Gerdau, Nestlé e Kodak: empresas centenárias no Brasil são raras, mas têm em comum o olhar para o futuro
Reconhecer e valorizar o papel das companhias com 100 anos de história no Brasil e sua contribuição para o crescimento da economia é fundamental.
“Chegar aos 120 anos é um marco muito significativo para uma empresa brasileira”, diz Gustavo Werneck, CEO da Gerdau. (Foto: Divulgação)
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de cada dez empresas, seis não sobrevivem após cinco anos de atividade. Crises, revoluções comportamentais e tecnológicas, mudanças políticas, falta de planejamento, de capital, são diversos fatores que influenciam nessa sobrevivência, por isso, reconhecer e valorizar o papel das companhias com 100 anos de história no Brasil e sua contribuição para o crescimento da economia é fundamental.
Maior produtora de aço do Brasil e uma das principais fornecedoras de aços longos nas Américas e de aços especiais no mundo, a Gerdau completou 120 de Brasil em janeiro, estando presente em dez países e com mais de 30 mil colaboradores. Sua história começou em 1901, em Porto Alegre (RS), quando João Gerdau e seu filho Hugo lançaram as bases da empresa com inauguração da Fábrica de Pregos Pontas de Paris. Somente nos anos 1940, a companhia entrou no setor do aço com a usina Riograndense na cidade de Sapucaia do Sul. A partir deste momento foi se espalhando pelo Brasil e depois com aquisições e expansões no Uruguai, Canadá, Argentina, Colômbia, Estados Unidos, Peru e México.
O pioneirismo empreendedor do imigrante alemão, e toda a família Gerdau Johannpeter, que atuou por todos esses anos, ajudou a Gerdau a atravessar um século de existência fazendo história e se reinventando para um futuro melhor. Hoje, a companhia tem foco em dois grandes desafios: gerar mais valor para seus clientes localizados em seus principais mercados, especialmente nas Américas e tornar-se uma organização ainda mais sustentável, em todas as suas dimensões. “Chegar aos 120 anos é um marco muito significativo para uma empresa brasileira. Uma história construída por muitas gerações de colaboradores e parceiros que tornaram possível a Gerdau que temos hoje. Por isso, queremos honrar a nossa trajetória e projetar os próximos 120 anos. Queremos ser uma empresa diferente do modelo tradicional de produção de aço e ter foco centrado cada vez mais nos nossos clientes”, comenta Gustavo Werneck, CEO da companhia desde 2018, e primeiro fora no núcleo familiar.
Em 2014, a empresa deu início a sua mudança cultural que deu sustentação a outro avanço arrojado: a transformação digital. “Esse movimento não teria sido possível sem as mudanças ocorridas em paralelo na cultura da organização e da adoção de um mindset de agilidade, que deu origem à digitalização de processos internos e a novas plataformas de aproximação e relacionamento com clientes e outros stakeholders. Essa transformação tem como principais focos: prover a melhor experiência aos nossos clientes; buscar produtividade expandindo nossas ações de Indústria 4.0; ter a cadeia de supply chain integrada com foco no cliente e otimizar matérias-primas”, conta Werneck.
Na casa dos brasileiros
Com um século de história no país, a Nestlé criou uma memória afetiva entre os brasileiros. Com um portfólio de mais de mil produtos em 15 segmentos, para todas as faixas etárias e diferentes necessidades de consumo, ela está presente em 99% dos lares no Brasil, segundo pesquisa da Kantar Worldpanel. Mas, a empresa que sempre foi associada a seus chocolates e suas marcas pioneiras, como Ninho, Nescau e Leite Moça, hoje amplia seu portfólio visando o futuro e a nova tendência de alimentação saudável.
“A Nestlé chega aos 100 anos no Brasil em uma jornada com marcos importantes e o orgulho de fazer parte da vida do brasileiro”, diz Marcelo Melchior, presidente da Nestlé Brasil. (Foto: Divulgação)
Líder mundial em alimentos e bebidas, a Nestlé atua em 190 países e tem sede na cidade suíça de Vevey. No Brasil, são vinte unidades industriais, três centros de distribuição e mais de 50 brokers, empregando mais de 30 mil pessoas e 320 mil pontos de vendas assistidos. Com o expressivo crescimento de vendas em determinados produtos durante a pandemia, como os cafés, que chegaram a ter aumento de até 80% segundo a Nielsen, a empresa realizou no final de 2020, investimento de R$ 763 milhões em suas operações brasileiras, 40% superior ao aplicado no ano anterior. A unidade de Montes Claros (MG), onde são fabricadas as cápsulas Dolce Gusto, por exemplo, recebeu investimento de R$ 100 milhões para ampliação e modernização do sistema de produção. Segundo o presidente da Nestlé Brasil, Marcelo Melchior, os investimentos já miravam 2021, o ano do centenário da empresa.
E para comemorar a data, a Nestlé está distribuindo R$ 8 milhões em uma promoção que incentiva os brasileiros a sonharem com um futuro melhor. “A Nestlé chega aos 100 anos no Brasil em uma jornada com marcos importantes e o orgulho de fazer parte da vida do brasileiro. Temos um propósito que marca essa campanha: alimentando um futuro melhor. Essa é a Nestlé dos próximos 100 anos, uma marca com uma conexão afetiva com o brasileiro, com um compromisso com o consumo cada vez mais consciente, o cuidado com a nutrição e o bem-estar de milhões de pessoas de todas as idades e o respeito à natureza”, diz o vice-presidente de Marketing & Comunicação da Nestlé Brasil, Frank Pflaumer.
