Clarissa Sadock: 'Crescimento ocorre por meio de produtos customizados, além de oportunidades de aquisição de ativos'
AES Brasil materializada estratégia de crescimento apoiada no desenvolvimento de novos ativos.
Clarissa Sadock, CEO da AES Brasil. (Foto: Divulgação)
No cenário de avanço vigoroso da geração de energia limpa e da competição no país, a AES Brasil mantém trajetória de crescimento contínuo. Algumas conquistas recentes simbolizam o êxito da estratégia da empresa, como a assinatura de 50 MW médios em dois novos PPAs, no portfólio hídrico, com suprimento de 10 anos de energia convencional Sudeste, com início a partir de 2025.
Além disso, a AES Brasil foi vencedora do processo competitivo da Unidade Produtiva Isolada Cordilheira dos Ventos, um pipeline eólico que possibilita à companhia adicionar até 305 MW de capacidade no Complexo Eólico Cajuína, uma vez cumprida todas as condições precedentes para o fechamento da transação.
Com o propósito de oferecer soluções resilientes, competitivas e responsáveis, tornando-se a primeira opção dos clientes no Mercado Livre de Energia, a empresa intensificou a atuação no segmento de pequenos e médios clientes, tornando-se uma das maiores comercializadoras varejistas do mercado. No primeiro trimestre, a companhia negociou 6,2 MWm, volume que supera a venda de todo o ano de 2021. Desde a criação em 2019, o braço de varejo da AES Brasil fechou contratos com 45 clientes, totalizando 38,3 MWm comercializados.
“Seguimos nosso ritmo acelerado de crescimento, buscando ativamente oportunidades no mercado com bons retornos. O crescimento ocorre por meio de produtos customizados para clientes de grande e médio portes, além de oportunidades de aquisição de ativos onde geramos sinergias e melhorias operacionais”, afirma Clarissa Sadock, CEO da AES Brasil.
Mundo verde S/A
A executiva destaca que a energia renovável é uma realidade, sendo mais competitiva, onde os clientes conseguem ao mesmo tempo descarbonizar e, também, reduzir seus custos de produção.
“É muito interessante ver a evolução do mercado, tanto em termos tecnológicos quanto em termos de maturidade. Um aerogerador, há uns 5 anos, tinha uma potência de 2 MW e hoje passa de 6 MW. Isso faz com que a captura do vento seja muito mais efetiva reduzindo custos e impactos. Pelo lado da maturidade do cliente, vemos uma avaliação muito mais criteriosa do que anos atrás. Os clientes querem entender toda a cadeia de produção de um novo parque e também como estamos lidando com as comunidades onde estamos construindo. Eles têm hoje uma análise ESG muito mais completa”, detalha.
Para o período de 2022 a 2026, a empresa prevê investimento de R$ 3,8 bilhões, destinados à expansão dos projetos já contratados e com plano de construção definido, com destaque para as construções dos Complexos Eólicos Tucano e Cajuína, além da modernização e manutenção de seus ativos em operação.
AES Brasil foi vencedora do processo competitivo da Unidade Produtiva Isolada Cordilheira dos Ventos. (Foto: Divulgação)
“No setor elétrico, temos muita capacidade eólica e solar ainda a ser explorada. Já temos uma matriz energética onde mais de 80% é energia renovável, que é uma situação bastante privilegiada do nosso país, e temos muita capacidade ainda para explorarmos”, aponta a executiva.
Desenvolvimento de ativos
Clarissa Sadock foi nomeada pelo conselho como presidente da AES Brasil em janeiro de 2021. Com 16 anos de experiência em empresas da companhia e economista de formação, a executivas era vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores desde 2017. No cargo, foi protagonista da transformação da companhia, que passa por este ciclo de forte crescimento.
“2021 foi um ano de enormes transformações. Consolidamos nossa presença como um gerador de energia renovável completo, com ativos eólicos, solares e hídricos. Mudamos nosso nome, listamos a companhia no mais alto padrão de governança, o novo mercado, e seguimos acelerando nosso crescimento. Buscar sempre os mais altos padrões de excelência num momento de forte crescimento é um grande desafio. Manter a cultura da organização nos novos ativos adquiridos e nos mais de 15% de aumento do nosso time de colaboradores traz. Tudo isso num ambiente na qual a Covid 19 gerava grande preocupação na saúde dos nossos colaboradores que estão em campo operando ou construindo nossas novas plantas”, analisa.
