Mauro Mendes: industrialização no Mato Grosso prevê investimentos de R$ 40 bilhões em três anos

Governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, fala sobre as projeções de investimentos no estado, considerado o principal produtor alimento do país. Confira a entrevista, também, em vídeo e em podcast.

Empresário bem sucedido, ele decidiu seguir a carreira pública como maneira de retribuir as conquistas da vida. Foi prefeito de Cuiabá, capital de Mato Grosso, com a maior aprovação da história recente e hoje comanda o estado, principal responsável pela produção de alimentos no país.

Mauro Mendes, em entrevista exclusiva para Sonia Racy, no Show Business, fala sobre os desafios ocasionados pela pandemia, as oportunidades que surgiram e as projeções de crescimento para o estado. O objetivo do governador é, cada vez mais, agregar valor às commodities e acelerar a industralização. 

Quais foram os impactos da pandemia no Mato Grosso? 

A pandemia no estado de Mato Grosso, assim como no Brasil e no mundo, teve grande impacto sobre diversos aspectos. O maior impacto é na vida das pessoas no dia a dia, naquilo que para nós, principalmente nós brasileiros, que gostamos muito de nos relacionar de conviver de fazer reuniões familiares nos finais de semana encontros pequenas festas.  Isso mudou muito no dia a dia. Isso tem causado até efeitos psicológicos, no comportamento das pessoas, nos trabalhos, nas empresas. Usar máscara, manter distanciamento tem sido um desafio grande para todos nós, mas um desafio necessário. Na saúde pública, o grande impacto é todas as consequências daqueles, lamentavelmente, que precisam usar de hospitais e, principalmente, lamentamos muito aqueles que por algum motivo, mesmo indo ao Hospital, perderam as suas vidas. Então isso é um impacto ruim, negativo.  E, por outro lado, na economia do Estado de Mato Grosso, nós temos só o que comemorar. Nesse ano de 2020, nós terminamos o ano de 2020, crescendo quinze por cento em relação ao ano de 2019. Neste ano de 2021, o estado de Mato Grosso está crescendo em torno de vinte por cento em relação ao ano de 2020.

Isso em termos de arrecadação? 

Em termos de arrecadação e, obviamente, se o Estado está arrecadando mais é porque atividade econômica nas diversas áreas da economia do estado de Mato Grosso estão comportando-se positivamente, com aumento das vendas, com aumento de performance desses setores que geram essa arrecadação estadual.

Como o senhor justifica isso? É a base de comparação? 2020 foi muito baixo?

Não. Na verdade, assim, em 2019, nós não tivemos pandemia. Então, se em 2020 nós crescemos quinze por cento em relação a 2019 é porque houve um crescimento real acima da inflação e acima de qualquer interferência que pudesse existir da pandemia. Em 2021, neste ano, nós estamos no ano de pandemia.  Desde janeiro, todos esses meses até agora nós estamos vivendo um cenário de pandemia e nos comparamos com o cenário do ano anterior que também foi, grande parte do ano, de pandemia. E, em 2021, nós estamos crescendo 20% em relação ao ano anterior que já cresceu 15%. 

O senhor anda com saquinho de sal grosso? 

Não, não tem mandinga. Não tem nada disso. O que existe é o seguinte: primeiro, o Governo do Estado de Mato Grosso soube, no início do mandato tomar algumas medidas de ajuste na tributação para que nós pudéssemos corrigir algumas distorções. Por outro lado, a economia do estado, principalmente ligado ao agronegócio, à agroindústria, produção de alimentos, ela tem tido uma performance muito positiva ao longo desse período, o que manteve acesa essa atividade econômica. Então, ajustamos alguns parâmetros dentro da tributação e o Estado performando bem, como a economia forte, pujante, o agronegócio desempenhando muito bem, crescendo a produtividade, isso fez com que nós pudéssemos ter, no governo, uma performance diferenciada. 

O quanto da produção do Estado de Mato Grosso é exportada?

Olha só depende da commodities, mas, na média, nós temos alguns itens que chega 70%, 60%. Nós somos, hoje, o estado de Mato Grosso, maior produtor brasileiro das chamadas commodities agrícolas. Nós somos o maior produtor de milho, maior produtor de soja, maior produtor de algodão, nós também temos o maior rebanho bovino de gado de corte no Brasil. Já somos também o maior produtor de etanol de milho, que já é um processo de industrialização.  Então, uma parte fica no mercado interno, no mercado nacional, e aí dependendo da commodity, isso vai até 70% de exportações em algumas delas.

