Ricardo Basaglia: líderes devem ter uma resposta rápida considerando cenários diferentes da crise
Momento exige estratégia robusta de longo prazo, decisões rápidas e atenção aos processos de inovação.
Ricardo Basaglia, diretor-geral da Page Executive. (Foto: Divulgação)
A Falconi, maior consultoria voltada para geração de valor na América Latina, fez uma pesquisa com a alta liderança de 100 empresas, para verificar a maturidade de gestão de companhias que têm faturamento anual entre R$ 10 milhões e R$ 300 milhões e que desempenham um papel fundamental na cadeia produtiva do país e na geração de empregos. O levantamento revelou que apenas 10% das empresas entrevistadas têm uma estratégia bem definida para os próximos três a cinco anos, com visão, missão, objetivos e estratégia.
De acordo com a Falconi, ter um modelo de gestão efetivo – do nível estratégico até o operacional – faz com que a empresa direcione seus esforços de forma coesa, gerando conhecimento para atingir novos patamares de resultados, a partir da melhoria dos processos. A pesquisa revelou também que embora quase 72% das médias tenham definido algumas prioridades, essas metas não estão fundamentadas no longo prazo.
“Há o risco de a companhia estar priorizando iniciativas para diferentes direções, ou até mesmo em contradição com os próximos movimentos de mercado”, aponta Flávia Maia, head da Mid, empresa criada pela Falconi que une a consultoria customizada a soluções tecnológicas.
Flávia destaca que vivemos atualmente um contexto de muita velocidade nas transformações e inovações no mercado. Além disso, novas tecnologias, concorrências diretas e transversais surgem a cada dia, oferecendo aos clientes de cada empresa novas alternativas para atender as suas necessidades.
“O pensamento estratégico para avaliar constantemente o contexto externo, diferenciais competitivos e a capacidade de gerar novas ofertas de valor para os clientes é fundamental. Isso significa a necessidade de revisitar a estratégia de negócio, traduzi-las nas prioridades do horizonte tático, nas metas do ano e projetos prioritários. Entretanto, garantir uma execução disciplinada é a chave do jogo”, pondera.
Liderança em debate
A pandemia do novo coronavírus alterou a dinâmica de trabalho do alto escalão nas empresas. É o que revela levantamento inédito realizado pelo PageGroup, líder global em recrutamento executivo, em parceria com o Centro de Liderança da Fundação Dom Cabral. De acordo com a pesquisa, dois em cada três líderes estão acelerando tomada de decisões em função da atual crise sanitária e econômica.
“São decisões acerca do negócio, da continuidade das operações e da gestão de pessoas. Ainda que o planejamento possa ser alterado, a maioria dos líderes concorda que é preciso ter uma resposta rápida considerando cenários diferentes. Uma vez tomada a decisão, é importante atualizar a empresa e qualificar os colaboradores para os próximos passos", explica Ricardo Basaglia, diretor geral da Page Executive, especializada em recrutamento executivo do alto escalão.
O papel do líder tem sido testado constantemente durante a crise. Prova disto é a enorme capacidade com que o executivo tem lidado com a alta velocidade de transformações, trazendo impacto direto em sua administração. Quando questionados na pesquisa sobre a mudança de seu papel em função da crise, 29% deles informaram que estão dando maior ênfase em habilidades estratégicas. Já 22% decidiram ter um foco em gestão de pessoas e soft skills (habilidades comportamentais).
Flavia Maia, Head de Mid Falconi. (Foto: Divulgação)
No entanto, sobre a importância da agilidade da tomada de decisão, Flávia Maia alerta que uma das principais dificuldades ocorre quando a empresa cresce e se mantém dependente de seus fundadores e da alta liderança.
“A situação fica ainda mais difícil quando não ocorre a profissionalização da empresa, onde há uma delegação estruturada para a média gerência – quando o líder consegue desdobrar responsabilidade sobre os resultados e autoridade sobre os processos. A principal consequência disso é a sobrecarga na direção da companhia, limitando a velocidade e o ritmo das tomadas de decisão. Dessa forma, não sobra tempo para olhar para fora da empresa e buscar a necessidades dos clientes, os novos comportamentos e acompanhar o mercado, concorrentes e as tendências de mercado”, avalia.