A CEO avalia que este primeiro ano à frente da empresa também foi marcado por ampliação nos pilares ESG. “Fomos, por exemplo, reconhecidos como a melhor empresa ESG da América Latina – única com classificação AAA no MSCI dentre todos os setores, demonstrando o nosso compromisso com a transparência e as melhores práticas ESG do mercado. Seguimos trabalhando fortemente no crescimento dos nossos negócios, e temos o compromisso com o desenvolvimento sustentável de nossos negócios, com excelência, inovação e responsabilidade”, diz.
Clarissa Sadock, CEO da AES Brasil. (Foto: Divulgação)
Em conexão
Reforçando sua gestão junto aos fornecedores, de maneira a mitigar eventuais riscos de atraso das obras, a AES Brasil está em fase avançada na construção de 322 MW de capacidade instalada no Complexo Eólico Tucano, na Bahia, com início da entrada em operação comercial estimada ainda para este ano; e desenvolvendo outros 684 MW de capacidade instalada no Complexo Cajuína, no Rio Grande do Norte, cuja entrada em operação está prevista para 2023.
Em relação a estrutura de capital e para suportar a estratégia de crescimento, em janeiro deste ano, a AES Operações, subsidiária da AES Brasil, celebrou a continuidade do acordo de investimento na Guaimbê Holding, com o aporte, pelo Itaú, de mais de R$ 360 milhões em equity. Com a subscrição das novas ações preferenciais, o banco passa a deter 23,72% do capital social.
C-Level em destaque
Clarissa Della Nina Sadock Accorsi é graduada em Economia pela Faculdade Cândido Mendes, possui MBA em Finanças pela COPPEAD/UFRJ e curso de extensão em Finanças pela Darden School of Business – University of Virginia (EUA). Clarissa atuou como diretora vice-presidente e de Relações com Investidores da AES Tietê Energia S.A. até 2020, cuja principal atividade é a atuação no setor de energia elétrica. Em janeiro de 2021, foi nomeada pelo conselho como Presidente da AES Brasil. Confira, na sequência, a visão da executiva sobre governança e inovação no setor.
Como é a governança dos princípios ESG na AES Brasil, principalmente no que tange igualdade e diversidade?
Nós temos compromissos e metas claras para a gestão ESG. Foram definidos com base em três temas principais: Mudanças Climáticas, dentro do pilar de meio ambiente; Diversidade, Equidade e Inclusão, em social; e Ética e Transparência, em governança. As metas foram atreladas à remuneração variável de toda a diretoria, como por exemplo, 40% da minha remuneração variável está atrelada a critérios ESG, sendo 5% Diversidade, 5% Clima organizacional, 30% crescimento em renovável.
A CEO avalia que este primeiro ano à frente da empresa também foi marcado por ampliação nos pilares ESG. (Foto: Divulgação)
Em 2020, reestruturamos nosso Programa de Diversidade, Equidade e Inclusão que visa criar uma cultura que valorize e promova a pluralidade em todas as esferas, garantindo um ambiente de trabalho inclusivo, equitativo, seguro, respeitoso, livre de discriminação e com oportunidades de crescimento e desenvolvimento. Uma das metas dos Compromissos ESG 2030 é ter 30% de mulheres em cargos de alta liderança. No ano passado, o número de mulheres na AES Brasil avançou em 32% no corpo geral da companhia e neste ano, já alcançamos 23% de mulheres na alta gestão. Esse avanço é reflexo da valorização de talentos femininos nos planos de sucessão e em novas contratações. Olhando para o time operacional, traçamos uma estratégia diferente. Decidimos montar um time 100% feminino para operar nossos novos ativos. Como o time operacional tem um turn over muito baixo, precisamos focar de maneira mais significativa no crescimento. Nosso primeiro caso de sucesso está ocorrendo agora no Complexo Eólico Tucano, empreendimento que estamos construindo no estado da Bahia. Para termos um time pronto para operar, assinamos uma parceria com o Senai da Bahia em 2020 e formamos ao longo de 2021 um grupo de mulheres para estarem aptas a operar ativos eólicos. Já temos todas as profissionais contratadas e altamente qualificadas. Agora, levaremos essa mesma prática para o Complexo Eólico Cajuína que está sendo construído no Rio Grande do Norte. Ainda nesse tema, vale destacar que nosso Conselho de Administração possui 36% de representatividade feminina.