Como está o processo de vacinação no Estado? 

O processo está andando naturalmente. O estado de Mato Grosso aparece naquele cenário nos últimos lugares, mas é porque tem um equívoco gigantesco na concepção daquela amostragem. Porque a distribuição da vacina ela é feita em função da faixa etária e não proporcional à população. Nós somos o estado mais jovem, e Mato Grosso é um estado que tem uma faixa de população abaixo de 60 anos muito maior do que outros estados. Vou dar um exemplo claro: o Rio Grande do Sul tem, nessa faixa acima de 60 anos, 50% a mais população, proporcional obviamente, do que eu Mato Grosso. Então, ele está recebendo mais vacina porque tem mais gente idosa. Aí, quando se faz essa conta, não pode pegar o número de vacinados e dividir pela população total. Se terminar de vacinar todo mundo acima de 60 anos, Mato Grosso vai ter vacinado, por exemplo, 15% da população e vai ter estado que vacinou 22,5% da população. 

O Governo Federal está distribuindo vacina por idade e não por quantidade? 

Não é proporcional à população. O Plano Nacional de Imunização criou alguns objetivos: começou todo mundo acima de 90 anos, acima de 85 anos, acima de 80 anos, acima de 70, acima 65, acima de 60. Quando terminou todo mundo acima de 60, nós entramos nas comorbidades. Isso é em todo o Brasil. Então, um estado que tem mais gente acima de 60 anos, vacinou mais pessoas da sua população. Mas, de maneira geral, no Brasil inteiro está faltando vacina. É o único caminho que a ciência mostrou e que o mundo tem mostrado que é eficiente para a gente combater esse coronavírus e é isso que nós queremos o nosso estado e que o Brasil inteiro quer. 

O senhor faz parte daquele movimento de governadores que quer comprar vacina diretamente do exterior? 

Olha, nós fizemos uma aquisição através do consórcio Nordeste e consórcio Norte, entramos em consórcio e compramos 37 milhões de dose da Sputnik V, diretamente lá do governo, do fundo soberano, na Rússia, mas lamentavelmente e estranhamente, até agora, A Anvisa criou muita burocracia, muitas exigências... Tem algo estranho acontecendo ali. Eu não quero ser leviano e fazer acusações. Eu acho que Anvisa é muito séria, ela tem que estar acima de qualquer governo ou qualquer governante, mas ela poderia ajudar um pouco mais e mostrar ser muito mais proativa, porque nesse momento nós estamos vivendo uma guerra contra esse vírus e vidas estão sendo perdidas nessa guerra e a vacina é o único caminho para nós vencermos.

Como o senhor explica para as pessoas que foram vacinas que há uma vacina e ela não consegue ser importada?

Eu digo a verdade. Em alguns momentos, a melhor forma de você se comunicar com as pessoas é falando a verdade: o governo do estado tem o dinheiro, o dinheiro tá reservado aqui na conta para comprar, assinamos o contrato, o contrato foi enviado lá para o fundo soberano, mas eles não podem embarcar vacina para o Brasil sem a aprovação da Anvisa. Nós estamos fazendo tudo que é possível para que a Anvisa siga a sua burocracia, os seus protocolos e possa liberar essa vacina que vai vir para o Mato Grosso e para outros estados brasileiros, mas que no final vai ser bom para todo mundo. Se eu recebo essa vacina lá pelo PNI ou não libera para que aquelas que fossem enviados para mim possa ser enviado para outros estados que não compraram, e aí acelera o processo de vacinação em todo o Brasil. É isso que nós brasileiros queremos, pois ninguém aguenta mais viver com medo, viver sem esperança, viver com essa angústia e com esse medo desse vírus que tanto mal tem causado e tantas vidas têm ceifado aqui no nosso país. 

O senhor tem a intenção de gerar mais valor aos produtos agrícolas com a industrialização?

Esse é o objetivo que o Estado tem e vem trabalhando nele já alguns anos. Isso não começou agora. Há muitos anos, esse programa de industrialização começou, mas nos últimos anos ele tem ganhado uma escala muito maior e uma importância muito significativa. Grande exemplo disso é a indústria de etanol de milho: nós somos um grande produtor, o maior, e agora já conseguimos ser o maior produtor brasileiro de etanol e uma indústria é muito competitiva, que cresce muito e agrega muito valor fazendo essa transformação dessa matéria-prima produzida no estado de Mato Grosso. E a indústria de transformação de carne, de alimentos, também tem demonstrado grande crescimento.  

