ARTIGO: O futuro do trabalho - inovação é a resposta que precisamos para o agora

Durante a pandemia, o setor de tecnologia foi o que menos sofreu, quando não até ganhou, já que a necessidade dos consumidores, empresas e organizações mudaram radicalmente.

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Diego Brites Ramos é apoiador do LIDE SC. (Foto: Divulgação)

Para alguém como eu, que já tive a oportunidade de visitar grandes centros de inovação no Brasil e no mundo, é empolgante ver o que a inovação, tecnologia e tantas mentes brilhantes são capazes de fazer. Traz satisfação e é incrível ver com os próprios olhos, o quanto a tecnologia impacta positivamente as nossas vidas. Certamente, temos mentes brilhantes aos montes. Falta delas não é o problema. Mas muitas coisas faltam para que cheguemos em certos patamares. É sobre o que eu quero falar neste artigo.

Em primeiro lugar, trago aqui alguns dados para a reflexão: segundo pesquisa da Microsoft, em 2020, foram 41 milhões de postos de trabalho que foram ocupados por pessoas que trabalham direta ou indiretamente com tecnologia e inovação globalmente. Neste ano, esse número cresce em 10 milhões de empregos. E em mais quatro anos, teremos o expressivo número de 190 milhões de postos voltados ao setor tecnológico. Ou seja, são 149 milhões de empregos a mais disponíveis e prontos para serem ocupados. A pergunta que paira (e é preocupante) é: por quem?

Mesmo com o baixo crescimento da economia brasileira nos últimos anos, nós tivemos 4.112 novas empresas no setor de tecnologia em Santa Catarina. Durante a pandemia, o setor de tecnologia foi o que menos sofreu, quando não até ganhou, já que a necessidade dos consumidores, empresas e organizações mudaram radicalmente. O Mercado Livre, por exemplo, tornou-se a empresa mais valiosa da América Latina.

Pelo que mostrei acima, a chegada e a potência do setor de tecnologia e trabalhos diretamente ligados a ela é apenas inescapável, mas não só isso: será, cada vez mais, a grande propulsora do desenvolvimento econômico em países com grandes potenciais como o nosso. Uma pesquisa da consultoria FrontierView demonstra que o PIB brasileiro poderia aumentar em até 4,2% com a adoção em massa da Inteligência Artificial durante esta década.

E a pergunta que fiz no começo do texto precisa martelar na mente de quem quer o bem do País: quem irá ocupar as vagas do agora e as do futuro, se não houver as qualificações disponíveis e os incentivos adequados para quem está hoje em formação?

Quais são as respostas?

Não há receita de bolo. Não há resposta pronta. Mas existem práticas que já deram certo em outros lugares e que podemos muito bem copiar. Uma delas é a formação de políticas públicas de incentivo à inovação por parte dos governantes de todas as esferas. As cidades precisam de um plano claro para atrair o futuro e buscar, de todos os lugares, os talentos que vão gerar novas oportunidades de negócios e fazer a roda da economia girar.

Outra é o incentivo para que mulheres e pessoas de baixa renda participem do setor tecnológico. Os melhores salários estão aqui, mas as vagas exigem um nível de qualificação que esbarra nas dificuldades estruturais de acesso a ela. No entanto, é imperativo mostrar a cada vez mais pessoas que a tecnologia e a inovação precisam passar também pelas suas mãos.

O que não podemos é ignorar que a tecnologia e a inovação desempenham um papel fundamental para a democratização do conhecimento e a criação de novas oportunidades, buscando melhorar a qualidade de vida para todas e todos, de forma inclusiva e igualitária. É o que queremos, é o que buscamos.

Diego Brites Ramos é Diretor Geral da Teltec Solutions e Vice-Presidente de Relacionamento da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE)