Christian Gebara, da Vivo: 'Companhia absorverá cerca de 12,5 milhões de novos clientes da Oi, a maior parte vinda do Nordeste'

Vivo é liderada por Christian Gebara, primeiro brasileiro a ocupar a posição de copresidente da Força Tarefa de Digitalização no B20. (Foto: Reprodução)

Os resultados financeiros da Vivo, no primeiro trimestre do ano, foram marcados pelo maior crescimento da receita líquida, que registrou mais de R$ 11,3 bilhões — aumento de 4,6% em comparação com o mesmo período do ano passado. Trata-se da maior alta dos últimos sete anos. O desempenho foi impulsionado pelas receitas móvel e fixa – com destaque para fibra –, que mantiveram a trajetória de evolução dos trimestres anteriores.

O avanço financeiro acompanha o aumento de acessos que, no final de março, aproximaram-se de 100 milhões, consolidando ainda mais a Vivo como a principal escolha dos brasileiros no segmento. A companhia também vem se consolidando como um hub digital de serviços nas áreas da educação, saúde, entretenimento e finanças

A Vivo é liderada por Christian Gebara, primeiro brasileiro a ocupar a posição de copresidente da Força Tarefa de Digitalização no B20, fórum formado por lideranças empresariais globais para produção de recomendações de políticas públicas ao G20, que se reunirá, em novembro, na Indonésia.

Em 2011, com a integração que deu origem à Telefônica-Vivo, o executivo assumiu a vice-presidência de Estratégia e Novos Negócios e um ano após (2012) a vice-presidência de Negócio Móvel. Em janeiro de 2015, pós fusão com GVT assumiu a posição de CRO (Chief Revenue Officer) e, após isso, a de COO, responsável por todas as áreas de negócio (B2C, B2B e Atacado), áreas operativas (Redes, TI e atendimento ao cliente) e áreas de Inovação e Digital.

Em janeiro de 2019, Gebara assumiu como presidente da Vivo e, nesta entrevista, o executivo enumera as principais realizações da companhia sob sua gestão e perspectivas para os próximos anos.

Revista LIDE: A companhia tem focado em investimentos contínuos em todas as suas linhas de negócio?

Christian Gebara: De janeiro a março, a Vivo investiu em sua operação cerca de R$ 1,9 bilhão. O fluxo de caixa livre atingiu R$ 2,5 bilhões, com alta de 12,6%, permitindo o investimento contínuo na expansão dos negócios core business, assim como o reforço na remuneração ao acionista por meio do Programa de Recompra de Ações. Apresentamos um resultado operacional forte, com receitas que ascendem a cada trimestre, impulsionadas pela excelente performance dos negócios core, como fibra, serviços móveis e digitais, responsáveis por cerca de 90% de todo o portfólio da Vivo. Além disso, mantivemos o controle de custos e fomos mais eficientes na distribuição dos investimentos, com foco em tecnologias que contribuem para a digitalização do país e para o crescimento econômico.

O que muda com a concretização da aquisição de ativos móveis da Oi Móvel – realizada com outras duas empresas que atuam no mercado nacional?

Ao longo dos próximos anos, a companhia absorverá cerca de 12,5 milhões de novos clientes, a maior parte vinda do Nordeste, região em que a Vivo se destaca das demais operadoras por ter a maior rede móvel com as tecnologias 3G, 4G e 4,5G. Apesar disso, a empresa ainda contava com o menor market share na região, cenário que agora se inverte e alça a Vivo à liderança no mercado móvel no Nordeste do país.

Como será o atendimento dessa nova base de acessos?

Todos serão atendidos pela empresa que é a líder em infraestrutura de telecomunicações no país e que tem o mais amplo canal comercial. Podemos recebê-los com uma qualidade excelente e oferecer a melhor experiência em todos os pontos de contato, tanto via o acesso à nossa extensa rede de lojas físicas, central de atendimento ou pela comodidade do App Vivo. Esses clientes serão beneficiados por meio dos nossos acordos com as marcas mais desejadas do mercado, como Amazon, Netflix e Globoplay, com preços diferenciados e com pagamento na fatura Vivo, além de ampla oferta de serviços digitais, de entretenimento a serviços financeiros.