O Estado oferece algum incentivo? 

Apoio financeiro, não. O que o estado oferece é, dentro daquilo que são as regras nacionais, que a gente tem que obedecer agora com muito rigor, é um programa de incentivos fiscais para essa industrialização, para criar competitividade para instalação dessas novas plantas industriais nessa transformação das matérias-primas que nós temos com muita abundância e a preços competitivos dentro do Estado de Mato Grosso. A secretaria de Indústria e Comércio já mapeou algumas dezenas de empresas novas que já se instalaram e que estão se instalando. Isso passa dos R$ 5 bilhões de investimento que foram feitos só nesses dois anos nesta área da industrialização e da transformação dos produtos primários no estado de Mato Grosso. Temos, ainda, grandes projetos, grandes fábricas projetadas. Nós temos uma indústria de celulose, que já tem o licenciamento outorgado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, com um investimento previsto de R$ 14 bilhões. Então, nós temos também pequenos, médios e grandes projetos: tudo somado ultrapassa quase R$ 40 bilhões de investimento programados para os próximos três anos. 

Hoje, o estado de Mato Grosso é competitivo, porque há muitos anos começou esse processo de construção da economia agrícola. Olha isso se intensificou a partir do início dos anos de 1980, começou lá nos anos 1970 quando o Alysson Paolinelli, com Embrapa, começou a pesquisa da chamada agricultura tropical e aqueles campos do Estado de Mato Grosso, que eram terras muito baratas muito baratas, muitos brasileiros deixaram as suas regiões e as suas terras natal e foram para o Mato Grosso. O cara vendia uma chácara de 10 hectares e comprava uma de dois mil. Ali, ele começou com muita dificuldade. Muitos desistiram, mas aqueles que resistiram criaram condições de muita competitividade. 

Hoje, a economia agrícola de Mato Grosso é, seguramente, não só a maior, mas muito competitiva, muito rentável, em grande escala, e ela tem produzido esses resultados espetaculares. 

E a infraestrutura? O Governo Federal ou o Estadual tem investido?

Infraestrutura sempre foi o governo estadual. O governo Federal tem muito pouco investimento hoje em nosso estado. Mas o governo do Estado de Mato Grosso, para você ter uma ideia, neste ano, a partir de junho e julho, quando é o auge do período de construção de obras de infraestrutura por causa do regime das chuvas, nós teremos um torno de 1.500 km de rodovia sendo asfaltadas. 

E ferrovia? 

É muito engraçado, pois eu lembro muito bem que eu assisti alguns filmes, eu conto sempre essa historinha, daquele faroeste americano que há 200 anos atrás mostrando aquela realidade da conquista do Oeste americano e como é que ela se deu ela se deu.  O governo vinha fazendo a ferrovia na frente, e a colonização, as cidades vinham sendo construídas atrás. Nós estamos há mais de 200 anos que isso aconteceu nos Estados Unidos e até hoje a ferrovia não chegou ao Oeste brasileiro. Ela chegou no estado de Mato Grosso, que é um grande produtor e que gera muita carga, há pouco mais de 10 anos na região sul do estado. Agora tem uma perspectiva dela subir para região central. Mas os estados de Rondônia e do Acre ainda não têm ferrovia e é um grande equívoco que o Brasil cometeu ao longo de anos e continua cometendo de não priorizar um programa consistente robusto de investimentos em ferrovia. Primeiro, nós temos grande capacidade de gerar carga e já a carga você transporta de forma mais barata ou com hidrovia - e aí nós temos uma dificuldade nesse campo, temos algumas alternativas, mas não é uma ampla alternativa para o maior parte do território brasileiro - e, em segundo lugar, vem as nossas ferrovias que, lamentavelmente, ficaram muitos anos parada. 

Agora a gente tem trabalhado para que essa ferrovia, que chegou na região sul do estado de Mato Grosso, possa entrar até a região médio-norte. Tem, ainda, uma outra ferrovia que o Governo Federal está para soltar a licença e que entra na região leste, chamada região do Araguaia. A região é de muita produção e, com isso a gente vai melhorar a logística, melhorar a competitividade, e deixar mais resultado na mão do produtor e não na mão do transportador, porque o frete rodoviário é muito caro.