Inovação e sustentabilidade
Nos últimos anos, a Nestlé vive uma jornada de renovação de seu portfólio, seguindo a tendência da população que hoje busca cada vez mais por hábitos alimentares e estilos de vida saudáveis. Segundo Pflaumer, esse um mercado em grande potencial e um dos grandes pilares no plano de lançamentos da empresa. “As inovações da Nestlé contemplam redução de ingredientes como, gorduras, açúcar e sódio, e aumento de ingredientes positivos como cereais integrais, fibras e proteína, além de vitaminas e minerais, como alimentos funcionais, integrais, fortificados. Em dois anos, foram 300 novos produtos”, diz.
“A empresa também investe no lançamento de itens orgânicos ou plant-based, feitos exclusivamente com ingredientes de origem vegetal. São cerca de 40 produtos com conceito plant-based no portfólio. Na linha do clean label, Nescau Orgânico foi lançado em 2020 com apenas três ingredientes: leite, açúcar demerara e cacau. O portfólio já inclui Chocolate Talento Terruá e Essentia, Papinhas NaturNess, Ninho e Molico em pó orgânicos, Aveia Orgânica”, completa Pflaumer. E visando uma produção em larga escala de produtos nesta frente, a companhia tem investido no apoio do desenvolvimento de cadeias rurais orgânicas no país.
A Nestlé tem como meta ser o produtor de alimentos mais sustentável do país e, globalmente, atingir o impacto ambiental neutro em suas operações até 2050. Dentre as iniciativas para isso estão o projeto “Mucilon: Cuidando do Planeta para o Seu Filho”, que visa o plantio no Brasil de 1 milhão de árvores no sul da Bahia, para contribuir com o reflorestamento da Mata Atlântica; além do Projeto RE – Reduzir, Recriar e Repensar. “Essas são algumas das ações que fazem parte do compromisso global da Nestlé de tornar 100% das embalagens recicláveis ou reutilizáveis até 2025. Hoje, 95% das embalagens já são desenhadas para reciclagem ou reutilização. No campo, são mais de 13,5 mil produtores que têm alguma forma de relacionamento com os programas de qualidade nas cadeias de leite, cacau, café, cereais, frutas e vegetais, que garantem uma produção sustentável e trazem modernidade à agricultura brasileira, inclusive na cadeia orgânica”, conta o executivo.
Retratos de uma nova era
Outra empresa que entrou para o seleto grupo de centenárias é a Kodak, marca que fez parte da vida e memória dos brasileiros por meio da fotografia. Em 1892, em Nova York, George Eastman fundou a Eastman Kodak Company. No Brasil, a companhia chegou em 1920, no Rio de Janeiro e na década de 1950 já estava presente em todos os continentes e em diversas cidades do país, crescendo exponencialmente e ampliando seu portfólio que, além dos filmes de rolo passou a ter papéis fotográficos, produtos químicos e câmeras fotográficas, incluindo o pioneiro modelo portátil.
“Kodak é uma marca que está no coração de todos os brasileiros. Quem pensa na Kodak, vai se lembrar de sua história na área da fotografia”, diz Gilberto Farias, presidente da Kodak no Brasil. (Foto: Divulgação)
A entrada do novo século trouxe novas tecnologias e a empresa precisou se reinventar. Com sua tradição secular na área de imagem, e amplo know-how tecnológico, a Kodak fez mudanças estratégicas e passou a atuar fortemente no segmento gráfico, que, desde a década de 1990, tem auxiliado na substituição de filmes tradicionais e de informática para sistemas de placas. Com seu espírito vanguardista, a Kodak já é líder mundial no Brasil na área de equipamentos de CTP (Computer to Plate, sistemas usados para gravar diretamente chapas de impressão sem uso de fotolitos), e revolucionou o segmento offset com o lançamento de uma ampla família de equipamentos, com destaque para a pioneira tecnologia de chapas livres de processamento Sonora, com a qual também é líder no país e um grande caso de sucesso na América Latina.
“Kodak é uma marca que está no coração de todos os brasileiros. Quem pensa na Kodak, vai se lembrar de sua história na área da fotografia e, dentro do segmento gráfico, nossa marca continua associada à qualidade, à transformação da indústria e à confiabilidade junto de nossos clientes”, diz Gilberto Farias, presidente da Kodak Brasileira. Ele ressalta que o mercado nacional tem acompanhado, com entusiasmo, as mudanças estratégicas pelas quais passa a empresa, que estão gerando a abertura de novas áreas de negócios e novos produtos para a indústria gráfica e os segmentos de materiais avançados e químicos.
A empresa já anunciou novidades para o segmento gráfico por meio de novas tecnologias de CTPs com automações, tecnologias de impressão digital, software de fluxo de trabalho baseado em nuvem e filmes cinematográficos para a indústria do entretenimento. “Em relação a novas soluções e inovações, a Kodak continua investindo em tecnologias de chapa digital cada vez mais sustentáveis, bem como em sistemas de impressão a jato de tinta digital em parceria com a Uteco, sendo a única a utilizar tintas à base de água e ecológicas em plásticos e papel”, diz Gilberto. “Onde temos tecnologia de imagem, temos Kodak. Tenho certeza que, com tudo isso, estamos fortemente preparados para mais 100 anos de sucesso no Brasil e no mundo!”, finaliza.