Que tipo de serviços e diferenciais a empresa tem oferecido para ganhar tamanho espaço entre os clientes?

Na área de serviços financeiros, anunciamos recentemente o Vivo Pay, nossa conta digital. Também anunciamos novos cartões Vivo Itaucard, com benefícios variados, para atender diferentes perfis e desejos dos nossos clientes. Do mesmo modo, temos parcerias em outras áreas, como, por exemplo, Esportes (NBA, NFL e Copa do Nordeste) e Utilidades (Microsoft: Vivo foi a primeira operadora de telecomunicações das Américas a oferecer para seus clientes a assinatura mensal do Microsoft 365, permitindo que clientes de planos pós-pago e controle possam assinar o pacote Family do serviço da Microsoft pelo valor de R$ 45,00 por mês, cobrado diretamente na conta de celular). Também é importante mencionar o nosso Vivo Shopping, marketplace da Vivo, no qual é possível comprar eletroeletrônicos de diversas marcas, desde games até refrigeradores inteligentes. Começamos com importantes sellers, como Samsung, Electrolux, Philips, Web Continental, Xiaomi e, hoje, já contamos com cerca de 70 parceiros.

A Vivo já mensura qual será o impacto do 5G nos produtos e serviços da companhia?

Temos um dos maiores backbones do país, que será um diferencial para implantação da tecnologia, pois as antenas do 5G devem estar conectadas por uma rede de transmissão de alta capacidade e qualidade que funcionará como um pulmão para a nova rede móvel. Com a infraestrutura pronta (é necessário apoio de legislação local para adequação dessa infraestrutura), abrimos um mundo de possibilidades para clientes e sociedade em geral, posicionando a Vivo como esse hub de serviços digitais. A rede 5G suportará aplicações em ambientes que exigem altíssimas velocidades e latência ultrabaixa, beneficiando não apenas os consumidores com melhor usabilidade de soluções, mas também traz capacidade para conectar as empresas, revolucionando o conceito de indústria 4.0. Queremos promover, de maneira acelerada, o acesso digital para o maior número de pessoas e empresas em todo o país, e o 5G é fundamental para esse propósito. E ter tido uma posição de protagonista no leilão está em linha com o nosso propósito de digitalizar para aproximar. Assim, entregamos ainda mais valor para os acionistas, colaboradores, clientes e parceiros.

Como a aceleração da transformação digital impacta áreas estratégicas, como educação, por exemplo?

A área de educação é um dos pilares centrais da nossa estratégia de hub de serviços digitais, posicionando a Vivo como uma empresa que oferece mais do que conectividade em ultravelocidade. Queremos contribuir para levar conhecimento para cada vez mais pessoas, aproveitando o alcance dos dispositivos móveis como ferramenta de inclusão social para oferecer cursos de qualidade, com valores que cabem no bolso dos brasileiros e que visam preencher lacunas de qualificação educacional para o mercado de trabalho atual. Esse é um compromisso da Vivo que corrobora com nosso propósito de digitalizar para aproximar.

Outra marca da empresa é seu investimento em ações ESG. Quais os resultados de suas iniciativas?

Temos metas ambientais desde 2015, voltadas à redução de emissões, uso de energia renovável e energia consumida por volume de dados trafegados na rede. A Vivo já reduziu em 76% suas emissões entre 2015 e 2021, alavancada principalmente pelo uso de energia 100% renovável (primeira empresa de telecomunicações brasileira a atingir esse marco) em suas operações. Só em 2021, reduzimos em 19% as emissões diretas de CO2. Lideramos, também, um importante movimento pela economia circular, o Recicle com a Vivo. Em 2021 foram 9,2 toneladas de celulares, cabos, pilhas e baterias sem uso recolhidos e destinados para reciclagem, um crescimento de 21% em relação ao ano anterior.

No âmbito social, mais de 2,7 milhões de pessoas foram beneficiadas por meio de iniciativas da Fundação Telefônica Vivo em projetos de educação em escolas públicas e voluntariado. Em Diversidade, vale destacar nosso recente programa de estágio, de caráter afirmativo, com 50% das vagas exclusivas para estudantes negros. Estamos recebendo os estudantes para trabalhar aqui na Vivo desde o início deste ano.