Artigo: Por que a tecnologia é fator-chave no debate "retorno ao escritório"
Muitos gestores consideram que quanto melhor a tecnologia e o equipamento disponível, maior a chance de os funcionários voltarem ao escritório.
Nilton Hayashi, diretor de Business Operations da Fujitsu do Brasil. (Foto: Divulgação)
Chegou o tempo de analisarmos e decidirmos se regressamos (ou não) ao escritório. E, novamente, a tecnologia terá um papel mais significativo nesta decisão. Lembremos daqueles dias confusos no início da pandemia, quando quase todo mundo que trabalhava em um escritório migrou – da noite para o dia – para trabalhar em casa de forma improvisada.
Mesmo que muitas pessoas tenham se adaptado ao home office, alguns ainda não têm total sossego para desempenhar suas tarefas. Nem todas empresas e pessoas conseguiram resolver gargalos de conexão, infraestrutura, processamento e mobiliário ergonômico. Muitas pessoas tiveram (e continuam tendo) de lidar com várias interrupções dos filhos pequenos. A longo prazo, sabemos que não é uma dinâmica sustentável. E hoje nos questionamos: será o fim do teletrabalho?
As companhias devem ser pragmáticas, afinal, o mundo mudou. Aquele escritório lotado não mais existirá. Aliás, muitas empresas nem sede física possuem mais. Um estudo de março/22, liderado pelo Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento, descobriu que 15% dos funcionários pediriam demissão e procurariam um novo emprego se fossem obrigados a retornar ao escritório cinco dias por semana.
No entanto, como muitos trabalhadores ainda consideram uma boa alternativa retornar ao escritório, muitos gestores consideram que quanto melhor a tecnologia e o equipamento disponível, maior a chance de persuadir os funcionários a voltar às suas mesas. É neste cenário que se baseia o trabalho do Projeto Office 21, feito na Alemanha pelo Instituto Fraunhofer IAO que, em conjunto com empresas e órgãos e instituições do setor público, atua para desenvolver estratégias, modelos de negócios e soluções para a transformação digital.
Um estudo do primeiro semestre de 2022 do Instituto mostra que os funcionários são 15% mais produtivos quando trabalham em casa. No entanto, este ganho vem ao custo da interação social. A pandemia também mudou a maneira como os líderes medem a produtividade, colocando uma ênfase maior em como incentivar os funcionários a se concentrarem no equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
As tecnologias inteligentes vão ajudar. Na ciência do neuro trabalho, por exemplo, utiliza-se wearables para medir os níveis de estresse e concentração e como os ambientes de trabalho podem ser adaptados. Da mesma forma, o híbrido veio para ficar e o objetivo é criar um ambiente estimulante para trocar ideias de forma mais eficiente e para que as contribuições e o aprendizado se proliferem.
Não se pode ganhar de todos os lados. As políticas de retorno ao escritório não irão funcionar com colaboradores que se mudaram dos centros urbanos. Além disso, as empresas devem ser lenientes e não adotar uma abordagem radical de insistir que os funcionários apareçam no escritório sem um propósito maior. Decisões unilaterais serão apenas uma solução de curto prazo até que essas pessoas possam encontrar um novo emprego em outro lugar que satisfaçam seus anseios profissionais e pessoais. A flexibilidade é o melhor caminho e a tecnologia a melhor aliada na construção desse novo modelo de trabalho.