Magalu, maior plataforma para comprar e vender do país, chegou ao mercado do Rio de Janeiro na primeira semana de julho, o segundo maior do varejo brasileiro. Serão abertas pelo menos 50 lojas físicas até do final deste ano, integradas ao ecossistema da companhia, composto ainda por site, SuperApp e um marketplace com quase 50 mil sellers, o deve render perto de 3 mil novas contratações. “Nossa entrada no Rio é como o desembarque da Normandia”, diz o CEO da companhia, Frederico Trajano. “Estamos chegando com força total e com todo o nosso ecossistema numa fronteira fundamental para o varejo”.

Na pista

Mais um símbolo do atual dinamismo econômico das corporações presentes no estado do Rio é a fábrica da Volkswagen Caminhões e Ônibus, localizada na cidade de Resende, no sul fluminense. Ao comemorar seus 40 anos, a montadora acaba de dar início à produção em série do caminhão elétrico e-Delivery, único 100% concebido, desenvolvido, testado e aprovado em território brasileiro.
 
VW01-768x458Roberto Cortes, presidente e CEO da VW Caminhões e Ônibus. (Foto: Reprodução)
 
Com isso, a fábrica da se torna a primeira do país com montagem em larga escala de veículos com tecnologia zero emissões. O primeiro modelo, um e-Delivery 11 toneladas 4x2, vai compor a frota da própria montadora.
“Criamos um processo sob medida para assegurar uma grande estrutura elétrica de forma eficiente. Vamos produzir os veículos aproveitando ao máximo os recursos já existentes, com um alto nível de sinergia, ao mesmo tempo que garantimos a inovação que o cliente espera e que o produto exige. Todo esse avanço é acompanhando por um amplo trabalho de preparação da cadeia com os envolvidos para viabilizar a mobilidade elétrica no país”, afirma Roberto Cortes, presidente e CEO da VW Caminhões e Ônibus.
A VWCO investiu cerca de R$ 150 milhões no desenvolvimento e complexo produtivo do e-Delivery. A empresa construiu uma nova área dedicada exclusivamente à eletrificação: o e-Shop. O centro mundial de pesquisa e desenvolvimento da marca também passa a abrigar a maior infraestrutura de carregadores de alta potência do Brasil, com diferentes modelos, para dar apoio à toda essa inovação. Todos os colaboradores da empresa receberam uma capacitação específica para atuarem nesse novo cenário.
“Estamos investindo continuamente em nossa fábrica de Resende. Há menos de um ano inauguramos no mesmo complexo, uma nova linha de montagem de caminhões extrapesados e contratamos mais de 500 profissionais. Há 25 anos escolhemos o estado do Rio e estamos 100% seguros que tomamos a decisão mais acertada”, enfatiza Cortes.

Compra e venda

O mercado imobiliário tem sido um protagonista econômico em todo o Brasil apesar da pandemia de Covid-19, com construtoras mantendo lançamentos e o surgimento de novas oportunidades devido às mudanças de comportamento do consumidor.
 
Com um dos metros quadrados mais caros do país, segundo análise do Centro de Pesquisas e Análise da Informação do Secovi Rio (Cepai), de janeiro a março de 2021, foram totalizadas 9.645 transações residenciais no município, contra 6.984 registradas no mesmo período de 2020. O número contabilizado no primeiro trimestre de 2021 só perde para o apurado no início de 2013, quando a cidade registrou 10.450 transações no mesmo segmento.
 
De acordo com o Secovi Rio, com relação aos imóveis comerciais, o total registrado no primeiro trimestre deste ano foi de 1.268 transações imobiliárias, contra 1.176 apuradas no mesmo período de 2020. Isso mostra que a procura por salas e lojas também está começando a dar sinais de recuperação na cidade.
 
Eduardo Zylberstajn, coordenador do FipeZAPEduardo Zylberstajn, coordenador do FipeZAP. (Foto: Reprodução)
 
Eduardo Zylberstajn, coordenador do FipeZAP, lembra que o estado viveu uma crise econômica e social ainda mais aguda que o resto do país na última década. “Ao mesmo tempo que o cenário foi desafiador, é possível imaginar que a recuperação pode vir com um bom dinamismo, já que durante anos a oferta de novos imóveis ficou bastante reduzida”, diz.
 
