Ações voltadas ao incentivo e a construção de melhores condições de trabalho serão vistas como diferenciais destacáveis
O conceito de employee centric é uma mudança de posicionamento no qual o foco da organização é, antes de mais nada, nos colaboradores.
Gustavo Loiola, chairman para América Latina e Caribe do PRME, iniciativa da ONU voltada par educação executiva responsável. (Foto: Divulgação)
“O capitalismo de stakeholders não se trata de política. Não é uma agenda social ou ideológica. Não é justiça social. É capitalismo, conduzido por relacionamentos mutuamente benéficos entre você e os funcionários, clientes, fornecedores e comunidades nos quais sua empresa depende para prosperar”, escreveu Larry Fink, CEO da Blackrock, na sua tradicional carta anual, evidenciando o bom relacionamento como fator fundamental para o sucesso no longo prazo.
A Blackrock é conhecida globalmente como maior gestora de ativos, e para Fink, a pandemia acelerou a evolução no ambiente operacional de todas companhias bem como a área financeira. Carla Assumpção, diretora-geral da Swarovski Crystal Business Brasil, Chile e Argentina, vai mais além na análise e destaca que o novo cenário colocou um grande desafio às empresas que tiveram que rever seus modelos de negócio e de gestão de pessoas para sobreviverem aos novos tempos.
“Culturalmente falando, as empresas tiveram que adotar práticas das startups, corrigir erros de implementação com a operação rodando, sem análise de riscos. No final, nos reinventamos para nos adequarmos à realidade que veio com mudanças de hábitos profundas. Um aprendizado sem precedentes para as lideranças corporativas. Por isso, acredito em equipes com características distintas e plurais, em ambientes seguros para discordâncias e opiniões diversas, só assim os colaboradores darão o melhor de si”, afirma Carla.
Compartilhamento
Isadora Gabriel, HR Operations da Movile - investidora estratégica que desenvolve negócios de tecnologia como iFood, MovilePay, PlayKids, Afterverse, Sympla -, enfatiza que a lista de desafios que encaramos diante do futuro do trabalho é extensa e, por isso, priorizar o que vai gerar mais impacto na vida das pessoas e suas carreiras e, ao mesmo tempo, impulsionar o crescimento das empresas, é o sweet spot que merece mais do nosso tempo.
“Acreditamos na área de Pessoas como uma das alavancas estratégicas de crescimento das empresas que investimos. Portanto, estabelecemos uma relação muito próxima com os times de Gente dessas startups para apoiá-los em diversas frentes com nossa expertise, seja para conduzir um projeto de transformação cultural, contratar um novo executivo ou desenhar uma melhor estratégia de diversidade e inclusão. Além disso, promovemos espaço de troca em torno das melhores práticas, pois cada empresa está em um estágio de maturidade diferente”, detalha.
Humanizar o RH é uma das tendências mais urgentes para 2022
- Aprender para sempre: prever os skills que os times vão precisar desenvolver para o sucesso futuro das organizações é um trabalho árduo. Sem bola de cristal, entretanto, é nossa missão criar novas estratégias para preparar talentos mais adaptáveis, que mudam de papel ou função com mais flexibilidade e se engajam muito mais com o impacto que podem causar.
- Humanizar as relações: há uma demanda cada vez maior para que o time de Gente desenvolva novas abordagens de liderança que fortaleçam a relação funcionário-gestor, criando mais conexão emocional, confiança e segurança psicológica. É importante ainda que os gestores olhem com cuidado para o bem-estar e a saúde mental de todos os profissionais.
- Avançar na agenda de diversidade, equidade e inclusão: nos últimos dois anos, vimos muitos progressos em contratação de talentos diversos, mas pouco resultado ainda na ascensão desses profissionais para cargos de liderança. Precisamos olhar mais para dentro e direcionar nossos esforços para destravar esse crescimento, acelerando o desenvolvimento dos skills desses profissionais.
