Dia do Trabalhador: como lidar com os desafios do "quiet quitting"?

A reflexão sobre a data é que também é um dia para que os funcionários redefinam seus propósitos e objetivos de vida, optando, muitas vezes, por nem sempre ir além do que se espera.

Leonardo Coelho, head de Health & Human Capital Solutions da Aon Brasil. (Foto: Divulgação)

Você já deve ter ouvido falar do chamado “quiet quitting”, ou demissão silenciosa, tendência no mundo corporativo nos últimos anos. Apesar do que o nome sugere, nada tem a ver com pedido de demissão ou sair do emprego “na surdina”, mas sim executar apenas as atividades correspondentes à sua função. Se antes o foco era crescer profissionalmente, por vezes às custas de sobrecarga de trabalho, hoje os profissionais deixam as preocupações com o trabalho para trás assim que encerram seu expediente, visando equilibrar melhor a vida pessoal e profissional. 
Com as organizações navegando novas formas de volatilidade, seria de se esperar que estratégias corporativas voltadas para construir uma força de trabalho resiliente seriam deixadas de lado. 
Entretanto, o cenário identificado no estudo Global Wellbeing Survey 2023, realizado pela Aon, é exatamente oposto. Em um universo de mais de 1100 empresas consultadas, espalhadas por 46 países, 38% dos líderes em recursos humanos definiram estratégias de bem-estar para os funcionários como prioridade máxima para suas organizações nos próximos cinco anos, ante 37% que defendem foco em atração e retenção, 31% em lucro e margens financeiras, 30% na inovação de produtos e serviços e 22% em ESG.
Um passo importante para construir uma força de trabalho resiliente é a compreensão dos limites necessários para se manter uma relação saudável e promissora. Os índices de exaustão dos funcionários crescem, provocados em boa parte por uma rotina repetitiva de reuniões contínuas, horas extras e cobranças fora de horário. Políticas específicas para agenda diária, comunicação clara e intervalos para descanso são pontos simples que podem reduzir a carga física e psicológica. 
Líderes também devem praticar a empatia, compreendendo que as prioridades de todos mudaram com os impactos provocados pela pandemia. Esse novo ecossistema social que vivemos foi o catalisador de sentimentos que já existiam, com os trabalhadores deixando de priorizar situações que poderiam ser resolvidas de forma mais prática e rápida.
Um colaborador em “quiet quitting” possivelmente está dando um passo para trás com o objetivo de refletir sobre sua carreira ou questões pessoais. O mais recente Rising Resilient Report da Aon mostra que 55% dos funcionários não se sentem capazes de atingir todo o seu potencial. Realizar check-ins regulares, buscando entender o que precisam para conquistarem seus objetivos, é uma ótima forma de mantê-los motivados.


O Dia do Trabalhador está aí, uma importante data para lembrarmos sobre o que importa e que deve ser resolvido: uma força de trabalho consciente e informada, que, de fato, está esgotada e tendo que se adaptar a um cenário em constante transformação.

 É uma data também sobre funcionários redefinindo seus propósitos e objetivos de vida, optando, muitas vezes, por nem sempre ir além do que se espera. É sobre empresas que carecem de modelos de engajamento que efetivamente atendam aos desfavorecidos e motivem as pessoas a buscar mais, especialmente quando elas estão dispostas. 
Tudo isso passa por uma mudança cultural que não é fácil e requer tempo, paciência e empenho, mas é absolutamente viável. Que essas mudanças venham para beneficiar a todos e possamos, cada vez mais, comemorar com muita satisfação o Dia do Trabalhador.