Como vocês incentivam a inovação dentro da companhia?
Há mais de 20 anos, a companhia investe em projetos de inovação voltados aos maiores desafios do segmento e em parceria com diversos atores como empresas, universidades, centros de pesquisa e startups. Somos a primeira empresa do setor elétrico a acelerar startups por meio do programa de P&D ANEEL em 2016.
Contamos com uma equipe 100% dedicada ao tema que tem como função fazer essa ponte com o ecossistema, identificando tendências e oportunidades no mercado, mas também buscando internamente desafios e dores dos nossos clientes que poderiam ser trabalhadas com nossos parceiros. Trabalhamos junto com nosso acionista controlador, a AES Corporation, na troca de melhores práticas. Hoje, além de buscar soluções inovadoras para melhorar a segurança e eficiência de nossas operações, temos como foco principal o desenvolvimento de novas soluções que atendam aos desafios reais de nossos clientes.
Globalmente, a AES é reconhecida como uma das empresas mais inovadoras (Fast Company, World’s Most Innovative Companies List 2022) devido à sua atuação pioneira e líder em baterias de larga escala por meio da Fluence (joint venture com a Siemens), além de investimentos de sucesso de seu CVC (AES Next) como a Uplight (plataforma de gestão de energia para clientes) e a 5B (solução modular para energia solar).
Clarissa Sadock, CEO da AES Brasil. (Foto: Divulgação)
AES Brasil define Compromissos ESG 2030
Em total concordância com a transição para uma economia de baixo carbono para um modelo que se adapte às necessidades e expectativas da sociedade e em respeito ao meio ambiente, a AES Brasil revisa suas metas e apresenta os Compromissos ESG 2030, alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).Os compromissos foram definidos diante de seis ODS prioritários para a AES Brasil, sendo eles:
- Igualdade de Gênero (ODS 5): a companhia se compromete a promover a diversidade, equidade e inclusão, garantindo a igualdade de oportunidades em todos os níveis. Para isso, até 2025, pretende ter 30% de mulheres em cargos de alta liderança.
- Energia Limpa e Acessível (ODS 7) e Indústria, Inovação e Infraestrutura (ODS 9): a companhia contribui para a transição energética com o aumento de renováveis na matriz elétrica brasileira. Para tanto, a meta é colaborar para que os clientes evitem a emissão de 582 mil tCO2e ao ano.
- Redução das Desigualdades (ODS 10): o compromisso da empresa é transformar vidas por meio do desenvolvimento local das comunidades vizinhas às operações e garantir a igualdade de oportunidades. Desta forma, a AES Brasil tem a meta de, até 2030, ter 30% de grupos sub-representados na liderança e contratar ao menos 50% de mão de obra local nas construções de novos empreendimentos.
- Ação contra a Mudança Global do Clima (ODS 13): o intuito é impactar positivamente os esforços de mitigação aos efeitos das mudanças climáticas. Para tanto, são três metas: até 2030, reduzir as emissões de gases de efeito estufa dos escopos 1 e 2 em 18% tCO2e por MWh gerado, em relação ao realizado a 2020, manter a neutralização e positivar as emissões de gases de efeito estufa anualmente, e, até 2025 compensar as emissões históricas desde o início da operação da AES Brasil no país.
- Vida Terrestre (ODS 15): o compromisso é conservar, proteger e preservar a biodiversidade. Para isso, até 2030, almeja aumentar em ao menos 20% o reflorestamento, além do compromisso de recuperação das áreas ocupadas.