Julia Piccolomini, da Hash: 'Jovens estão mais bem equipados para reagir a mudanças repentinas'
Com incentivo à equidade de gênero, investimento em diversidade e outros movimentos, ecossistema de negócios no Brasil passa por transformações.
Julia Piccolomini, líder de Diversidade e Inclusão na Hash. (Foto: Divulgação)
Construir equipes com origens e características diferentes é uma estratégia considerada ideal para ampliar a percepção sobre as demandas da empresa, instigam mais debates, traz novas perspectivas e gera soluções inteligentes. A inserção de jovens no mercado empresarial, também ajuda agregar a todo esse contexto, podendo criar modelos mais robustos de gestão, sendo, ainda, positivo para o contexto produtividade e moral no ambiente de trabalho.
Na Hash, fintech do mercado de meios de pagamento com um modelo de negócios voltado para o mercado B2B, diversidade faz parte do pilar estratégico para estimular a inovação por meio das diferentes vivências. Para Julia Piccolomini, líder de Diversidade e Inclusão na Hash, a geração mais jovem possui a vantagem de ter crescido em meio à tecnologia, afinidade que naturalmente diferencia de outras gerações.
“Quando surgem circunstâncias inesperadas, os jovens estão mais bem equipados para reagir a mudanças repentinas que é mais um benefício para o cenário mutante de fintechs e startups onde processos, tecnologia e prioridades estão em constante mudança”, avalia.
Bissexual, umbandista e pessoa com deficiência física - distrofia muscular de cinturas-, Julia destaca que a empresa parte do princípio que diversidade por si só é um estímulo para a inovação. Para ela, porém, para atuar estrategicamente com diversidade é preciso cuidar das políticas e processos que assegurem isso na prática. “Para alcançar a inovação é preciso haver comunicação assertiva, escuta ativa, comunicação não violenta, empatia, conscientização, gestão de conflitos, respeito e equidade entre as pessoas diversas da empresa”, comenta.
Thaís Azevedo, CMO do Zé Delivery. (Foto: Divulgação)
Chegou
Presente e disponível pelo site ou app em mais de 300 cidades em todos os estados brasileiros, o Zé Delivery, aplicativo de entrega de bebidas e alimentos para consumo imediato também se beneficia de seu próprio ambiente disruptivo e diverso. Parceira de gigantes como Ambev e Minerva Foods, a diversidade é a prioridade para a empresa.
“Temos uma área dedicada ao tema, criada há mais de um ano, e que já acumula diversas conquistas. Nosso propósito é o de promover, genuinamente, um ambiente inclusivo, confortável e seguro, onde todas as vozes sejam ouvidas e sempre respeitadas. A área é dedicada a grupos sub-representados e historicamente oprimidos, com o objetivo de garantir o bem-estar, segurança, apoio e inclusão dessas comunidades”, detalha Thaís Azevedo, CMO do Zé Delivery.
A executiva conta que desde o processo de contratação, a startup trabalha a sensibilização e o letramento de todos os funcionários e, principalmente, da liderança, com o objetivo de promover um ecossistema aberto para que todos se sintam livres para serem quem são, onde, como e quando quiserem.
“Além disso, recentemente atingimos equidade de gênero nos cargos de liderança da empresa, com 51% de mulheres os ocupando. Pessoalmente, esse é um tema importante para mim como mulher e mãe, pois sei que estou em um ambiente seguro e respeitoso, o que infelizmente não é uma realidade para muitas mulheres no país”, reflete.
Da esquerda para a direita: as sócias Jaana Goeggel, Erica Fridman, Flávia Mello e Mariana Figueira. (Foto: Divulgação)
Sororidade
Quando as sócias Flávia Mello e Erica Fridman Stul criaram o Sororitê, no início de 2021, não tinham a dimensão do que viraria aquele então pequeno grupo informal, com pouco mais de 10 mulheres, que se encontravam para trocar informações e experiências sobre investimento anjo, venture capital e para fazer análises. O movimento se tornou o maior grupo do Brasil de investidoras mulheres, comemorando seu primeiro aniversário com quase R$ 3 milhões em captação.
Contando recentemente com as sócias Mariana Figueira e Jaana Goeggel, o Sororitê foi criado para estreitar os caminhos entre fundadoras de startups e investidoras ao democratizar o assunto para o público feminino que tem a intenção de investir em capital de risco.
“Queremos que o Sororitê seja o grupo de referência para fundadoras que buscam capital e expertise. O objetivo é potencializar as mulheres em todos os setores - sejam eles setores com mais fundadoras como femtechs até setores dominados por fundadores homens como fintech e agrotech”, explica Mariana.
A longo prazo, a ideia é que companhia se transforme em uma vitrine de investimentos de produtos financeiros de venture capital, com foco no viés de gênero. “Uma vez que o ecossistema está amadurecendo queremos oferecer para as mulheres da rede, mais opções de investimentos”, adianta Jaana. Além disso, elas visam chegar ao final de 2022 com 100 membras, abrir oportunidades de investimento para pessoas fora da rede também e alcançar R$10 milhões em captação.