Conheça os produtores de vinho que criam Syrahs elegantes e incomuns

Castelo de Rouanne.

Possivelmente a uva mais incompreendida, mas ainda bem conhecida do planeta, a Syrah tem múltiplas crises de identidade. Ela tem dois nomes, Syrah e Shiraz; os conhecedores de vinho a adoram, enquanto a maioria dos consumidores é indiferente, na melhor das hipóteses; e embora seja frequentemente confundida com uma variedade de clima quente, ela realmente brilha em regiões de clima frio. Seja vindo de sua casa original no Vale do Rhône, Victoria na Austrália , região de Casablanca no Chile ou Costa Central da Califórnia , a Syrah de clima frio tem uma personalidade distintamente diferente que lhe permite ofuscar versões mais doces de áreas mais quentes. Encontrar uma Syrah elegante depois de renunciar às expressões de alto teor alcoólico e bomba de frutas que inundaram o mercado há 20 anos é como descobrir de repente que nem todo Chardonnay tem gosto de dois por quatro untados com manteiga.

Quando falamos com produtores de vinho ao redor do mundo sobre seu Syrah de clima frio, os mesmos descritores continuaram aparecendo, palavras como acidez, frescor, elegância e pimenta branca. O último pode ser um quebra-cabeça para muitas pessoas; sem ficar muito nerd, a presença de sabores de pimenta moída, especialmente a persuasão branca, é devido a um composto de carbono ou terpeno chamado rotundona que está presente nas uvas Syrah. Em regiões frias, ele se desenvolve mais tarde no ciclo de amadurecimento e é um daqueles sabores que geralmente fecha uma nota de degustação após as palavras "com um toque de" ou "uma nota de". Randall Grahm, um pioneiro em variedades Rhône na Costa Central da Califórnia, produz um Syrah do Vale de Santa Maria chamado En Passerillage sob seu rótulo Language of Yes . "O local mais frio permite maior retenção de acidez, bem como a presença dos significantes de sabor exclusivos do Syrah, principalmente pimenta branca e gordura de bacon", Grahm conta ao Robb Report. O que diferencia um local frio de um local frio? Grahm explica que o vinhedo Rancho Réal se beneficia de sua proximidade com o Oceano Pacífico, que fornece vento e neblina refrescantes. Regiões mais quentes podem ter menor elevação e estar mais para o interior e distantes de corpos d'água que podem oferecer neblina matinal ou um efeito refrescante.

Em Sta. Rita Hills, também na Costa Central, a enóloga Samra Morris produziu algumas safras de Alma Rosa El Jabali Syrah de um vinhedo mais conhecido por seu Chardonnay e Pinot Noir. “Cultivamos nosso Syrah nas elevações mais altas de nossa propriedade El Jabali, onde ventos fortes da costa e a neblina do Oceano Pacífico se combinam com o sol abundante da Califórnia”, ela conta ao Robb Report . “Este clima único estende nossa estação de cultivo, permitindo que as uvas amadureçam na videira até quase o Dia de Ação de Graças.” Então, em vez do Syrah adocicado, o vinho El Jabali mostra o lado saboroso da variedade com notas de violetas escuras, pedra triturada e pimenta rachada.

As garrafas para converter os céticos da Syrah.

Bem mais abaixo na costa do Pacífico, no Vale do Rosário, no Chile, a Matetic Vineyards é conhecida como a vinícola que colocou o Syrah de clima frio chileno no mapa logo após sua fundação em 1999. O Matetic Syrah, de um vinhedo orgânico e cultivado biodinamicamente no Vale de San Antonio, oferece sabores elegantes de frutas pretas e pimenta. O enólogo chefe Julio Bastías disse à Robb Report que a proximidade do vinhedo com o oceano ajuda a reter a acidez, enquanto a mesma uva de um clima mais quente mostrará mais características de frutas vermelhas e terá acidez muito menor, sem o frescor que é retido em regiões frias.

Do outro lado do Pacífico Sul, na remota e acidentada região de Grampian, em Victoria, Mount Langi Ghiran é um dos locais mais frios do país e geralmente é a última vinícola a colher frutas em toda a Austrália continental. Mount Langi Ghiran Langi Shiraz é uma expressão completamente diferente do que se poderia esperar de outras regiões australianas. O enólogo chefe Adam Louder compara seu vinho às versões de Barossa Valley e McLaren Vale, que podem ser "maduros, ricos e, às vezes, adocicados", diz ele. Mas aninhados entre duas montanhas a 1.200 pés, seus vinhos produzem um caráter diferente. "O longo e lento amadurecimento de nossas videiras Shiraz resulta em vinhos de notável elegância e equilíbrio", explica Louder. "Eles mantêm altos níveis de acidez natural e exibem um espectro completo de frutas vermelhas, especiarias e taninos finos que os preparam para envelhecer graciosamente por décadas."

Nenhuma discussão sobre Syrah está completa sem mencionar o norte do Vale do Rhône, onde a variedade reina nas denominações Hermitage, Cornas, Côte-Rôtie e Saint-Joseph. Louis Barruol fundou o Château du Rouanne na promissora denominação Vinsobres, que fica nos limites mais ao norte do sul do Rhône. Adotando uma abordagem mais borgonhesa, Barruol lançou três vinhos diferentes de áreas distintas de seu vinhedo na encosta. A enóloga Clarisse Borau descreve o Vinsobres como o cru mais fresco do sul do Rhône e explica que a localização do Château du Rouanne ao longo da borda dos Alpes oferece um microclima fresco "graças ao vento frio que desce das montanhas e resfria o Vale dos Eygues", diz ela. "O vinhedo de Rouanne também é realmente interessante por causa de sua altitude; cultivamos Syrah até 320 metros [1.050 pés] acima do nível do mar." Seu Vinsobres Les Cotes é quase 100% Syrah, feito de uvas pequenas, lentamente amadurecidas, que produzem uma expressão elegante que pode ser bebida como um vinho de regiões mais famosas do norte.

Uma das melhores coisas sobre Syrah? Além das garrafas do norte do Rhône, seu status de pouco conhecido o torna acessível em listas de vinhos e prateleiras de lojas, especialmente em comparação com variedades da moda como Cabernet Sauvignon e Pinot Noir. Há literalmente um mundo de opções para escolher, e apostamos que você ficará agradavelmente surpreso.

Reportagem original: Meet the Winemakers Creating Uncommonly Elegant Syrahs