Marcelo Tabacchi, CEO da Faber-Castell: 'Estamos determinando objetivos ambiciosos e queremos tornar nossos desempenhos ainda mais mensuráveis'
Aquecimento global acende o alerta para que empresas busquem soluções sustentáveis em suas operações.
Marcelo Tabacchi, CEO da Faber-Castell. (Foto: Divulgação)
Há pelo menos quatro milhões de anos era inimaginável que o volume de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera atingisse níveis tão altos como registrado nesta era. Segundo levantamento da agência climática norte-americana NOAA, que aponta 2022 como ano com concentração de 50% a mais de CO2 no planeta, no comparativo com o período pré-industrial. Outro relatório emitido pela Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), reforça essa preocupação, ao apontar que, aproximadamente, 40% da área terrestre está ambientalmente degradada.
No aspecto financeiro, o estudo da ONU destaca que US$ 44 trilhões estão em risco, valor que se aproxima da metade da produção econômica anual do planeta - levando em conta as operações por meio de serviços dependentes do meio ambiente. Desta maneira, o momento coloca as corporações e sua influência no cotidiano social no debate público sobre criar alternativas econômicas sustentáveis.
Pintando um cenário diferente
Na busca por conscientização e soluções para redução do impacto no meio ambiente, a Anjo Tintas, com mais de 36 anos de história na indústria brasileira de tintas, passou a realizar iniciativas para um futuro mais sustentável. Um exemplo disso, está na utilização de energia proveniente de fontes renováveis como eólicas, solares, CGH’s e PCH’s em suas unidades produtivas desde sua migração para o Mercado Livre de Energia em 2015, assumindo o compromisso de alavancar a economia circular e a neutralidade de carbono - essencial para a sustentabilidade de todo o ciclo de produção e consumo -, por meio de diversas ações que contribuam de forma efetiva na agenda contra as mudanças climáticas.
A iniciativa praticada desde 2015, em todas as unidades produtivas da empresa, possibilitou a redução da emissão de mais de 1.003 toneladas de CO2, equivalente ao plantio de 6.149 árvores, no período de sete anos. “Buscamos um mundo mais sustentável e isso requer mudanças significativas, incluindo a forma como as empresas são conduzidas. Esse é mais um passo da Anjo para ajudar nessa missão”, explica Filipe Colombo, CEO da Anjo Tintas. A constatação do retorno positivo desta ação realizada pela Anjo foi feita pela Camerge, empresa de Assessoria de Gestão de Energia, que acompanha o consumo da companhia. “Com essa compra de energia de fontes renováveis foi possível colaborar com o meio ambiente”, complementa o CEO.
Filipe Colombo, CEO da Anjo Tintas. (Foto: Reprodução)
Menos impacto
A Grendene, passou a investir em ações para avançar no uso de matérias-primas de origem renováveis na composição de calçados. Em 2021, 40 novas pesquisas de materiais com menor impacto (que são aqueles que possuem menor pegada ambiental se comparados às suas versões tradicionais) foram iniciadas, das quais 11 itens foram aprovados para uso.
Conforme Relatório de Sustentabilidade da Companhia com reporte das informações de 2021, 22% dos materiais utilizados na produção durante o período foram de origem renovável. Todos os calçados da Grendene contam com 30% de conteúdo reciclado pré-consumo, em média, característica que contribui para uma baixa emissão de carbono na produção.
“O futuro da Grendene é ter um calçado vegano com a maior quantidade possível de biomateriais”, ressalta Carlos André Carvalho, responsável pela Divisão de Desenvolvimento Sustentável, acrescentando também o uso de outros materiais, como casca de arroz e casca de coco, resíduos agroindustriais que substituem material de origem fóssil na composição. “Tanto nos materiais biobased como nos reciclados pré e pós consumo reduzimos a emissão de carbono”, diz.
Entre 2019 e 2021, a receita da Grendene oriunda de produtos de menor impacto alcançou R$ 13 milhões com o lançamento de 26 produtos. A perspectiva de mais produtos com atributos de sustentabilidade é um indicador de novas oportunidades no mercado.
Carlos André Carvalho, responsável pela Divisão de Desenvolvimento Sustentável da Grendene. (Foto: Reprodução)
Cores vivas
A Faber-Castell, empresa global líder no segmento de papelaria e materiais de escritório também é mais outra a registrar avanços nos principais indicadores ambientais que norteiam as ações da marca globalmente: água residual (diminuição de 23%), emissão de CO2 (menos 25%), consumo de energia (queda de 7%) e embalagens plásticas (redução de 11%). No Brasil, mais de 95% das embalagens já são de fontes renováveis ou recicláveis. Além de informações sobre os avanços nas práticas de sustentabilidade, que incluem meio ambiente e sociedade, o relatório traz, ainda, novas metas estipuladas para os próximos anos.
