"Recuperação da economia brasileira será lenta, dependendo da aprovação das reformas", avalia André Friedheim

“Acredito que a recuperação da economia brasileira será lenta, podendo até superar as expectativas dependendo da aprovação das reformas tributária e administrativa”, diz André Friedheim, presidente da Associação Brasileira de Franquias (ABF). (Foto: Divulgação)

Ao registrar um faturamento superior a R$ 186 bilhões, com mais de 160 mil unidades ligadas a cerca de 2800 redes, o setor de franchising no Brasil mostra sua maturidade, resiliência e capacidade de reagir de maneira ágil a cenários adversos. Desta forma, o modelo atrai os mais diferentes perfis de investidores, considerando que o negócio já vem estruturado e possui suporte profissionalizado.

“Assim como os demais segmentos da economia, o franchising foi impactado pela pandemia da Covid-19, porém, pela própria essência do setor, que tem base no trabalho colaborativo, na sinergia entre franqueador e franqueado, além de seu dinamismo, esses impactos negativos foram minimizados”, avalia André Friedheim, presidente da Associação Brasileira de Franquias (ABF).

As franquias seguem como a porta de entrada do empreendedorismo para quem deseja investir um capital que hoje não encontra grande rentabilidade, tendo em vista a volatilidade do mercado de capitais e o baixo retorno em renda fixa. Só no mês de julho, em plena pandemia do novo coronavírus, a busca por esse tipo de negócio, comparado ao mês anterior, cresceu 23,8%, segundo a própria ABF. Mesmo com dados positivos, Friedheim ainda sugere cautela para 2021. “Enxergamos de forma otimista, mas também com os pés no chão. Acredito que a recuperação da economia brasileira será lenta, podendo até superar as expectativas dependendo da aprovação das reformas tributária e administrativa, por exemplo” explica.

Modelos

O presidente da ABF aproveita para destacar algumas dicas valiosas de setores que estarão em alta no ano que vem. “Segmentos ligados às atividades essenciais, como saúde, beleza e bem-estar, casa e construção, alimentação, por exemplo, tendem a ter uma demanda maior nesse cenário de retomada, assim como comunicação, informática e eletrônicos e serviços”, elenca.

Além dos segmentos listados inicialmente, Friedheim aposta na alta das franquias que atuam em nichos de mercado, como o agronegócio. “Acredito que em todos os segmentos de franquias há boas oportunidades de negócios, com novos formatos e inovações que atendem aos interesses dos diferentes investidores”, encerra.

Experiência

Fundado em 2004, o Griletto é a maior rede de grelhados do Brasil. Atualmente são mais de 160 lojas franqueadas por todo o país. Em 2019, a marca foi premiada com o Selo de Excelência em Franchising, reconhecimento conferido pela ABF. Para se manter no mercado durante 16 anos, Ricardo José Alves, CEO do Grupo Halipar acredita nos produtos de qualidade oferecidos pela rede. “O Griletto mantém um modelo de negócio bastante interessante, valorizando um cardápio variado e preços acessíveis. Esse conjunto de fatores torna a rede muito atrativa para quem quer empreender”, conta.

Mesmo em meio à pandemia, Alves revela que a marca seguiu com seus planos de expansão. “Somente em setembro, inauguramos três unidades na cidade de São Paulo, e a meta é inaugurar, até o final do ano, mais oito lojas no país. Continuamos a trabalhar da mesma forma de antes, mostrando as vantagens de ser um franqueado de um dos maiores grupos nacionais de franquias de alimentação do Brasil”, afirma.

“A rede está realizando um trabalho de orientação aos franqueados, referente ao cuidado no atendimentoao cliente e manuseio das roupas”, diz Alex Quezada, diretor de Expansão da 5àsec. (Foto: Divulgação)

Atendimento

Outra companhia que não mediu esforços para apoiar clientes e franqueados durante a pandemia foi a 5àsec. A empesa desenvolveu um projeto piloto que atuará com a base de clientes da marca. Intitulado Inside Sales, a iniciativa é focada em ações para a força de vendas. Assim, uma equipe treinada e qualificada atuará fazendo contato com os clientes que há mais de 30 dias não utilizam os serviços nas lojas.

“O objetivo foi promover esforços na comunicação e no cuidado com o consumidor, para fortalecer a marca e levantar eventuais oportunidades de novos pedidos. Além desta iniciativa, a rede está realizando um trabalho de orientação a toda rede franqueada, referente ao cuidado no atendimento ao cliente e manuseio das roupas, para contribuir de forma efetiva com a sociedade”, explica Alex Quezada, diretor de Expansão da 5àsec.

Grande demanda

Já a Home Angels, empresa de cuidadores de pessoas, percebeu o potencial do momento e na mudança de perfil da sociedade. Desde 2009, a franquia desenvolve um sistema com base nas melhores práticas recomendadas pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) relativos a cuidados de idosos, adultos e crianças. Presente em todo o Brasil, a rede conta com mais de 92 unidades franqueadas e equipe de profissionais experientes da saúde, que fornecem suporte e treinamentos técnicos.

“Estamos está há mais de 10 anos no mercado e sempre buscamos a inovação. Prezamos sempre pelo bem-estar de nossos clientes e seus entes queridos. Atualmente, há 20 milhões de idosos no Brasil e a tendência é que esse número chegue a 52 milhões em 2050, ou seja, o mercado de cuidadores de idosos é resiliente a qualquer crise”, conta Artur Hipólito, sócio-diretor da Home Angels.

Mesmo com o cenário adverso, a Home Angels conseguiu aumentar em 25% o seu faturamento entre os meses de maio e julho, auge da pandemia. “O ano de 2020 foi difícil para a economia como um todo. Mesmo com todas as dificuldades, o mercado de franquias conseguiu superar a instabilidade por se tratar de um negócio em que existe padronização e estrutura para suportar os franqueados, responsáveis pelo atendimento ao cliente final. Percebemos que o mercado de franquias já está em plena recuperação”, encerra Hipólito.