Rodolfo Medina, do Rock In Rio: 'Novas tecnologias e a velocidade da informação que temos hoje fizeram com que toda a cadeia de comunicação se transformasse, sem ponto de chegada'

Rodolfo Medina, presidente-executivo do Grupo Dreamers: na velocidade atrelada à tomada de decisões no maior conglomerado de empresas de comunicação e entretenimento do país.

RodolfoMedina_160721_Divulgaçao-768x512Rodolfo Medina, presidente-executivo do Grupo Dreamers. (Foto: Reprodução)

Desde a infância, Rodolfo Medina começou a ter contato com o mercado publicitário, por acompanhar de perto as experiências profissionais do pai, o também empresário Roberto Medina. Foi nesse período também, que o executivo passou a ter interesse pela carreira. Anos mais tarde, formou-se em publicidade e deixou que sua trajetória de realizações profissionais ocorresse de maneira natural.

Em 1997, o projeto piloto foi um empreendimento - o Rock in Rio Café -, sucesso da noite carioca, onde atuava também como diretor de Marketing. Na sequência, em 2002, ingressou na Artplan como diretor de Novos Negócios. Passou a ser vice-presidente de Atendimento e Negócios e, em 2006, estava à frente da empresa, quando assumiu o posto de presidente. Hoje, comanda os três escritórios da agência – São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília – liderando uma equipe de 350 colaboradores, e com portfólio de, aproximadamente, 40 clientes.

Além disso, ele acumula ainda cargo de presidente-executivo do Grupo Dreamers, conglomerado com capital 100% nacional, que conta com 17 empresas - dentre elas, Artplan, Rock in Rio, Dream Factory -, e quase 900 pessoas distribuídas por diversas unidades de negócios. Medina também atua como vice-presidente de Parcerias e Marketing do Rock In Rio há mais de 15 anos. Nesta entrevista exclusiva para a Revista LIDE, o líder do ramo de eventos reflete sobre os rumos do mercado publicitário e entretenimento e sobre o fortalecimento do Grupo.

Revista LIDE: Você começou a empreender ainda muito jovem. Desde então, o que mudou em mais de 20 anos, na sua perspectiva?

Rodolfo Medina: O que mais mudou em duas décadas foi o próprio consumidor. As novas tecnologias e a velocidade da informação que temos hoje fizeram com que toda a cadeia de comunicação se transformasse, sem ponto de chegada. Mas a rapidez com que novos meios e canais surgem – considerando redes sociais e influenciadores – não tira a relevância dos meios tradicionais que já existiam. Pelo contrário, só aumenta a complexidade de criarmos narrativas adequadas para cada um dos canais.

Na condição de multiempreendedor, que tipo de liderança você procura desenvolver em sua rotina?

Busco aplicar uma liderança que tenha um olhar na gestão de pessoas. No nosso negócio, 80% de nosso investimento é neste pilar. Precisamos realizar um aprimoramento constante da relação com os nossos colaboradores para termos os melhores talentos, com um ambiente que estimule o exercício de suas ideias. Esse é o segredo para garantirmos entregas de qualidade aos nossos clientes. Eu acredito que gente feliz é capaz de fazer mais e melhor.

Nesse sentido, o intraempreendedorismo tem um bom espaço no Grupo?

Esta característica e a capacidade de acreditar em novos projetos criam essa força que o Grupo Dreamers vem mostrando. Prova disso são as mudanças e as novas empresas que abrimos e investimos nos últimos dois anos: SOMA, Convert, Next, V4 Company, Dreamers Village, Andara e Black Dragons.

Em relação ao mercado publicitário, como foi acompanhar o surgimento das mídias sociais e novas formas de interação entre clientes e empresas?

Como comentei, o grande desafio é acompanharmos as mudanças do consumidor e propor comunicações diferentes e eficazes, em diferentes plataformas. As marcas precisam estar abertas ao diálogo, atentas às tendências. Mas, essa atenção deve ser, especialmente, com o consumidor.

Quais as principais estratégias para manter o público do Rock in Rio fiel e atraído pelo evento? O que foi aperfeiçoado?