Governador Mauro MendesGovernado de Mato Grosso, Mauro Mendes, em entrevista no Show Business. (Foto: Divulgação)

A iniciativa privada tem interesse em ferrovia? É uma coisa rentável?

A ferrovia que já chega hoje ao Estado do Mato Grosso está sob concessão do Governo Federal e 100% com investimento privado e essas expansões que devem acontecer, pelo menos ali entrando pela região sul e subindo para região centro-sul do Estado, bem no coração do estado, deve vir a ser um investimento 100% privado. Caberá o Estado ou a união dar a autorização, fazer a permissão para que toda essa construção seja feita exclusivamente com recurso privado. E na região leste do Estado, aquilo que chamei como a região do Araguaia, ali sim tem uma ferrovia que vai ser construído através de uma renovação de uma concessão federal, que a Vitória-Minas, pela Vale do Rio Doce, pela outorga de renovação ela vai construir da Norte-Sul chegando até a cidade de Água Boa, integrando mais uma região com grande capacidade de gerar carga e produzir alimentos, que é a região do Araguaia. 

O que o senhor sentiu em investimentos de infraestrutura? 

O investidor é muito sabido. Quem tem dinheiro não ganhou à toa. Grandes empresas, grandes grupos, grandes conglomerados financeiros têm muitas competências, muitas expectativas, e onde eles veem oportunidade de investir e ganhar mais dinheiro, eles vão.

O estado de Mato Grosso tem muita potencialidade, porque como nós temos uma grande capacidade de produção de alimentos e temos grande capacidade de continuar crescendo nos próximos anos. O estado, talvez, seja o único no Brasil e uma das poucas regiões do planeta que pode dobrar a produção de alimentos nos próximos dez anos, então isso gera muita atratividade para os investidores em todas as áreas, inclusive na área de transporte, seja ele ferroviário e rodoviário. Nós já temos quase 2.000 km de rodovia sob concessão, nós só perdemos para o estado de São Paulo. É o segundo estado do Brasil com maior número de rodovia sob concessão para e a conservação da iniciativa privada. Tudo isso mostra o interesse da iniciativa privada em investir no estado de Mato Grosso. 

Como vocês lidam e avaliam a questão do meio ambiente? 

O mundo hoje tem dois grandes desafios: primeiro de produzir alimento, porque é importante para a paz mundial e para nossa vida e a subsistência, e sobrevivência da espécie humana. Outro também importante que tem sido um dos temas mais recorrentes nas grandes rodas mundiais é a preservação do planeta, e preservação da vida no planeta para evitar o chamado efeito de aquecimento global, efeito estufa, e uma série providência que nós temos que tomar. Nesse quesito, o Brasil também está muito bem porque nenhum país do mundo produz tanto os alimentos como nós fazemos e tem tantos ativos ambientais que nós temos. Então, nosso grande desafio é falar a verdade, é mostrar esta verdade para o Brasil, para nós pararmos de falar mal de nós mesmos, parar de achar que acontece um problema aqui e outro acolá. Aquele naquele instinto de vira-lata que dizem por aí, que às vezes alguns têm. Temos problemas, claro que temos, mas ninguém no mundo tem a legislação ambiental tão rigorosa como nós temos o nosso país. O Estados Unidos é totalmente diferente: desmataram quase que tudo. Eu não quero fazer aqui um discurso reacionário, mas nós temos que dizer a verdade: o Brasil produz muitos alimentos e o Brasil preserva muito. Então o mundo deve muito, porque as duas coisas mais importantes para o mundo sobreviver o Brasil tem, o Mato Grosso tem que são as riquezas ambientais, muitas áreas preservadas. Nós, no Mato Grosso, temos 62% do nosso território preservado, assim como 500 anos atrás. Em lugar nenhum do mundo tem isso, produzido tanto alimento e preservando tanto como nós. 

Quem fiscaliza isso? 

