Fotógrafa brasileira registra algumas das mais remotas paisagens do mundo
A fotógrafa brasileira expõe na Alemanha, estende o seu olhar para destinos além da Antártica, onde seu trabalho ganhou notoriedade, e conta qual foi o seu divisor de águas para mudar a vida.
Parque Nacional Torres del Paine, no Chile.
Marina Bandeira Klink, uma das mais conceituadas fotógrafas brasileiras de natureza, tem desbravado e capturado com sua lente os lugares mais remotos do planeta. Com uma carreira que se estende por mais de uma década, Marina transformou a paixão pela fotografia e pela natureza em um veículo poderoso para inspirar e educar sobre a beleza e a fragilida- de do mundo.
Ela é casada com o navegador Amyr Klink e é mãe de Tamara Klink- a primeira mulher e mais jovem velejadora a passar o inverno no Ártico sozinha num veleiro na Groelândia. A fotógrafa expõe seus registros no Brasil e no mundo. Algumas de suas imagens estão expostas até 22 de dezembro na mostra Neuland, em comemoração aos 200 anos da imigração alemã ao Brasil no Fruchthalle, em Kaiserslautern, na Alemanha.
Groenlândia, sua última viagem.
A virada na vida de Marina ocorreu em 1994, quando, a bordo de um navio russo, ela fez sua pri- meira viagem à Antártica. “Eu estava em um navio russo quando uma baleia-jubarte se aproximou do bote onde eu estava e pude tocá-la. Isso me trouxe muita transformação. E em 2006, outro turning-point: veio na decisão de levar conosco nossas três filhas para a Antártica de veleiro”, recorda ela que, até então, era produtora de eventos. E o divisor de águas aconteceu em pleno mar da Antártica. Marina estava fotografando no alto do veleiro e Amyr gritou: “Desce daí, Marina, essas fotos não servem pra nada”.
Sua habilidade de transformar uma crítica em um catalisador para o sucesso é um testemunho de sua resiliência e visão.
“Um dia Amyr me repreendeu. Ele estava certo. Até então minhas fotos não serviam mesmo para nada. Mas naquele momento eu decidi que iria publicá-las. E o mundo abriu os braços para mim! Descobri um talento que eu tinha e nem sabia. Incrível como isso, que pareceu uma crítica (e foi), acabou me abrindo um novo horizonte. Isso mudou minha vida”.
Essa experiência não só alimentou sua paixão pela fotografia de natureza, mas consolidou sua determinação de compartilhar essas visões únicas. Desde então, Marina realizou 18 expedições à Antártica e diversas outras ao Ártico, Islândia, Groenlândia, Lapônia, além de locais como Vietnã, Tailândia e Galápagos.
Paisagem bucólica na Islândia.
Em julho, Marina, Amyr e as filhas Tamara, Marina Helena e Laura decidiram voltar à Groenlândia, palco da aventura de Tamara. “Minha maior alegria é compartilhar lugares que meus olhos veem, mas que nem to- dos poderiam ir ver com os próprios olhos”, explica Marina. Suas imagens convidam a desace- lerar e observar mais atentamente a natureza.
Marina é autora de três livros de fotografia – “Antártica - A Última Fronteira” (2011), “Olhar Nômade” (2016) e “Contravento” (2018) – e dois livros infanto-juvenis que são adotados nas redes públicas e particular de ensino: “Vamos dar a Volta ao Mundo” (2019) e “Férias na Antártica” (2010), coescrito com suas três filhas. Além da obra fotográ- fica, ela é palestrante. Incentiva pessoas a persegui- rem sonhos e a valorizar o meio ambiente.
“Procuro aproximar lugares remotos das pessoas que vivem na corrida diária nos grandes centros urbanos”, afirma. Marina Bandeira Klink é uma contadora de histórias. Suas imagens não apenas capturam a beleza da natureza, mas promovem a conscien- tização pela preservação dessas paisagens para as gerações futuras. Com cada foto, ela nos lembra da majestade do planeta e da urgência em protegê-lo.