Bruno Patriani, CEO da Construtora Patriani: 'É fundamental desenvolver soluções que ajudem na separação de tudo que pode ser reciclado'

Construção civil e sustentabilidade: brasil é um dos países com mais empreendimentos verdes.

Bruno Patriani, CEO da Construtora Patriani (1)Bruno Patriani, CEO da Construtora Patriani. (Foto: Divulgação)

De acordo com o conselho local do Green Building, o setor produtivo no país está empenhado em implantar práticas ESG no setor de construção civil, tanto que o Brasil se encontra no ranking mundial em número de projetos sustentáveis, com destaque para a certificação LEED - Leadership in Energy and Environmental Design - na construção civil. “Trata-se de um sistema internacional de certificação e orientação ambiental que vem reduzindo em média 40% da água, 35% das emissões de CO2, 30% da energia e 65% dos resíduos em novas construções e grandes reformas”, explica o professor do mestrado em Governança e Sustentabilidade do ISAE Escola de Negócios, Carlos Alberto Cioce Sampaio.

Segundo o Conselho Internacional da Construção, mais de um terço dos recursos naturais explorados no país são destinados ao setor. “50% da energia gerada é para abastecer operações relacionadas às edificações. Isso sem contar o impacto de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, provenientes tanto dos processos de construção quanto dos entulhos”, aponta.

Iniciativas

Com a necessidade de edificar um mercado imobiliário altamente sustentável, construtoras e incorporadoras buscam diferentes soluções e oportunidades para atender essa nova demanda.  Um dos desafios do setor de construção é a redução de lixos e entulhos do começo ao fim do empreendimento.

“É fundamental no nosso dia a dia, desenvolver soluções que ajudem na separação de tudo que pode ser reciclado e, inclusive ações  que podem evitar a geração de lixo. Por isso, tem ficado cada vez mais intenso o papel da área de inovação na busca por produtos que ajudem na preservação ambiental”, contextualiza Bruno Patriani, CEO da Construtora Patriani.

Em 2021, a companhia optou por não construircobertura no topo dos edifícios para investir em projetos com fazenda solar, formada por placas fotovoltaicas capazes de gerar energia limpa e de baixo custo. A iniciativa que foi bem aceita entre os clientes, é capaz de em até 70% do consumo de energia das áreas comuns dos prédios, impactando em um custo de condomínio mais barato  para todos os moradores, podendo chegar a até 50%.

Produka _ Patriani - Serafina Corporate_074Localizado no bairro Jardim, em Santo André, o Serafina Corporate é um marco entre os edifícios comerciais e sustentáveis do Estado de São Paulo. A torre corporativa é a mais moderna do Grande ABC e única com Selo Aqua de sustentabilidade: certificação brasileira para edifícios com alta qualidade ambiental que garante, entre outros benefícios, economia de água e redução do consumo de energia. (Foto: Divulgação)

“Os vizinhos das nossas obras, a comunidade local, é parte do contexto fundamental para man- termos uma relação de confiança e harmonia durante a construção dos prédios. Por isso, sempre antes de começar uma obra, o departamento de relacionamento com o cliente faz uma visita para os vizinhos, a fim de estreitar a relação durante os três anos. Dessa maneira, eles ficam à vontade para sanar dúvidas e esclarecimentos que se façam necessário, inclusive pelos canais de comunicação com a empresa. Entendemos que assim, conseguimos promover também a sustentabilidade social dentro das boas práticas”, destaca o CEO.

Plenitude

Cada vez mais preocupados em viver com qualidade e bem-estar, hoje os consumidores experimentam novas mudanças no setor. Tais movimentos já eram percebidos há anos, mas ficaram mais intensos com a chegada da pandemia do novo cornavírus, quando a moradia tomou nova perspectiva na vida dos consumidores.

Luiz Carlos Gallotti BayerLuiz Carlos Gallotti Bayer, CEO da Verde & Azul Urbanismo. (Foto: Divulgação)

Luiz Carlos Gallotti Bayer, CEO da Verde & Azul Urbanismo, acredita que as crescentes buscas por empreendimentos que atendam critérios de sustentabilidade ganham ainda mais destaque com a nova visão sobre o papel da natureza do dia a dia das pessoas e a valorização da integração do ambiente residencial com o ambiente corporativo de maneira a gerar uma simbiose produtiva.

“É perceptível a maior preocupação com sustentabilidade e uso inteligente dos recursos, pois a população está cada vez mais consciente de que os recursos naturais não são ilimitados. Se não os explorarmos com responsabilidade, nossas gerações e as futuras podem viver em um planeta degradado. Isso reduz a possibilidade de crescimento econômico, afetando a prosperidade de todos nós”, destaca o empresário.

Além disso, a adaptação de imóveis para se adequarem a critérios de sustentabilidade tem impactos para além do bem-estar dos residentes: segundo a Organização Internacional do Trabalho, o setor de construção de imóveis sustentáveis deve gerar mais de 6,5 milhões de empregos até 2030. Bayer explica que “esse impacto amplo da sustentabilidade no urbanismo e na arquitetura faz com que o conceito de infraestrutura verde e azul esteja ganhando espaço ultimamente”.

Bem-estar

Associada ao desenvolvimento de construções sustentáveis e que propõe maior equilíbrio entre o ser humano e o meio ambiente, o chamado well ness real estate representa o desenvolvimento imobiliário que conecta saúde, bem-estar e moradia. Este nicho já movimenta US$ 5 trilhões de dólares, com expectativa de atingir a marca de US$ 7 trilhões em 2025.

