Juliana Azevedo, da P&G: Case de Pampers e Always básicos é algo que Harvard ensina em cursos de marketing

Lideranças femininas assumem o compromisso de estimular a equidade em cargos estratégicos e de governança.

Juliana-AzevedoJuliana Azevedo, presidente da Procter & Gamble - P&G. (Foto: Reprodução)

O levantamento Panorama Mulher, realizado pelo Insper, apontou que uma mulher na liderança aumenta quatro vezes a chance de ter outra em cargo de conselho. Além disso, cresce em 2,5 vezes a inserção de profissionais femininas no comando operacional das empresas, criando cada vez mais paridade. Outros indicadores da FGV e um estudo publicado pela *McKninsey & Company* também constatam que companhias mais diversas em cargos de chefia têm 21% mais chance de apresentar resultados acima da média.

No Brasil, onde segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres somam 51,03% da população, apenas 14% do Congresso tem parlamentares mulheres, o que coloca o país na 132ª posição dos países classificados com índices de mulheres participantes na política institucional. Os números da desigualdade estão também no mercado de trabalho nacional, onde apenas 35% das empresas têm a força delas na liderança, segundo análise apresentada pela agência de governança corporativa, BR Raiting.

No entanto, há empresas que, na contramão deste cenário, destacam-se como companhias que investem no potencial feminino e fomentam práticas em favor da diversidade, igualdade e inclusão. Tal como o Grupo Sabin, que recentemente recebeu o prêmio WEPS, realizado pelo Programa Ganha-Ganha, uma parceria entre ONU Mulheres e a Organização Internacional do Trabalho, na categoria Ouro - Grandes Empresas, pelas suas políticas e programas que valorizam as pessoas. A premiação da edição 2021 destacou as empresas que têm em seus pilares estratégicos investir em práticas favoráveis ao empoderamento econômico e a liderança das mulheres, para um crescimento sustentável, inclusivo e equitativo.

"Nos orgulhamos de recebermos este prêmio que celebra algo que está na nossa essência: levantar a bandeira do protagonismo feminino, promovendo na prática os conceitos da diversidade, dentro de um ambiente plural e justo. É esse encontro de diferentes ideias que nos move e nos incentiva a criar uma atmosfera propícia à Igualdade de gênero em tudo o que fazemos. É uma conquista para celebrar e também reafirmar o nosso compromisso de seguir influenciando o mundo corporativo brasileiro a avançar nesta causa tão nobre e legítima", destaca a Presidente do Grupo Sabin, Lídia Abdalla.

Progresso

Atualmente, dos mais de 5.700 colaboradores do Grupo Sabin, 77% são mulheres e 75% ocupam cargos de liderança, enquanto a média brasileira é de apenas 40%. Outro indicador positivo está no percentual de 0 % de rotatividade de mulheres após retorno de licença maternidade: "Um mercado mais igualitário e justo resulta em corporações mais saudáveis e sustentáveis, por isso, é necessário evoluir nesta pauta para acelerar a equidade no ambiente corporativo. Precisamos que ambientes plurais sejam prioridade nas organizações. Isso promove motivação e ganho de produtividade, fatores que a elevam a competitividade, agregam valor aos modelos de negócios e propiciam crescimento do capital intelectual, clima organizacional favorável, redução de turnover, equipes mais criativas, soluções inovadoras", ressalta a executiva.

A experiência anterior em dois grandes bancos internacionais, inclusive atuando em várias geografias e linhas de negócios, o seu histórico nas diferentes responsabilidades que assumiu, seu background educacional e cultural, sua fluência em vários idiomas, além das suas características pessoais, levaram a executiva Sylvia Brasil Coutinho a assumir a presidência do Grupo UBS BB *Investment Bank* e a ser responsável pela área de Wealth Management para a América Latina.

De acordo com ela, é um trabalho desafiador crescer atuando em um banco internacional no Brasil. “Este é um dos mercados financeiros mais competitivos que conheço, e sobretudo torná-lo cada vez mais relevante. Foram muitas medidas tomadas ao longo destes oito anos para construir o grupo UBS no Brasil, em um período de mercado delicado. Olhando para trás, e tendo ao lado um time coeso e focado e, além disso, uma sólida parceria com o Banco do Brasil na área de banco de investimentos, com a formação do UBS BB, posso dizer que conseguimos superar os objetivos que me foram colocados. Mas, além das medidas, eu destacaria as atitudes, e principalmente a resiliência frente às dificuldades do mercado brasileiro e internacional. Não podemos esquecer que estamos em um negócio de pessoas, logo, ter uma boa equipe é tudo, e saber escolher o time, desenvolvê-lo e retê-lo é fundamental”, enfatiza.