- Acelerar o desenvolvimento de People Analytics: nunca acessamos tantos dados sobre nossas pessoas nas organizações: demografias, pesquisas de engajamento, de saúde, dados de desempenho, preferências, etc. Organizar esses dados e transformá-los em insights para tomar decisões, além de conectar análises mais sofisticadas ainda é um caminho longo a ser percorrido.
- Colocar pessoas no centro: ir além do processo típico e da abordagem mais programática de “prestar serviços” com uma prateleira de processos e produtos prontos e concentrar-se na experiência e nos resultados. Reduzir a complexidade e o atrito que as pessoas reais experimentam no dia a dia, preocupar-se não apenas se a solução é a mais usada no mercado, mas também em entender a adequação à cultura, aos interesses, motivações e necessidades das pessoas.
Fonte: Isadora Gabriel, HR Operations da Movile. Em sua trajetória profissional, a executiva passou por empresas do setor financeiro como Banco Safra, B3 e Itaú BBA, e também como Diretora de People & Places na Amaro.
C-level em destaque
Carla Assumpção construiu carreira sólida, ao longo dos últimos 20 anos trabalho na Swarovski, empresa reconhecida mundialmente no mercado da moda. A executiva fez com que a companhia se consolidasse na indústria da moda brasileira. Ao assumir como Diretoria-geral da Swarovski Consumer Goods Business, Carla passou a liderar o varejo da marca, que estava presente no país desde 2005, implementando uma estratégia de expansão multicanal através de franquias e multimarcas, canais até então, não explorados dentro da empresa no Brasil. Em 2017, implementou o e-commerce da marca no país e, hoje, a loja virtual da Swarovski está entre as 10 melhores lojas em desempenho no Brasil.
Carla Assumpção construiu carreira sólida, ao longo dos últimos 20 anos de trabalho na Swarovski. (Foto: Divulgação)
Para entender: capitalismo de stakeholders
Gustavo Loiola, chair para América Latina e Caribe do PRME, iniciativa da ONU voltada para educação executiva responsável, explica que “gestão orientada para stakeholders” significa entender de que forma a empresa pode gerar uma relação mútua de ganhos entre acionistas, funcionários, clientes, fornecedores, governos e a própria comunidade - o chamado Capitalismo de Stakeholders, que discute a alocação do capital de maneira eficiente, garantindo a lucratividade e geração de valor a longo prazo. “De maneira prática, as empresas deverão investir mais em criar bons ambientes de trabalho, inclusivos e diversos, para atrair e reter talentos que trabalhem mais motivados, ou ainda estimular parcerias com academia e governos a fim de enfrentar desafios em comum, além de estarem atentas às transformações sociais e ambientais que estamos passando a fim de se tornarem agentes de ação para lidar com temas como as mudanças climáticas.
99%
dos gestores acreditam que há necessidade de investir em ações de bem-estar pensando no trabalho presencial
47%
dos funcionários consideram que a empresa na qual trabalham não tem investido em ações que contribuem com a saúde mental dos colaboradores,
42%
dos colaboradores afirmam que não se sentem tão à vontade para conversar abertamente com sua gestão sobre dificuldades que vem sentindo
Fonte: Pesquisa Nespresso Professional: O Futuro do Ambiente de Trabalho no Cenário Pós Pandemia
6 conceitos essenciais para treinamentos corporativos em 2022
O e-learning corporativo faz parte da nova realidade de organizações modernas. O investimento em novas soluções se tornou essencial para empresas que buscavam seguir desenvolvendo seus colaboradores mesmo durante a pandemia. Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (T&D), os investimentos nessa área em 2021 devem ser superiores em mais de 20% se comparado com 2020.
O treinamento corporativo é parte essencial da estratégia de crescimento de uma empresa. O World Economic Forum estima que até 2025 o ensino dentro das empresas deve ser oferecido a mais de 70% de seus funcionários, crescimento que segue alinhado à tendência de ensino online que ganhou força nestes últimos 2 anos. Treinamentos online podem trazer benefícios como visibilidade de resultados para os gestores, redução de custos e personalização de cursos de acordo com prazos e metas dos estudantes.