Até 2030, a empresa se compromete com: o aumento da proporção de plásticos alternativos de produto para 55%; a não utilização de embalagens plásticas de uso único, substituindo-as por papel ou outros materiais ecologicamente mais sustentáveis; a redução da pegada de carbono em 55%, aumentando a eficiência energética, mudando para fontes de energia renovável; a redução do consumo de energia em 55%, priorizando equipamentos mais eficientes energeticamente em todos os locais de produção. Além disso, até 2035, o plano é ser autossuficiente em energia, usando fontes independentes e renováveis, como, por exemplo, por intermédio da instalação de coletores solares, bombas de calor ou turbinas de água.
As fábricas no Brasil, Peru e Áustria já obtêm 100% de energia com fontes provenientes de recursos naturais, energia que reabastecida com o o sol, vento, chuva, marés e energia geotérmica. Quem está por trás da operação brasileira priorizando os compromissos globais de sustentabilidade é o CEO da Faber-Castell, Marcelo Tabacchi. O executivo tem se dedicado a avançar na agenda ESG dentro e fora da companhia.
“Estamos determinando objetivos ambiciosos para nós mesmos e queremos tornar nossos desempenhos ainda mais mensuráveis, contribuindo de forma efetiva para o meio ambiente e para a nossa sociedade”, destaca.
Em rede
Uma das primeiras companhias nacionais a investir no modelo de marketing de rede, a Hinode Group aderiu ao Pacto Global da ONU, iniciativa das Nações Unidas, que é a maior rede mundial de sustentabilidade e que tem o propósito de orientar as empresas a adequarem ou aperfeiçoarem suas ações em relação aos 10 princípios universais da entidade, baseados em Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente, Anticorrupção e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A companhia agora terá sua jornada ESG impulsionada com a entrada na Rede Brasil do Pacto Global
CEO do Hinode Group, Marília Rocca. (Foto: Reprodução)
A CEO do Hinode Group, Marília Rocca, assinou a carta de comprometimento, onde a empresa reforça o seu compromisso com todas as diretrizes, visto que a marca já nasceu com o ESG intrínseco em suas estratégias. “Desde o surgimento, a empresa sempre foi voltada para o desenvolvimento social, pois é uma plataforma de empreendedorismo voltada para micros e pequenos empreendedores. No lado ambiental também sempre concentrou esforços, porém temos executado estratégias para que continuemos sendo uma empresa de vanguarda, acompanhando as necessidades dos novos tempos”, afirma Rocca.
A adesão ao Pacto Global chega para laurear os feitos do Hinode Group, mapeados em seu primeiro Relatório de ESG, publicado neste ano, onde apresenta resultados de processos internos, detalhando indicadores e métricas alcançados pela empresa, onde destaca-se movimentações voltadas aos aspectos ambientais, sociais, econômicos e de governança.
“Esta adesão foi recebida com muita felicidade, indicando que as nossas operações estão cada vez mais alinhadas com o que acreditamos: ser uma multinacional que está atenta aos impactos positivos e mitigar aqueles que possam interferir negativamente na sociedade em geral”, finaliza Rocca.
Flávia Gemignani, diretora associada e líder do Centro de Customer Insight do BCG para América do Sul. (Foto: Reprodução)
Luxo sustentável
A indústria do luxo deve crescer 6% entre 2022 e 2026, além de retornar aos níveis de criação de valor pré-covid-19 -- a conclusão é do novo artigo do Boston Consulting Group em parceria com a Potloc, intitulado “How Luxury Companies Can Advance as Responsible Pioneers”. De acordo com a pesquisa, realizada em abril deste ano, 60% dos entrevistados levam em conta o desenvolvimento sustentável na hora de comprar um produto e seis em cada dez acreditam que a indústria do luxo deve se encarregar de uma transformação ESG mais ampla.
Para Flávia Gemignani, diretora associada e líder do Centro de Customer Insight do BCG para América do Sul, as casas de luxo que renovam suas coleções com maior frequência são as mais pressionadas para enfrentar questões ambientais.
O estudo do BCG ressalta que, para aumentar os esforços em ESG, as casas de moda não devem buscar esforços separadamente, ao contrário: os atores do segmento devem se unir para desenvolver e criar materiais sustentáveis para o futuro. Porém, em contrapartida, ainda há muito para avançar, já que, entre os setores mais inovadores, a indústria de luxo aparece em sétimo lugar -- a primeira posição é ocupada pela área de tecnologia.