ARTIGO: Mulheres e liderança

e1fe1c37-eea5-4e3d-89a6-1000978591af (1)Presidente LIDE Mulher SC, Carolina Linhares. (Foto: Divulgação)

Para falarmos sobre mulheres e liderança, precisamos observar o contexto no qual estivemos inseridas ao longo dos anos. Historicamente, nós mulheres, estivemos sob o manto do sistema patriarcal, cuja autoridade é imposta pelo homem à mulher e aos filhos, no âmbito familiar. A nível social, este sistema definiu valores morais, influenciando na formação da personalidade, organização dos papéis sociais e estabelecendo as políticas e costumes. Porém, felizmente, este cenário tem passado por transformações.

Gradativamente, nós estamos conquistando posicionamento e visibilidade na sociedade e no mercado de trabalho. Há pouco mais de 10 anos, a taxa de desemprego entre mulheres no Brasil era cerca de 60% superior à dos homens. Do total de desempregados do país, 55% eram mulheres. Ou seja, nós tínhamos mais dificuldade de encontrar trabalho e, quando encontrávamos, ganhávamos menos. Mas, como mostra uma pesquisa realizada pelo Dieese e a Fundação Seade, este cenário está se transformando. Pelo oitavo ano consecutivo, a taxa de desemprego feminino recuou, passando de 14,7% em 2015 para 12,5% em 2018. Este contexto atual demonstra nossa crescente busca por autonomia, independência, reconhecimento e liderança.

A inclusão da figura feminina em cargos de liderança provocou o surgimento de um novo posicionamento feminino que não mais briga pela igualdade, mas que propõe a diversidade como o caminho mais viável e justo. Seguindo este raciocínio, as empresas de sucesso têm uma característica incomum incontestável: já entendem que o modelo de gestão deve seguir a complementaridade dos gêneros. Mas, para conquistar o tempo de um sistema patriarcal que imperou nas corporações por longos anos e alcançar os cargos de liderança, não abasta que as portas estejam abertas. Precisamos estar preparadas, sermos responsáveis por nosso sucesso e nos atentarmos a alguns detalhes importantes:

  • Procure evitar que o seu ego seja maior que seus objetivos ou seus recursos. Apelar para a resistência ou travar batalha contra os homens ou com qualquer outro gênero já era, no passado, sinal de burrice; hoje, é visto como fraqueza. É, acima de tudo, perpetuar um posicionamento que já está em desuso. Falar em estilo de liderança masculino ou feminino é algo arriscado, mesmo sabendo que as mulheres em sua grande maioria possuem características mais acentuadas nos aspectos da comunicação, consenso e trabalho em equipe. Uma vez que esses são valores em alta no mundo dos negócios, simplesmente procure adotá-los, sem alarde.

  • Muitas mulheres ainda praticam muito o julgamento e devem trocar pelo pensamento mais racional e crítico. Evite decidir e argumentar apenas confiando em sua intuição. O conceito é abstrato e por muitas vezes também falho. Use dados, analogias e tantos outros recursos para testar sua inclinação a uma decisão.

  • Lidar com muitos papeis faz parte universo feminino, por isso é importante buscar cada vez mais a disciplina. Trabalho e vida doméstica são coisas distintas e ambas importantes. Desenvolva recursos apropriados ao bem estar da família como também os necessários para a execução do seu trabalho na empresa. Delegue tudo que for possível e, para tanto, tenha como prioridade o desenvolvimento de suas equipes (em casa e na empresa).

  • O mundo abriu-se para as mulheres, então é importante que as mesmas sejam responsáveis pelo seu destino. Encare sua carreira como se fosse empregada de si mesma. Cabe a você identificar suas necessidades de melhoria e aquisição de novos conhecimentos e atitudes. Não caia na velha abordagem de rivalizar com os homens ou com outros grupos. O seu sucesso e o valor dele só podem ser definidos e traçados por você, mas sempre em sintonia com o ambiente.

Por fim todas as mulheres que buscam um espaço de liderança devem aprender com a comunidade de liderança e estar em um grupo que possam modelar homens e outras mulheres e assim agregar mais benefícios aos usuários. Desta forma, o reconhecimento será pelo valor agregado independente do gênero.