g_66_0_1_11102021130321Sylvia Brasil Coutinho, presidente do Grupo UBS. (Foto: Reprodução)

Em ação

Sylvia destaca três projetos aos quais se dedicou e orgulha-se dos resultados: “A integração da Link Investimentos, uma das maiores corretoras institucionais do mercado, a parceria com o Banco do Brasil na área de Investment Banking, representada pelo UBS BB, onde completamos com sucesso mais de 150 transações em apenas um ano de vida, e a aquisição do *Multi-Family Office Consenso*, focado na gestão de patrimônio, além da “*last but not least*”, ter sido uma das pioneiras no Brasil nas discussões de ESG e diversidade, quando nada disso estava em voga como está hoje. E falando nisso, somos o banco, e porque não dizer, somos uma das empresas com a maior diversidade no topo no Brasil, com praticamente metade da liderança composta por mulheres”, salienta.

Pensando na formação e incentivo a novos talentos, à diversidade, equidade e liderança das mulheres no mercado financeiro, em 2019 o Grupo UBS criou, em parceria com outros quatro bancos o *Dn’A Women* - um curso anual e gratuito de desenvolvimento pessoal e profissional para estudantes universitárias cisgênero e transgênero, assim como o Grupo DE&I - diversidade, equidade e inclusão, com representantes de cada área do grupo, cujo foco das iniciativas são: Programa Jovem Aprendiz, Liderança Inclusiva e Recrutamento diverso.

Hoje, o comitê executivo do Grupo UBS no Brasil é formado por 50% homens e 50% mulheres. Além da diversidade de gênero, o UBS também tem uma preocupação com a diversidade racial, por isso, em 2015, foi criado o networking MOSAIC, que hoje conta com aproximadamente 3.500 funcionários da instituição ao redor do mundo, com a ambição de promover, apoiar e celebrar a diversidade cultural, por meio de educação, mentoria, engajamento e serviços à comunidade.

Lidia-Abdalla-Sabina3Lídia Abdalla, presidente do Grupo Sabin. (Foto: Reprodução)

Resultados expressivos

Se tornar presidente de uma grande multinacional como a Procter & Gamble - P&G, sempre foi um sonho e um objetivo pelo qual Juliana Azevedo, presidente da companhia no Brasil, trabalha há muito tempo.  Sempre dedicada ao trabalho e focada em resultados, a executiva entendeu que para crescer precisava mostrar para a empresa que fazia a diferença, não só em gestão, como também trazendo resultados expressivos para o negócio. E foi o que aconteceu.

Sua carreira na P&G teve início em 1996, como estagiária na área de Marketing, trabalhando com os produtos de cuidados femininos e para bebês. Em 1998 foi efetivada, quando a marca Pampers, por exemplo, ainda não era tão reconhecida e forte no Brasil. Segundo ela, foi um trabalho de formiguinha para conquistar e manter até hoje a liderança do mercado.

“Trabalhamos muito, construímos essas marcas e investimos em versões dos nossos produtos que eram mais acessíveis aos brasileiros, como Pampers e Always básicos. Foi então, que assumi a posição de gerente de Produto para as marcas de cuidados femininos, tendo Always como principal. Foram projetos de muito sucesso e que levaram as marcas à liderança dos seus mercados. É um case que Harvard ensina até hoje em seus cursos de marketing, algo do qual tenho muito orgulho de ter criado junto com pessoas extraordinárias”, evidencia.

Depois, Juliana assumiu a diretoria para as marcas de beleza da empresa no Brasil, cuidando de Pantene e Head&Shoulders. Logo após, acumulou a função de diretora de vendas e nesse período começou a ter uma experiência fora do mercado de marketing, sendo alguns anos depois, promovida a VP de Beleza para América Latina - momento em que passou a ter uma visão de operação, entrando nas questões de fábricas, supply e RH etc. “Por último, antes de voltar ao Brasil, atuei como VP Global para as marcas de cuidados femininos da P&G, coordenando desde estratégias até desenvolvimento de produtos e comunicação em mais de 152 países. Foi um grande desafio, já que tinha um objetivo de, a curto prazo, transformar os resultados dessa unidade de negócios. A meta foi alcançada e mudamos o cenário global dessas marcas até os dias de hoje, em que a categoria continua crescendo fortemente. Todos esses trabalhos e estratégias me levaram até onde estou”, detalha a executiva.

O seu estilo de liderança - de todos os dias procurar entender onde ajudar, também faz diferença, acredita. “Estou aqui para trabalhar com e para meu time, eliminando barreiras para conquistar resultados para a companhia e para o desenvolvimento pessoal de cada um. Tenho muitos canais de comunicação. Falo com toda a organização uma vez por mês - e, nos primeiros meses de pandemia, foi uma vez por semana. E tenho meu Instagram 100% profissional, em que recebo ideias que as pessoas não dão no meu e-mail. Acho que essa transparência gera confiança. Sinto que tenho quatro mil funcionários ao meu lado, com quem posso conversar e trocar ideias. Isso é muito valioso e está diretamente ligado ao meu foco, que é vir trabalhar todos os dias e praticar uma liderança proposital, multiplicando meu impacto na sociedade”, orgulha-se.

Nos trilhos

A Rumo, operadora de ferrovias do Brasil, recebeu o certificado *Women on Board*, também criado com apoio da ONU Mulheres, que reconhece, valoriza e certifica organizações que têm ao menos duas mulheres nos conselhos de administração ou consultivo. O selo vai ao encontro dos investimentos da Companhia em práticas que colaborem para a evolução dentro do contexto de ESG - Governança Ambiental, Social e Corporativa. Pela primeira vez em sua história, a companhia tem hoje três executivas no Conselho de Administração, de um total de nove membros.

No primeiro semestre deste ano, passaram a integrar o *board* da Rumo, Maria Rita de Carvalho Drummond, que também é vice-presidente Jurídica da Cosan; Janet Drysdale, vice-presidente de Planejamento Financeiro da Canadian National Railway, considerada a maior ferrovia do Canadá; e Maria Carolina Ferreira Lacerda, economista com 25 anos de experiência em instituições financeiras como os bancos UBS, Merrill Lynch, Deutsche Bank e Bear Stearns.

Mulheres sustentáveis

Pensando na retomada da economia, em formas de gerar energias mais limpas e dar oportunidades, a Órigo Energia criou o projeto Mulheres de Origem. O objetivo da empresa é incentivar o trabalho feminino na construção das fazendas solares na região de Papagaios, em Minas Gerais, onde a empresa tem duas fazendas solares com capacidade de 2,5 MW.

Hoje, mais de 50% dos colaboradores da Órigo Energia são mulheres, sendo 46% dos cargos de liderança. Uma delas é justamente Tatiana Fischer, que está na empresa há quase cinco anos. "O foco do projeto é oferecer mais do que uma vaga de trabalho. As mulheres que fazem parte da iniciativa estão se reinventando e aprendendo uma função que nunca imaginariam exercer, já que até então a construção de plantas de energia solar era caracterizada por equipes, quase em sua maioria, masculina", detalha Tatiana.

Recomendações práticas

Mars avança no compromisso com a equidade de gênero e apresenta resultados do estudo global #HereToBeHeard

A Mars, uma das maiores empresas alimentícias do mundo lançou o relatório #HereToBeHeard, compartilhando as descobertas do estudo global elaborado para amplificar as vozes de mulheres de todas as idades, raças, sexualidade e religião ao redor do mundo. O objetivo é promover ações de igualdade de gênero com base nas informações coletadas, visando moldar um ambiente de negócios mais inclusivo, criando um mundo onde todas as mulheres possam prosperar.

Para isso, durante três meses, mais de 10 mil mulheres de 88 países - incluindo o Brasil, que ficou em 4º lugar em participação - responderam à pergunta: "o que precisa mudar para que mais mulheres possam alcançar seu máximo potencial?".

"Desde o início da experiência, soubemos que nossas vozes teriam alto impacto, mas não tínhamos ideia da sua magnitude. Participar como associada e receber as recomendações como líder dentro da companhia, certamente impactará positivamente os nossos objetivos traçados para o presente, em direção ao futuro que queremos ver", comenta Mariana Lucena, Diretora de Assuntos Corporativos da Mars Wrigley e participante da pesquisa.

O resultado é um relatório - parte da plataforma Mars Full Potencial - inspirador que desafia a sociedade em geral a ouvir, aprender e fazer mais para ajudar a trabalhar a equidade de gênero. "Estamos usando os dados e recomendações de especialistas para gerar nossos próximos passos, moldar nossas prioridades e orientar nossos investimentos. A mensagem é alta e clara - cabe a todos nós marchar para frente e ajudar todas essas vozes a atingir todo o seu potencial", comenta Stefanie Straub, vice-presidente e conselheira geral da Mars Incorporated.