AGE-3D-FINAL-N21-SALA_MINDFULNESS-HR-R00A incorporadora AG7 criou o conceito Building Wellness, que une sustentabilidade com qualidade de vida, facilitando a tomada de micro decisões saudáveis no dia a dia de seus moradores. (Foto: Divulgação)

Nesse contexto, a incorporadora AG7 elaborou um conceito único de Building Wellness desenvolvido de maneira autoral e exclusiva, unido a metodologia LEDS - que se baseia em seis pilares fundamentais: localização, exclusividade, design, sustentabilidade, serviço e saúde -, aos conceitos de arquitetura e engenharia de green e healthy building.

“Os empreendimentos de Building Wellness são pensados, literalmente, para abraçar a importância da qualidade de vida. Nas áreas comuns, existe a preocupação em trazer ambientes que consideram o bem-estar do indivíduo e conectam, inspiram e potencializam essa sensação, muitas vezes a partir da criação de ambientes ao ar livre com muito verde, por exemplo”, explica Alfredo Gulin Neto, CEO da AG7.

Como funciona um dos maiores telhados verdes da América Latina

A busca pelo melhor aproveitamento de água e energia foi uma premissa na construção da nova sede do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac no Rio Grande do Sul. O empreendimento investiu em iluminação natural, placas fotovoltaicas e instalou 10 mil metros quadrados de telhados verdes. A cobertura verde é considerada uma das maiores da América Latina atualmente. Projetada pelo Estúdio 41, a edificação comporta o espaço Administrativo da entidade. A ideia central foi criar um ambiente agradável, conectado à natureza e acessível para favorecer o convívio entre os colaboradores e a comunidade local. Há áreas de alimentação, exposições, eventos e espaços ao ar livre.

IMG_7256Empreendimento brasileiro tem 10 mil metros quadrados de cobertura verde que capta água da chuva. (Foto: Reprodução)

O resultado é possível porque há um sistema eficiente por trás. É o que explica a arquiteta Catarina Feijó, da Ecotelhado, empresa de Porto Alegre pioneira no desenvolvimento desse tipo de produto. “O nosso telhado verde é hidropônico, que é o cultivo de plantas com pouco uso de substrato. Desenvolvemos diversos módulos que são adequados de acordo com a área de inserção do projeto, deixando espaço embaixo da vegetação para que a água fique armazenada dentro. Na elaboração destes sistemas, nós usamos ainda o design da biomimetica, que é inspirado na natureza”.

C-Level de destaque

A Johnson Controls (NYSE:JCI), líder global em edificações inteligentes, saudáveis e sustentáveis, anunciou em agosto Angelo Guerra como o novo CEO de sua operação brasileira.

angelo-guerra-johnson-controlsAngelo Guerra é o novo CEO da Johnson Controls. (Foto: Divulgação)

O profissional também foi nomeado diretor-geral para a região sul da América Latina, que inclui Argentina, Chile e Uruguai. Após três anos como CEO da NEC no Brasil, o executivo assume a Johnson Controls com o objetivo de impulsionar construções sustentáveis, serviços e tecnologia para indústrias e edificações, alinhando a estratégia global de crescimento da marca no Brasil.

“Com as situações sem precedentes vivenciadas recentemente em consequência da pandemia, o mercado anseia por facilidades na gestão de suas instalações, por isso, nosso foco inicial será fornecer produtos e serviços mais sustentáveis e acelerar a transformação digital dentro dos nossos clientes, por meio de parceiros estratégicos em sustentabilidade, para desenvolver soluções que resolvam desafios latentes em nosso país e que possibilitem que plantas e construções verdes sejam não só idealizadas, mas concretizadas, transformando o país em exemplo para o mundo neste aspecto”, afirma Guerra.

Para trabalhar

Visando atrair empresas que procuram áreas corporativas modernas, sustentáveis, com ambientes amplos e baixo custo de locação e operação, a Bresco lançou novo empreendimento na região de Campinas, o E2 Viracopos. O edifício corporativo de 6300 mil m², divididos em dois pavimentos com pé direito livre de 4,15 metros, foi projetado a partir do conceito open space que busca um grande aproveitamento da luz natural, estimula a utilização de escadas amplas para circulação interna que podem ser usadas como auditório, propicia a integração e a convivência dos usuários, e permite a flexibilização de layout.

BRESCO - EVENTO CAMPINAS-9538O E2 Viracopos foi desenvolvido com os mais avançados  conceitos de sustentabilidade. (Foto: Divulgação)

O E2 Viracopos foi desenvolvido com os mais avançados conceitos de sustentabilidade. O projeto que está em fase de certificação LEED Gold pelo Green Building Council Brasil, reduz em até 66% o consumo de energia e em até 70% o consumo de água potável. O projeto também se beneficia de toda a estrutura sustentável do Parque Corporativo Bresco Viracopos que inclui: geração de energia solar por meio de painéis fotovoltaicos para suprir 100% de sua área comum, (tratamento de 100% do esgoto gerado no empreendimento, coleta seletiva em 100% do condomínio, reaproveitamento do lixo orgânico nas áreas verdes, área preservada de 260 mil m² com pista de corrida e estações de exercício, 10 estações de abastecimento de veículos elétricos, transporte interno de usuários por carros elétricos, compromisso de contratação preferencial de mão de obra local.