ARTIGO: Bons argumentos para revisar a máquina

Como explicar? A democracia brasileira vem amadurecendo? Há de fato um novo "modus operandi” na política, em que os eleitos percebem não poder mais sustentar o peleguismo? Ou o Brasil reage bem sob pressão?

*Por Emília Buarque

Estamos em evolução e neste bojo é necessário insistirmos na temática das reformas. Somos uma jovem democracia, cometemos alguns equívocos pelo caminho, sofremos percalços por falta de boas lideranças e isto nos leva a esta revisão geral.

Nossa história recente permite refletir sobre os riscos do sentimento de confiança extremada no novo, como ocorreu na eleição do governo esquerdista de Lula. Houve uma ampla anuência acerca do plano que se propunha. Após alguns anos, o descortinar da corrupção mostrou que as boas intenções da fachada tinham vínculos com os arranjos estabelecidos nas profundezas obscuras do petismo: um BNDES pujante das campeãs nacionais, investimentos públicos em grandes obras inacabadas, incentivos fiscais com endereços certos, apenas para citar alguns exemplos.

Quando nos deparamos com a necessidade de reconstrução, chegamos às primeiras discussões reformistas, ainda no governo Temer. Hoje, no governo Bolsonaro, por maior que seja a tendência de crise político-econômica, as oportunidades por meio das reformas vêm superando os desafios.

Como explicar? A democracia brasileira vem amadurecendo? Há de fato um novo "modus operandi” na política, em que os eleitos percebem não poder mais sustentar o peleguismo? Ou o Brasil reage bem sob pressão?

Temos um possível caminho de reorganização do Estado via reforma administrativa. A sensação é que ela acabou sendo priorizada de forma orgânica. Mas, se há este espaço, que sejam construídas boas narrativas.

É curioso entender que, quando temos pautas legítimas e interesses comuns, podemos avançar. Isso sem prescindir da mobilização da sociedade. Resgatando as narrativas da previdência, a comunicação foi clara: “justa para todos e melhor para o Brasil” e “quem ganha menos paga menos e quem ganha mais paga mais”.

O que nos falta para construirmos um movimento coeso e seguirmos com esta revisão?

A máquina do Estado custa 34% do que se produz no Brasil. Vamos privilegiar servidores públicos eficientes e que querem o bem do país. A responsabilidade fiscal é de todos os brasileiros. Sem respeitar teto de gastos não vamos sobreviver à crise. Se não contivermos as despesas, não teremos recursos para pagar servidores. Ou, como disse o ex-governador do Espírito Santo, Paulo Hartung: cuidar das contas é cuidar das pessoas”. Eis aqui boas narrativas e uma pauta legítima. Sigamos!

WhatsApp Image 2020-08-28 at 13.08.18 *Empresária e presidente do LIDE CEARÁ.