Como marca líder, o Rock in Rio, todo ano, tem sempre o compromisso de fazer o melhor festival de todos os tempos. Isso faz com que nós busquemos aprimorar a experiência do consumidor. Cuidamos de nosso público, desde a hora em que as pessoas saem de suas casas, até o momento de seus retornos.

Quando olhamos para a experiência, de interagirmos fisicamente num momento de grande emoção, marcamos a vida das pessoas de um jeito que nenhum outro meio consegue. Temos o privilégio de sermos geracionais no Rock in Rio. São várias histórias de pessoas que foram às primeiras edições com os pais e, hoje, levam seus próprios filhos para o festival. Esta é uma experiência que fica para a vida.

Quais novidades podemos esperar no setor de entretenimento, principalmente em relação ao Rock in Rio?

Agora temos uma nova audiência preparada, também fora da Cidade do Rock, para consumir essa experiência. Proporcionaremos outras formas de mostrar o festival para o consumidor que não estará presencialmente conosco, passando pelo metaverso, por coberturas digitais real time e por diferentes interações entre marcas e consumidores. Teremos muitas novidades pela frente, e a pandemia acelerou tais possibilidades. Não é que as tecnologias eram novas – elas já estavam aí –, mas não estávamos preparados para consumir conteúdos assim, diferentemente de hoje.

O Grupo Dreamers é composto por dezenas de empresas, mas a Artplan é considerada a companhia “mãe” do Grupo. Como a agência lidou com cenário desafiador da pandemia?

Este período trouxe uma visão mais expandida para um olhar e pensamento ainda mais unificado como Grupo, inclusive, lançamos diversas empresas durante a pandemia. Já a Artplan se configura como um dos players do setor que está à frente de novos debates e caminhos. A transformação já fazia parte da filosofia da agência, desde antes da Covid-19. O velho conceito do fail fast está na veia da Artplan, além disso, a tecnologia e a inteligência de dados já faziam parte da dinâmica de agência (Artplan NOW) e este novo mundo deverá exigir ainda mais neste sentido.

Como o Grupo tem atuado seu posicionamento com a agenda ESG?

Possuímos um Comitê de Diversidade que, regularmente, realiza mesas redondas com especialistas e parceiros sobre os mais diversos temas - sejam eles sobre orientação sexual, raça, religião, entre outros temas. O Comitê atua de forma ativa ao se colocar disponível a todos os colaboradores que, porventura, queiram relatar alguma experiência ou tirar dúvidas. Recentemente, o Comitê lançou uma Política de Enfrentamento da Violência  Contra a Mulher, documento aberto para acesso do público externo, para trazer esclarecimentos como uma fonte de consulta, além de coibir situações internas de violência e dar suporte para as mulheres do Grupo que estiverem nessa situação.

rodolfo-medina-presidente-do-grupo-artplan-e-vp-do-rock-in-rio-1590762156371_v2_1280x1920Rodolfo Medina, presidente-executivo do Grupo Dreamers. (Foto: Reprodução)

Trajetória

A trajetória de Medina é marcada pelo reconhecimento. Ele recebeu prêmios como Executivo de Agência pela ABP em 2007, Publicitário do ano pelo Colunistas Rio em 2008, e foi eleito pela revista GQ como um dos 20 publicitários mais influentes do país em 2015, e também pelo Meio & Mensagem, como um dos 10 comunicadores do ano, também naquele ano. Em 2017, foi eleito Profissional Executivo de Agência pelo prêmio Destaque Profissional da ABP.

Rock in Rio

  • Ao longo da sua história, o Rock in Rio teve 20 edições, oito no Brasil, oito em Portugal, três na Espanha e uma nos Estados Unidos;
  • O Rock In Rio foi um marco no mercado musical, por a trazer artistas reconhecidos internacionalmente até hoje, nomes como Queen, Whitesnake e Ozzy Osbourne, por exemplo, que participaram da primeira edição em 1985;
  • Há três décadas, o evento mostra o poder da música em inspirar e transformar pessoas, principalmente em tempos de isolamento social;
  • A marca encara o constante desafio de entregar uma experiência de qualidade e de união de pessoas em volta da música;
  • Construir um time técnico que busca um novo modelo visando a melhor experiência, com a segurança do consumidor.