Fabio Coelho: Brasil está entre os cinco principais mercados para os principais produtos do Google

Presidente do Google Brasil celebra uma década no cargo e a consolidação no país entre os principais mercados para os produtos da companhia - como o Android, que está em nove de cada 10 celulares dos brasileiros.

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Fabio Coelho, presidente do Google Brasil. (Foto: Divulgação)

Engenheiro civil e administrador de empresas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Fabio Coelho ocupou posições de liderança no mundo da internet e no mercado  de telecomunicações, serviços  financeiros  e produtos de consu- mo em companhias como Citibank, P&G  e Pepsico. Também  trabalhou durante mais de 10 anos nos Estados Unidos como presidente do negócio digital da AT&T.

Desde o seu retorno ao Brasil, em 2010, o executivo  trabalha para  estimular  o ecos- sistema  digital  local. Hoje, Coelho celebra uma  década como presidente do Google no país - ele também  acumula a vice-presidência do Google Inc desde 2015 - e os resultados que  a empresa tem atingido regionalmen- te de modo  a auxiliar  a vida das pessoas  e dos empresários, além de facilitar o acesso à tecnologia e à internet.

Nesta entrevista exclusiva à Revista LIDE, o líder de mais de 1.200 googlers (apelido dado aos  funcionários do companhia) que trabalham no Brasil, fala sobre a importante posição  de mercado  que o país ocupa,  esmi- úça suas raízes sustentáveis  e explica,  tam- bém,  o desafio  de combater a proliferação das fakes news.

Qual será o papel da tecnologia na recuperação econômica e como  os serviços do Google podem ajudar neste processo?

A  pandemia acelerou a transformação digital  de  empresas e  nosso foco  tem  sido  ajudar nossos clientes a fazer melhor uso da internet e de nossas ferramentas para  potencializar seus  negócios. Estamos presentes  em  toda a jornada digital das empresas e oferecemos ferramentas gratuitas, como  o Google Meu Negócio, para ajudar os pequenos e médios empreendimentos, além de  equipes dedicadas a oferecer insights de negócio e serviços  para  grandes empresas que utilizam  nossas plataformas de  publicidade. Queremos continuar ajudando as  empresas a se conectarem com potenciais clientes, o que  é fundamental num  período de incerteza como  o que  estamos vivendo.

Uma parte importante de nossas iniciativas são   os treinament os  e  c ap acitaç ão  p ar a empreendedores por  meio  de programas como o  Cresça com  o  Google, que  os  ajuda com ferramentas e recursos para  superar o período de incerteza gerado pela pandemia da Covid-19. Entre os programas está a primeira edição do Cresça suas  vendas com o Google que, no ano  passado, ajudou mais  de 50 mil empreendedores a abrir seu  primeiro e-commerce. Além disso, lançamos no  mesmo período a Google  Academy, hub de lives e treinamentos para ampliar o conhecimento sobre como aproveitar ao máximo os recursos das nossas plataformas. Até o momento, já realizamos mais de 130 sessões e temos mais de 14 mil horas de conteúdo visualizado.

Qual a participação do Brasil em relação ao desenvolvimento de novos produtos, serviços e investimentos?

Em 15 anos  de presença local, o país está  entre os cinco principais mercados para nossos principais produtos: Busca, Android, Chrome, YouTube, Maps, Play, Fotos,  Drive e Gmail. Além disso, por  aqui temos uma  diversidade de  espaços f ísicos  que existe  em  poucos lugares no mundo: escritório comercial em São Paulo, Centro de Engenharia em Belo Horizonte, Campus do Google for Startups em São Paulo  e Partner Plex para  clientes. Além dos Estados Unidos, o Brasil foi o primeiro país  a ter todas essas instalações. No total, são mais de 1.200 Googlers  e estagiários no país. 

Desenvolvemos, por aqui, inovações que  foram adotadas em  outros países e até  globalmente. A colaboração entre a  equipe de  engenheiros de inovação comercial, gTech, e o time  de  vendas ao longo  desses 15 anos no  Brasil, entregaram aos clientes soluções pioneiras para  a divulgação de seus serviços  e produtos.

Quais são os próximos desafios da companhia no país? Em que operações a empresa deverá direcionar seus esforços?

Estamos focados em contribuir com organizações públicas e  privadas, por  exemplo, a  melhorar a educação por meio da tecnologia. Além disso, estamos comprometidos a ajudar os brasileiros a encontrar emprego, melhorar suas habilidades digitais  e ter sucesso por meio  de nossos produtos, ferramentas e treinamentos. Continuamos comprometidos com  o Brasil e a manter e crescer nossa presença local por muitos anos. Acreditamos no potencial do país e dos brasileiros, que têm vocação natural para  o ambiente digital.

O que você destacaria em relação a resultados mais concretos de seus dez anos à frente da empresa?

