Romeu Domingues: 'Nosso principal desafio é consolidar um modelo de negócio que combata o desperdício e promova a sustentabilidade'
Em nome da ciência: Dasa expande investimentos em alta tecnologia, impulsiona relacionamento com startups e foca na produção e na formação científica.
Romeu Domingues, co-chairman da Dasa. (Fotos: Fabio Loli/Revista LIDE)
Curadora e mantenedora do Cubo Health – vertical de saúde do Cubo –, a Dasa investe fortemente no ecossistema de inovação desde 2017. De acordo com o co-chairman Romeu Domingues, a companhia busca a inovação onde ela estiver.
“A nova estrutura vai contribuir para o empreendedorismo de saúde, gerando mais acesso, fomentando o aprendizado e o desenvolvimento de novas oportunidades. Essa é uma área que vai além de uma incubadora ou um programa de aceleração, pois trata-se de um departamento com equipe dedicada, que proativamente conecta soluções externas com as dores do negócio para desenvolver o ecossistema de inovação e potencializar a entrega de soluções para o cuidado com os brasileiros”, analisa.
Saúde é tech
A Dasa investiu R$ 1,5 bilhão nos últimos seis anos em tecnologia e transformação digital. Entre os aportes, estão a criação de um setor exclusivo de tecnologia, composto por cerca de mil especialistas; a construção do maior data lake privado do Brasil; a fundação do Núcleo de Operação e Controle; e a organização de uma área de Customer Experience. Além disso, o DasaInova tem um time dedicado à inteligência artificial, criando modelos, validando algoritmos e integrando dados para conferir mais agilidade e assertividade aos laudos de exames, o que visa melhorar produtividade, reduzir custos, automatizar atividades operacionais e oferecer informações em tempo real.
A Dasa investiu R$ 1,5 bilhão nos últimos seis anos em tecnologia e transformação digital. Entre os aportes, estão a criação de um setor exclusivo de tecnologia, composto por cerca de mil especialistas; a construção do maior data lake privado do Brasil; a fundação do Núcleo de Operação e Controle; e a organização de uma área de Customer Experience. Além disso, o DasaInova tem um time dedicado à inteligência artificial, criando modelos, validando algoritmos e integrando dados para conferir mais agilidade e assertividade aos laudos de exames, o que visa melhorar produtividade, reduzir custos, automatizar atividades operacionais e oferecer informações em tempo real.
“Quando o paciente passa por uma jornada de exames e é identificada alguma alteração, como um tumor, um médico da Dasa entra em contato com o especialista (que solicitou os exames) e avisa que o paciente vai precisar fazer outros exames, como uma biópsia. Nesse contato, ele já é questionado se quer que a empresa o apoie nessa conexão, ou se ele quer indicar outro serviço. Assim, o paciente consegue ter um direcionamento mais assertivo e participar da tomada de decisão sobre como dar andamento ao processo junto ao seu médico”, detalha Domingues.
Avanços
Se tecnologia, inovação, algoritmos e inteligência artificial são essenciais para a composição de um novo padrão de atuação em saúde, a Dasa procura acompanhar o dia a dia das operações para criar ou implementar produtos e serviços trocando muitas informações com os times que estão na linha de frente do atendimento.
“Para materializar esse modelo de saúde que oferece uma experiência phygital, lançamos, no último ano, o Nav, nossa plataforma de gestão de saúde digital, que a cada mês, ganha mais funcionalidades. Entre elas, as pessoas podem ter à disposição – e a um clique – especialistas, histórico de consultas e resultados de exames diagnósticos. Nela, há mais de 25 mil médicos e profissionais da saúde, mais de 3 milhões de usuários únicos e já realizou mais 198 mil consultas on-line”, destaca o co-chairman da companhia. Já o NavPro, interface da plataforma voltada aos profissionais de saúde, pode identificar, por exemplo, um resultado que indica o pré-diabetes e sinalizar o problema para o especialista, encurtando o tempo entre avaliação, diagnóstico e tratamento”, completa.
C-Level em destaque
Co-chairman da Dasa, Romeu Domingues é médico formado na UFRJ, onde também realizou residência em radiologia. É pós-graduado em ressonância magnética na Universidade de Harvard. Fundador das clínicas CDPI, Multi-Imagem e IRM, o executivo é chairman da Conexa Saúde, Conselheiro da ANAHP e Anestech e co-fundador do fundo Aggir Venture Capital. Confira, na sequência, a visão do executivo sobre temas em debate no setor de saúde.
Co-chairman da Dasa, Romeu Domingues é médico formado na UFRJ. (Fotos: Fabio Loli/Revista LIDE)
No pós-pandemia, o que os clientes esperam dos serviços médicos e de diagnóstico?
Os pacientes sempre esperam – e devem ter – o cuidado assistencial mais rápido, eficiente, seguro e integrado possível. A pandemia provocada pela Covid-19 trouxe um olhar direcionado para o nosso setor, que avançou, por meio da ciência, em pesquisas relacionadas a tratamentos e vacinas, por exemplo. Mas, também existe o outro lado: muitas pessoas focaram na preocupação com SARS-Cov-2 e pararam de se cuidar em outras áreas. Com medo da contaminação, elas evitaram os hospitais e unidades de saúde em geral e exames de rotina importantes deixaram de ser feitos nesse período. Na Dasa, percebemos esse movimento e, por meio de inteligência de dados, endereçamos os gaps de cuidado e de rastreio, principalmente entre pacientes com doenças crônicas, como cardiopatas, hipertensos e diabéticos.