Ações voltadas ao incentivo e a construção de melhores condições de trabalho serão vistas como diferenciais destacáveis. (Foto: Pixabay)
Especialista em cursos de inglês para o meio corporativo, a Voxy, edtech de conteúdo 100% personalizável e adaptado às diferentes áreas de atuação das empresas separou alguns conceitos essenciais que vão continuar norteando as capacitações corporativas em 2022:
- Lifelong Learning
O conceito de lifelong learning surgiu da visão de três órgãos internacionais (UNESCO, Conselho Europeu e a OECD) no início da década de 70, com o propósito de reformular as metodologias de educação na Europa. Entretanto, esse novo modelo de aprendizagem contínua só se popularizou a partir de um relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI da UNESCO, de 2010. Esse processo estimula o desenvolvimento pessoal e profissional de maneira voluntária, proativa e permanente, a partir de experiências de aprendizagem. Ou seja, trata-se da aprendizagem ao longo da vida ou educação continuada, abordando a necessidade de os indivíduos estarem constantemente estudando e se desenvolvendo para atingir seus objetivos.
É nesse foco do aprendizado constante que o conceito se baseia para ter os quatro pilares fundamentais do lifelong learning: aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser.
- Employee Centric, o foco no colaborador
O conceito de employee centric é uma mudança de posicionamento no qual o foco da organização é, antes de mais nada, nos colaboradores. Uma empresa que coloca o funcionário como protagonista cria um ambiente de trabalho que proporciona oportunidades e incentivos aos seus profissionais, mostrando que a organização cuida, se preocupa, valoriza e respeita seus membros. Esse foco no colaborador acaba se refletindo na forma como a marca se relaciona com seus consumidores. Afinal, os trabalhadores são os melhores embaixadores de uma marca e, ao mesmo tempo, clientes internos da empresa.
- Upskilling
Alinhado ao conceito de lifelong learning ou aprendizado contínuo, a ideia do upskilling é promover o desenvolvimento em áreas e habilidades que os profissionais já apresentam algum nível de domínio. Para responder a um ambiente em constante mudança, é necessário aprender continuamente, fortalecer os conhecimentos adquiridos anteriormente e adquirir novos.
- Reskilling
Já o reskilling é quando um profissional busca desenvolver novas habilidades para desempenhar outras funções ou se requalificar. Esse conceito é importante para que o profissional consiga acompanhar as mudanças tecnológicas e, consequentemente, o mercado de trabalho. Segundo dados do World Economic Forum, 50% de todos os profissionais vão precisar de reskilling até 2025. Porém, 75% das novas informações que não são aplicadas durante o trabalho podem ser esquecidas em cerca de 6 dias.
- Hyper-personalization
Como o próprio nome sugere, hiper personalização é um conceito no qual a experiência de ensino é altamente customizada para cada indivíduo. No contexto de T&D, ele se aplica a plataformas que oferecem uma jornada de aprendizagem baseada nos objetivos e interesses de cada aluno e personalizar seu programa de treinamento, por meio da utilização de inteligência artificial. Isso significa que a plataforma aprende sobre as características únicas de cada indivíduo, não apenas para trabalhar em áreas mais urgentes de melhoria, mas também para fornecer conteúdo relevante que garantirá o engajamento dos funcionários em todo o programa.
Segundo um levantamento feito em 2021 pelo LinkedIn, o Workplace Learning Report, entre 2020 e 2021, o número de profissionais que esperam menos treinamento guiado pelo instrutor saltou de 38% para 73%. Além disso, 58% dos colaboradores preferem escolher seu ritmo de estudo.
- Wellbeing
Pensar no bem-estar das pessoas nunca esteve tão em pauta. Com cada vez mais pessoas sentindo uma queda em relação ao seu bem-estar mental, é essencial eliminar conceitos equivocados sobre o tema da saúde mental e criar um ambiente seguro de apoio. Treinamentos corporativos para saúde mental devem ensinar aos colaboradores sobre as condições comuns de trabalho e educá-los a reconhecer os sinais de problemas de saúde mental em seus colegas e si próprios, como estresse, esgotamento, ansiedade e a depressão.