No Google,  todos os  dias  ajudamos pessoas e empresas a fazer  melhor uso  da  internet e de nossas ferramentas. Nosso  objetivo é  oferecer soluções úteis  e inovadoras, que  realmente ajudem as pessoas a tomarem melhores decisões no seu dia a dia. Isso é fruto  de muito  trabalho dos googlers e de nossa persistência na busca contínua de ajudar os brasileiros.

Em 2010, as pessoas ainda não  tinham fluência no conceito da informação na nuvem: elas  entravam na internet, saiam  da internet, operavam ainda com o desktop. Hoje, todo mundo está  com o smartphone na mão, conectado o tempo todo, buscando informações, fazendo compras, colaborando na nuvem. O Google  contribuiu ativamente  para   essa transformação, com a criação do sistema operacional Android, que  hoje  está em nove de cada  10 celulares em  uso  no  Brasil. O Android  foi fundamental para democratizar o acesso dos  brasileiros a internet. O sistema operacional permitiu que  os fabricantes reduzissem os  custos de  desenvolvimento, o que ajudou a diminuir o preço dos smartphones no mundo.

Nos últimos cinco anos, 24 milhões de brasileiros foram  introduzidos à  internet por  meio  de  um dispositivo Android. Hoje, 97% dos usuários de internet no Brasil acessam a internet por meio de um celular, e 51% acessam exclusivamente dessa maneira. Para os brasileiros das classes D/E, o smartphone possui um papel ainda mais significativo, sendo o único meio de acesso para  83% destes usuários.

Quais são as maiores expectativas dos clientes corporativos em relação aos serviços do Google?

Com a evolução da pandemia da Covid-19, muitas empresas brasileiras multiplicaram seus esforços para,  por meio da internet, continuarem conectadas aos seus  clientes e a web tornou-se uma ferramenta fundamental para  a operação delas. Desde  o início  da  pandemia, nosso foco  tem sido  ajudar clientes a navegar esse momento de incerteza, com  oferta de  informações, conselhos estratégicos e ações práticas. E esse esforço passa por ajudarmos nossos clientes a entender a evolução do  comportamento dos  consumidores brasileiros e a ajustar mais  rapidamente suas estratégias, já que  vivemos  em um contexto onde tudo  muda com rapidez e nossa capacidade de  prever o que  vai acontecer a seguir  fica limitada.

O Google sempre teve uma preocupação com pautas ligadas aos princípios  ESG. Como isso evoluiu nos últimos dez anos?

Sobr e esse assunto, destaco  alguns anúncios recentes que  fizemos  em  nível  global. A sustentabilidade é um de nossos pilares desde que Larry Page  e Sergey  Brin fundaram a empresa, há vinte anos.  Em 2007, nos tornamos a primeira grande companhia a ser neutra em carbono. Depois, em 2017, também nos tornamos a primeira grande corporação a igualar nosso uso  de  eletricidade com  100% de energias renováveis. Temos  a operação mais  limpa  e eficiente no setor de  computação em  nuvem,  e somos a maior compradora  mundial  empresarial  de  energia renovável. Em setembro do ano passado, anunciamos que eliminamos todo  o nosso legado de carbono e nos  comprometemos a usar  energia limpa 24 horas por dia, 7 dias  por semana, em todos os nossos data centers e campi  do mundo até  2030.

A empresa tem atuado no combate a proliferação de fake  news, de que forma isso tem ocorrido? Quais parcerias e projetos já foram realizados ou ainda podem ser lançados?

Desinformação é uma  questão  complexa que afeta diversos países no  mundo. Em todos esses lugares, empresas, governos, pesquisadores  e sociedade civil buscam maneiras de  lidar  com  o tema. Até hoje não se chegou a uma  solução única, já que  se trata de uma questão complexa. No Brasil, não é diferente.

O Google  está comprometido no  combate à desinformação. Sabemos que em situações como a que estamos passando, o trabalho contra a notícias falsas é ainda mais importante. Nesse período de pandemia, seguimos investindo em tecnologia e na melhoria das nossas plataformas para  garantir um ambiente seguro e confiável  à comunidade de usuários.

Para  ajudar  nessa  frente  de combate a o conteúdo enganoso sobre Covid-19, o Google, por meio do Google News Initiative, destinou cerca  de R$ 21 milhões para  o Fundo  de Auxílio Emergencial ao jornalismo local e está  ajudando financeiramente mais de 400 pequenos e médios  veículos jornalísticos no  Brasil  que  produzem conteúdo original  voltado a comunidades regionais durante essa crise  atual. A  imprensa local  desempenha um  papel importante na  cobertura de  situações de  quarentena e na  divulgação de  informações sobre saúde pública e o impacto do  coronavírus no cotidiano dos cidadãos.