Betina Corbellini, da Mondelez Brasil: 'Hoje somos 50,02% de mulheres líderes em cargos de gerência, diretoria e vice-presidência'
Com foco na Diversidade, Equidade e Inclusão, empresas buscam resultados positivos em termos de produtividade, eficiência e pluralidade.
Betina Corbellini, vice-presidente da Mondelez Brasil. (Foto: Reprodução)
De acordo com o IBGE, as mulheres compõem 51,7% da população brasileira. Entretanto, esse número se reflete de maneira inexpressiva quando se trata do mercado de trabalho, no qual o cenário mostra cargos do alto escalão sendo ocupados majoritariamente por homens. Essa realidade é evidenciada no estudo “Análise da Participação das Mulheres em Conselhos e Diretorias das Empresas de Capital Aberto”, no qual dos 5.424 profissionais analisados, apenas 14,3% são mulheres.
Refutando o quadro ainda incipiente de diversidade e equidade de gênero nas empresas, a Mondelez International, dona de marcas como Lacta, Trident, Halls, Club Social, Bis, Oreo e Tang, acaba de cumprir, no Brasil, com a meta de mulheres em cargos de liderança. A companhia anunciou o compromisso de alcançar 50% dos cargos de liderança, a partir de gerência, ocupados por mulheres até 2024. Na ocasião, a líder de snacks contava com 45% e em apenas um ano excedeu a meta, alcançando 50,2%. A companhia também é signatária da ONU Mulheres e trabalha em conjunto com a instituição na promoção da equidade de gênero e no empoderamento feminino.
Para atingir a meta no prazo estipulado, foi necessário fortalecer as políticas internas voltadas ao público feminino. Assim, a empresa intensificou ações como o acolhimento, benefícios para amparar colegas mães, plano de sucessão de liderança, mentoria feminina, igualdade salarial, licença maternidade estendida, entre outras.
Já, para atrair novos talentos, a Mondelez Brasil optou por promover amplamente a diversidade e a inclusão, por meio de processos seletivos. Um exemplo disso foi a abertura de 80% das vagas do Programa de Estágio deste ano, voltada para a diversidade, além do primeiro programa de trainee da companhia, também focado nesse requisito.
“Analisando esses dados, estamos orgulhosos por sermos exemplo. Há pouco mais de um ano, traçamos a meta. Colocamos todos os nossos esforços nessa missão, e hoje, anunciamos que excedemos esse objetivo bem antes do prazo estipulado. Somos 50,02% de mulheres líderes em cargos de gerência, diretoria e vice-presidência. Agora, como continuidade, queremos não apenas reter esses talentos como também garantir que a equidade esteja refletida também nas áreas de manufatura, vendas e engenharia”, diz Betina Corbellini, vice-presidente da Mondelez Brasil, responsável também pela gestão de pessoas.
Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) também aponta que a participação das mulheres na liderança de empresas de capital aberto está muito abaixo do esperado. Entre as 337 empresas analisadas, 21,1% delas não contam com nenhuma mulher em seus conselhos ou diretorias.
“Considerando a agenda ESG, nós já avançamos bastante na implementação de ações para melhor governança e temos avançado expressivamente nas práticas ambientais, bem como em sua respectiva mensuração, o que é fácil constatar pelos relatórios anuais das companhias”, afirma Cristiane Locateli, sócia da Pryor Global. Para a executiva, há muito a ser feito na área social, principalmente quando se pensa em ampliação do número de mulheres em cargos de liderança.
“Além de ter mais lideranças femininas, é fundamental aumentar a presença de negros, indígenas, pessoas trans e outras minorias no mercado, para tornar as equipes mais diversas, colaborativas e integradas. Isso fomentaria muito a criatividade e a inovação em empresas dos mais diversos segmentos, acredita Cristiane. Infelizmente, a presença feminina nas lideranças e conselhos de administração ainda é muito pequena”, enfatiza Cristiane.
Formação
A P&G, pelo o seu programa Racial 360º, que promove iniciativas com foco em gerar mudanças reais e duradouras para solucionar o racismo estrutural presente no país, apresenta o Cria da Quebrada, um projeto que consiste em formar cerca de 25 profissionais negros para a indústria criativa da publicidade e propaganda.
O projeto é uma parceria com a Grey Brasil e a M.AD School of Ideas, escola de criatividade e estratégia mais premiada do mundo, Escola do Ano Festival de Cannes 2022, que lecionará o curso de preparação para criativos (redatores e diretores de arte). O curso tem duração de sete meses com proposta de beneficiar cerca de 25 alunos e ex-alunos da Universidade Zumbi dos Palmares, instituição de ensino superior sem fins lucrativos que tem como missão promover a inclusão e a formação qualificada de profissionais comprometidos com os valores da ética, da dignidade da pessoa humana e da diversidade étnico-racial.
O principal objetivo do Cria da Quebrada é capacitar a população negra para o mercado criativo da publicidade e propaganda, formado apenas por 15% de pessoas negras em cargos estratégicos de diretoria. Juntamente à meta para a multinacional em apresentar a diversidade brasileira não somente na propaganda televisa, mas, nos bastidores da empresa.
Liderança
“Há mais de 180 anos de existência,a P&G mantém um compromisso global de ser uma força para o bem e uma força para o crescimento. Somente quando ampliarmos nossa visão, conseguiremos ampliar o espectro das imagens que vemos, das vozes que ouvimos, das histórias que contamos e das pessoas que entendemos. Desse modo, trabalhamos com a premissa de trazer criadores negros – tanto atrás e na frente das câmeras”, ressalta André Felicíssimo, presidente da P&G Brasil.
Além da formação, a iniciativa também visa a inserção no mercado de trabalho. Com isso, os estudantes poderão apresentar portfólios criados no transcorrer do curso no evento de formatura, que contará com a participação de todas as agências que atendem a multinacional.
André Felicíssimo, presidente da P&G Brasil. (Foto: Divulgação)
A Grey Brasil tem prioridade na contratação de profissionais desse grupo e promoverá intercâmbio de até cinco alunos para um estágio em uma das agências da Grey pelo mundo. “Este projeto é urgente e importante para tornar o mercado publicitário mais inclusivo, considerando que 56% da população brasileira é negra. É nosso dever, como empresa de comunicação, construir pontes para uma sociedade mais justa”, diz Luciana Rodrigues, CEO da Grey.