Setor hoteleiro aposta na criação de novos serviços para a recente retomada das operações

Nesse contexto, as principais redes hoteleiras se perguntaram: o que fazer para aumentar a ocupação dos quartos?

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Room office no hotel Pullman São Paulo Guarulhos Airport. (Foto: Divulgação)

Um dos setores mais promissores da economia brasileira se viu paralisado em meio à pandemia e forçado a reagir a um cenário jamais visto. Nesse contexto, as principais redes hoteleiras se perguntaram: o que fazer para aumentar a ocupação dos quartos? É notório que grandes demandas e desafios são gerados em momentos de crise e, nesse caso, o sistema de home office, adotado por milhares de profissionais e empresas, serviu de oportunidade para o segmento investir no chamado room office, ou seja, a transformação de quartos em escritórios ou salas de reunião.

A Accor, primeira rede de hotéis a lançar o serviço, entendeu que eles poderiam oferecer uma solução a uma possível demanda de pessoas que precisavam de um ambiente com estrutura comparada a escritório convencional: um local tranquilo, controlado, com acesso à internet de qualidade, mobiliário adequado, limpeza e dentro dos protocolos de segurança. Nesse sentido, houve um trabalho intenso da equipe da rede na elaboração de um guia de boas práticas com medidas para o retorno seguro.

“Fizemos uma pesquisa de mercado e tivemos resposta de mais de 64% das pessoas, revelando o desejo de encontrar um lugar fora do escritório ou de casa para trabalhar. Chegamos a ter mais de 500 reservas desde o início do lançamento do produto, em junho”, explica Olivier Hick, COO das Marcas Econômicas e Midscale Accor América do Sul.

O serviço ganhou corpo em São Paulo e, rapidamente, se estendeu para os demais hotéis que fazem parte da rede pelo Brasil. “Temos de um quarto a cinco quartos disponíveis nesse formato. Essa variação funciona de acordo com a procura”, indica Hick.

Outro fator levantado pelo COO, é o fato do Brasil ser um mercado regional e não depender tanto do fluxo internacional, como acontece em outros países. “Acredito que esse perfil seja uma vantagem para essa retomada. Com exceção do Rio de Janeiro, que por conta do carnaval e réveillon tem cerca de 30% de ocupação estrangeira”.

Além do room office, a rede oferece salas para fazer reuniões e um novo modelo de estadia chamado Long Stay, cuja proposta é oferecer uma solução rápida de moradia de longo prazo. 

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Olivier Hick, COO da Accor América do Sul revela que a pesquisa de mercado foi importante. (Foto: Divulgação)

Solução ágil

Pode-se dizer que um dos facilitadores para os hotéis aderirem a tendência seria o fato da não necessidade de investimentos em infraestrutura. Na prática, fazer a adaptação do espaço é simples. O custo extra é ligado ao investimento em EPI’s e sanitização, gestão e treinamento de equipe, logística.

Na rede Slaviero Hotéis, a adaptação seguiu a rapidez, precisando de apenas alguns ajustes nas suítes para otimizar o espaço da melhor forma. Embora o início da pandemia tenha suspendido a operação de algumas unidades, hoje já se encontram com quase todos os hotéis abertos.

“Tivemos uma queda de 90% em nossas vendas e começamos a buscar serviços alternativos. Percebendo que muitas pessoas precisavam de uma boa estrutura para trabalhar e que em casa existiam diversas distrações”, revela Cincinato Lui Cordeiro, diretor de vendas, distribuição e marketing.

“Grande parte da divulgação do serviço vem sendo feita pelas redes sociais da base de nossos clientes, sempre buscando atingir o público que se identificaria com a novidade”, diz

Otimismo para os pequenos

Segundo estudo da consultoria Hotel Invest, diferente do impacto sofrido pelos hotéis das redes hoteleiras de médio e alto padrão, os mais econômicos podem chegar a 35% de ocupação média até o fim do ano. Para exemplificar esse dado, o Guest Urban Hotel, hotel-boutique localizado no bairro de Pinheiros, São Paulo, teve boa performance surpreendente para os padrões da pandemia.

Nesse período, quando a ocupação do Guest Urban Hotel, praticamente caiu a zero, lançaram o GUH-Office, que dentro do faturamento do hotel, já representa 30%. Apostaram na corrente contrária a coletividade do coworking, oferecendo o formato de escritórios privativos e seguros.

“Desmontamos quatro suítes e transformamos em salas privativas de escritório. Investimos em mobílias e uma nova decoração. Todos os room offices possuem entrada e vista para o jardim da parte do fundo do imóvel, onde se localiza uma das áreas mais charmosas da propriedade, o deck”, detalhou Demian Figueiredo, diretor e sócio fundador do Guest.

Essa nova experiência trouxe uma diversificação de público. “Percebemos que temos desde médicos e professores que atendem online, assim como executivos que precisam de tranquilidade para trabalhar. Temos observado também uma demanda de pessoas que utilizam o espaço para gravação de seus conteúdos digitais”, explicou Figueiredo.