Quem fiscaliza aplicação da lei ambiental brasileira são os órgãos ambientais. No nosso estado, a Secretaria de Meio Ambiente, e o Ibama. Cada estado tem o seu órgão. Você tem o Ministério Público que fiscaliza aplicação da lei. Você tem todo um aparato de fiscalização. No nosso estado, o que nós temos feito é aplicar corretamente a lei. Se alguém desmatou ilegalmente, nós vamos lá e punimos. Nós não queremos que faça nada ilegal e não compactuamos com nada ilegal. Nós temos muita coisa boa, o problema no Brasil é que a negativa sobrepõe em escala e importância. Nós temos milhares, milhares de produtores que trabalham dentro da lei, que preservam que tem as suas matas ciliares, suas áreas de preservação, que tem sua reserva legal de acordo com a lei brasileira que é a mais rigorosa do mundo. Então, isso tem que ser dito gente, nós temos que valorizar uma centena de coisas boas. 

Queria explorar um pouquinho o seu lado empresário. Mas, antes, o que levou o senhor a entrar na política? 


Alguns dizem que é loucura. Eu, particularmente, acho que é um dever do cidadão. Eu, durante toda minha vida, minha história, minha trajetória eu sempre gostei de contribuir. Quando eu fiz faculdade, fui presidente do centro acadêmico, fui presidente do DCE da universidade. Depois que eu me formei, fui presidente do Sindicato dos Engenheiros, fui presidente da Federação das Indústrias. Todo lugar em que eu morei fui síndico do condomínio. Então, eu sempre gostei de participar. No Brasil, as pessoas criticam muito, crítica muito ali no barzinho, na festinha, nas reuniões das redes sociais. Hoje, todo mundo tem solução para tudo. As pessoas leem um post de WhatsApp e já viram especialistas. Então, nós temos que gente saber o seguinte: a política é a forma com a qual nós gerenciamos o interesse coletivo. A boa política é algo muito bom, que traz bons resultados. Se as pessoas de bem se afastam da política, as pessoas ruins ou despreparadas ou mal intencionadas se apropriam da política e aí tanta coisa ruim vai acontecer para a vida de todos nós. Eu como cidadão que ganhei minha vida no Mato Grosso, construí minha família lá e, durante muitos anos critiquei também os políticos como todos nós brasileiros fazemos tão bem, e em algum momento eu falei que não iria ficar a vida inteira criticando. Eu vou também dar a minha minha contribuição para fazer aquilo que eu sempre falei e acreditei que era possível fazer.

Graças a Deus, nós estamos, sim, conseguindo fazer com algumas diferenças e dar alguns bons resultados no meu estado. O brasileiro tem que entender que a política é a forma pela qual nós vamos gerenciar os interesses da sociedade brasileira e vamos fazer a boa política e vamos colocar para fora os maus políticos. Mas quem decide isso é o voto das pessoas. Agora, as pessoas não querem achar que fazer política é só ir lá no dia da eleição e apertar um númerozinho e depois vira as costas. Não, você tem que participar, você tem que entender mais até pra na hora de votar ter mais consciência e mais qualidade no voto. Deus dá a todos nós algum tipo de habilidade. Algumas pessoas pegam esses dons e desperdiçam, não aproveitam direito ou não desenvolvem. Este dom aí acaba desvirtuando e se perdendo. Então, a política tem que ser exercida dentro de critérios que, no Brasil, lamentavelmente, não são muito claros. A população brasileira, hoje, satanizou a política. A corrupção foi muito praticada por muita gente dentro da política e isso afastou muitas pessoas do bem. 

E, aí, muitos do mal, vamos assim dizer, se apropriaram dessa política no país. Agora, não tem jeito, a gente vai para o regime de ditadura ou a gente vai para a democracia. Democracia só existe com a existência de partidos, de pessoas, de voto, e escolhendo, errando e acertando. Problema que a gente tem errado muito no Brasil e as consequências vêm para todos nós. 

Qual foi a hora que deu clique na sua cabeça e o senhor decidiu entrar para a política? 

A minha história não é diferente de milhares e milhares de brasileiros que tem por aí.  Eu vim de família muito humilde, me formei em engenheiro, participei de estudantil ali na década de 1980, quando a redemocratização do país criou aquela luta nas universidades. Eu fui construir minha vida, meus sonhos. Eu também queria ter uma casa boa, um carro bom e fui trabalhar. Fiquei 30 anos trabalhando. Aí fui síndico, mexi no movimento sindical. Mas entrar para a política foi depois de 30 anos que eu tinha minha vida, tinha minha casa, depois que eu tinha construído os meus sonhos pessoais e aí eu me dediquei um pouco como retribuição. A política é o maior desafio que alguém pode enfrentar na vida, porque não é fácil só ele não é fácil, principalmente para quem faz com honestidade e com seriedade.



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