Criada em 2010, a RioException é uma consultoria imobiliária que atende a uma clientela nacional e internacional que busca, na capital fluminense e em todo o estado, por um imóvel excepcional em termos de localização, decoração e arquitetura. Um dos fundadores da empresa, o francês Benjamin Cano Planes, esclarece que os preços dos imóveis ficaram mais razoáveis por conta da crise sanitária, o que mudou o mercado imobiliário carioca.
“Estamos com uma oferta e demanda muito importante, além disso, as pessoas passaram a procurar imóveis no interior ou em outros pontos do litoral como Búzios, Paraty, Petrópolis e Teresópolis”, indica o empresário.

Varejo

Previsto para ser inaugurado em novembro deste ano, o ParkJacarepaguá, novo shopping do Grupo Multiplan no estado, irá gerar mais de 4 mil empregos e melhorias viárias na região. Vander Giordano, vice-presidente da companhia, ressalta que este é o 20º empreendimento da Multiplan em todo o país e terá as premissas do shopping do futuro, trazendo mais comodidade, facilidades e benefícios a clientes, consumidores, lojistas e parceiros. 
 
Vander GiordanoVander Giordano, vice-presidente do Grupo Multiplan. (Foto: Reprodução)
 
O ParkJacarepaguá terá mais de 240 lojas, supermercado, centro de eventos multiuso, a maior arena permanente de patinação no gelo do Rio de Janeiro, salas de cinema stadium, um parque de diversões Hotzone, diferentes opções gastronômicas, dois parques externos e deck descoberto - com opções de entretenimento para toda a família.
“O shopping será inaugurado também como o mais sustentável da Companhia, com diferentes iniciativas implantadas desde sua concepção, entre elas reuso de água, uma estação de tratamento de esgoto própria e um dos maiores parques solares urbanos da América Latina, com quase 3 mil painéis de células fotovoltaicas instalados em todo seu telhado para geração própria de energia solar, proporcionando maior eficiência operacional e os melhores padrões ambientais”, evidencia o executivo.
A chegada do ParkJacarepaguá vai beneficiar os 800 mil habitantes da área com obras para melhorar o trânsito do bairro. Serão mais de 10 melhorias viárias na região, todas de acordo com projeto aprovado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, somando mais de R$ 25 milhões de investimento do shopping. 

Outras praias

O Rio de Janeiro sempre teve um grande potencial em todos os segmentos do franchising, sendo o segundo estado brasileiro em unidades de franquias, ficando atrás somente de São Paulo, com cerca de 14.800 lojas em operação. Beto Filho, presidente da Associação Brasileira de Franchising do Rio de Janeiro (ABF Rio), avalia que no Rio existe uma tendência de continuidade do crescimento dos segmentos que começaram o ano com o desempenho positivo no faturamento, como é o caso da alimentação e de casa e construção.
“O primeiro, com quase 40% de aumento, foi puxado pelo desempenho dos empórios, mercados e lojas de conveniência por meio do delivery. Já casa e construção teve um acréscimo de 7,5% devido aos juros baixos e à maior permanência das pessoas em casa, que passaram a fazer pequenas obras, a valorizar mais o conforto e o lazer”, aponta.

Lição de casa

Entre os principais desafios do Rio, a falta de infraestrutura e questões fiscais ainda causam problemas no desenvolvimento local. Com a proposta de amenizar esse gargalo, o governador do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, anunciou investimento de R$ 3 a 7 bilhões em infraestrutura.
“A indústria tem um papel fundamental na retomada do desenvolvimento do estado do Rio, e por isso, 100% do dinheiro da concessão da Cedae será investido em melhores condições de competividade para atrair novas empresas e também manter as já instaladas gerando empregos”, prometeu.
Bruno Mansur, especialista da Valor Investimentos, empresa com R$ 6,5 bilhões sob gestão, constata que o grande desafio que o Rio de Janeiro enfrenta hoje é realmente o fiscal. “Já vínhamos numa decrescente e por conta da pandemia isso piorou drasticamente em termos de arrecadação. Temos de reaquecer nossa indústria e isso pode ser feito por meio de alguns incentivos específicos, existem áreas que são nossa vocação como a indústria farmacêutica e a indústria do petróleo”, argumenta.
 
Já o professor Istvan Kasznar, da FGV EBAPE, pondera que eventuais ajustes precisam estar associados com a organização de um clima de negócios propício, a entrega de energia a preços competitivos, similar ao mínimo dos estados concorrentes, a criação de facilidades para abrir negócios e a redução drásticas de alíquotas e impostos sobre aqueles investimentos reais que estão associados ao desenvolvimento de novos produtos.
“É preciso melhorarmos a qualificação dos empresários, buscarmos a moralização da atividade pública e privada e, com maior produtividade e competitividade, termos a possibilidade de gerar pluralismo econômico”, opina.