Como a empresa atua em temas como meio ambiente, equidade de gênero, diversidade e inclusão?
Queremos garantir que, como empresa, estamos cuidando da comunidade. Por isso, atuamos em diversas frentes, seja construindo usinas solares de energia para garantir abastecimento mais sustentável às nossas unidades diagnósticas, seja promovendo ações de paperless nas unidades laboratoriais com o incentivo da redução de impressões de laudos, por exemplo, ou ainda por meio de ações de impacto social positivo no combate à Covid-19. Desde o início da pandemia, a empresa destinou mais de R$ 44 milhões e disponibilizou recursos humanos e infraestrutura para processamento de testes de RT-PCR para detecção da doença ao Sistema Único de Saúde (SUS), com investimento de R$ 10,7 milhões. A Dasa tem crescido rapidamente e conta, atualmente, com cerca de 50 mil colaboradores. E, entre tantos desafios, um dos maiores é tornar as gestões de Diversidade e Inclusão sólidas o suficiente para que permeiem todas as áreas. Nesse sentido, a representatividade racial já é praticamente um reflexo da realidade do país: 55% de nossos colaboradores se declaram negros. Além disso, as mulheres são 78% dos colaboradores e ocupam 60% dos cargos de liderança.
Como a companhia administra o grande volume de atendimentos e diferentes perfis de clientes?
Investimos fortemente no último ano para aumentar nossa capilaridade e oferecer, cada vez mais para os brasileiros, esse cuidado coordenado que olha o indivíduo como um todo, em todas as etapas do cuidado. Com isso, a Dasa atende a mais de 20 milhões de pessoas no Brasil, que podem usufruir da integração de medicina diagnóstica, hospitais, genômica, oncologia, coordenação de cuidado, pronto atendimento, telemedicina, pesquisa clínica e ciência.
Pesquisa e Educação
A Dasa também fortaleceu a parceria com o Instituto de Ensino e Pesquisa Dasa (IEPD) – entidade sem fins lucrativos da qual a empresa é a principal mantenedora e que tem como objetivo impulsionar projetos de pesquisa científica nos campos da medicina e da saúde. O IEPD apoia o Genov, programa que está mapeando o genoma do SARS-CoV-2 no Brasil e o laboratório de bioimpressão, que congrega impressão 3D, realidade virtual e aumentada. Pesquisas nas áreas de câncer de mama (inclusive um de avaliação psicológica de pacientes submetidas à biópsia), elastografia, cortisol basal e redes temáticas de inteligência artificial também são apoiadas pelo Instituto.
Em 2021, médicos e cientistas vinculados à Dasa e com o apoio do IEPD publicaram 252 artigos em revistas científicas internacionais. O número – referente apenas a publicações em revistas indexadas – representa crescimento de mais de 50% em relação ao mesmo período de 2020.
Já a Dasa Educa é o pilar de educação médica e oferece programas de educação continuada sobre as diferentes frentes da medicina diagnóstica e o melhor uso dessas ferramentas no dia a dia dos profissionais da área da saúde. Nela, os especialistas têm acesso gratuito a conteúdos científicos, lives, podcasts e aulas sobre diversas especialidades, além de atualizações sobre os temas mais discutidos pela comunidade médica ao vivo ou em um portal exclusivo.
“O propósito é fomentar o aprendizado e o compartilhamento de cases, inovações e estudos que possam contribuir com a transformação da saúde no Brasil. Além disso, divulgamos recentemente uma parceria com a Inspirali para oferecer formação médica integrada entre teoria e prática para estudantes e médicos, que contempla uma programação educacional estratégica de cursos por meio da prática nos hospitais da nossa rede”, aponta.
Eficiência
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o envelhecimento populacional será uma das transformações sociais mais significativas do século 21, com implicações transversais a todos os setores da sociedade. O aumento da longevidade tem trazido outros problemas, como condições de saúde crônicas e mais complexas. Com isso, encontrar soluções para enfrentar desafios como a fragmentação da saúde, inflação médica e perda de beneficiários, se tornaram ainda mais urgentes.
“Nosso principal desafio é consolidar exatamente um modelo de negócio que combata o desperdício – de tempo e de recursos – e promova a sustentabilidade do setor de saúde, melhorando a qualidade do atendimento assistencial, gerando mais acesso à saúde e com foco na eficiência e no desfecho clínico. Por meio do uso de dados integrados e tecnologia, geramos mais eficiência para o segmento e proporcionamos uma visão integral do paciente. Nesse sentido, posso citar o caso da telemedicina, que trouxe um ganho sem precedentes para médicos e pacientes e tem contribuído para que mais pessoas tenham possibilidades de cuidado em casos leves, desafogando centros de saúde e reduzindo custos. Esse é um caminho sem volta para a saúde, e nós, da Dasa, nos orgulhamos de sermos pioneiros nessa transformação no Brasil”, explica Romeu Domingues.