Expertise e capacidade técnica das fintechs beneficiam profissionais, pequenos empreendedores e desbancarizados

Atualmente, existem aproximadamente 550 fintechs no Brasil. Isso se deve, principalmente, ao fato dos consumidores e empreendedores brasileiros possuírem acesso e interesse na convergência digital.

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Augusto Lins, da Stone: conectar consumidores locais. (Foto: Divulgação)

Para entender os impactos financeiros provocados pelo novo coronavírus entre seus clientes, a SumUp, fintech de soluções de pagamento, realizou em março uma pesquisa entre microempreendedores de todas as regiões brasileiras. Cerca de 22 mil clientes da empresa responderam ao estudo, que foi confrontado com dados internos de volume transacionado pelos empreendedores. Entre os consultados, atuantes em pequenos negócios de variados segmentos, cerca de 90% afirmam que tiveram suas vendas impactadas pela nova doença.

“Mudanças na rotina das pessoas, como esta causada pela Covid-19, em que grande parte da população tem trabalhado em home office e evitado sair de casa, trazem consequências diretas para o micronegócio. Esse segmento sofre com mercadorias estocadas, com prazo de validade, como acontece no caso de alimentos, e falta de demanda por serviços. O impacto é imenso", avalia Carlos Grieco, head de marketing da SumUp.

Além da SumUp, para todas as fintechs brasileiras, o grande objetivo neste momento de crise é compreender as dificuldades e facilitar a vida de seus usuários. Preocupada com o futuro dos empreendedores brasileiros, a fintech Juno se uniu ao Sebrae, que vem há algum tempo fomentando o movimento “Compre do Pequeno”, para lançar o projeto #ApoieSuaCidade — um caminho encontrada para estender a mão e ajudar micro e pequenas empresas. “Nossa maneira de ajudar nesse momento é disponibilizando um produto para que, independentemente de como o estabelecimento faça a venda de suas mercadorias ou vouchers, ele realize essa comercialização de forma simples por meio de um link de pagamento, que será fornecido em nossa plataforma, que poderá receber, inclusive, todos seus produtos e serviços”, explica Luísa Barwinski, especialista em Inbound Marketing da Juno.

Outro ponto positivo desse método de pagamento é sua praticidade, pois as cobranças podem ser emitidas via cartão de crédito ou boleto bancário, opções seguras tanto para o lojista quanto para o consumidor final. Para utilizar o Venda Fácil não é preciso possuir um site ou uma maquininha de cartão. “O negócio pode funcionar totalmente off-line ou estar presente nas redes sociais, sem necessariamente ter uma loja física ou on-line, pois os links de pagamento podem ser enviados de diversas formas, via e-mails, Instagram, Facebook e até mesmo pelo WhatsApp”, detalha Luísa.

Grandes operações

Atualmente, existem aproximadamente 550 fintechs no Brasil. Isso se deve, principalmente, ao fato dos consumidores e empreendedores brasileiros possuírem acesso e interesse na convergência digital. E para diminuir o impacto econômico nos pequenos negócios durante a quarentena para combate à Covid-19 no país, logo no início da crise, a Stone, fintech de serviços financeiros e de pagamentos, anunciou R$ 30 milhões em iniciativas, como isenção de mensalidade, redução de taxas e R$ 100 milhões adicionais em microcrédito para os donos de negócios mais atingidos com a crise causada pela pandemia de coronavírus.

A empresa também criou diversas ferramentas para auxiliar o pequeno empreendedor na gestão do negócio, como a iniciativa gratuita Compre Local, disponível no portal cuidedopequeno.com.br/pedir, que tem como objetivo fomentar o comércio de bairro. “Com o Compre Local as pessoas poderão comprar dos pequenos negócios por diversas plataformas. A iniciativa permite que os consumidores se conectem com negócios que muitas vezes só conheciam pessoalmente e nem sabiam que poderiam consumir seu bolo predileto, por exemplo, do conforto do lar”, relata Augusto Lins, presidente da Stone.

Inclusão financeira

O PicPay, a maior carteira digital do Brasil, com quase 18 milhões de usuários, está possibilitando que milhares de pessoas recebam benefícios de governos e entidades de casa, direto no celular, de maneira fácil e segura. Ainda promove inclusão financeira, já que não exige que o beneficiário tenha conta bancária. Os usuários do PicPay Empresas, também terão isenção, até o final de maio, da taxa para recebimento de pagamentos — único encargo cobrado dessa categoria pelo aplicativo. O cliente poderá fazer sua compra pelo celular, com saldo em carteira ou cartão de crédito – sem contato físico e à distância, no caso do delivery ou e-commerce – e o valor ficará disponível na conta da empresa já no dia seguinte.

“Sabemos que este é um momento muito sensível e, mais do que nunca, devemos pensar no coletivo. Somos uma empresa de tecnologia e nossas estratégias são centradas nas necessidades dos usuários. Diante dessa crise, buscamos contribuir para a manutenção e a perenidade das atividades dos estabelecimentos comerciais parceiros”, explica Gueitiro Genso, CEO do PicPay.

Entre outras ações, a companhia anunciou a criação de uma central de doações para conectar pessoas a causas que arrecadam fundos para conscientização, amparo a pessoas em risco e prevenção à pandemia. “Buscamos ser um meio facilitador para que nossos milhões de usuários possam realizar doações à distância pelo celular, em segundos e em segurança, sem sair de casa”, afirma Anderson Chamon, cofundador e diretor-executivo de Tecnologia e Produto da fintech. “O PicPay abraça essa vocação desde 2013, quando ajudou a coletar recursos para vítimas de uma forte enchente em Vitória, cidade natal da empresa. De lá para cá, foram feitas diversas campanhas de arrecadação, como para as instituições AACD, Hospital de Amor e Femama”.

Crédito rápido

Outra empresa do segmento, a Mercado Pago, fintech do Mercado Livre, promoveu em meados de abril a concessão de novas linhas de capital de giro no valor de R$ 600 milhões, destinadas aos pequenos vendedores nesse período de crise e de restrição de crédito no sistema financeiro tradicional. Serão beneficiados milhares de empreendedores do Mercado Livre e do Mercado Pago, que também oferecem a plataforma de pagamentos da empresa em suas lojas on-line ou que trabalham com as maquininhas de cartão Point. “Agora, mais do que nunca, é o momento de ajudar nossos pequenos vendedores a enfrentarem esta fase difícil. Vamos seguir juntos deles para que mantenham seus negócios, contribuindo também para preservar os empregos que eles geram”, explica Pedro de Paula, diretor do Mercado Crédito no Brasil.

Serão disponibilizadas pela fintech ofertas a partir de R$ 1 mil até R$ 350 mil, para parcelamento em até 12 vezes. Os vendedores elegíveis podem consultar o limite de crédito disponível na seção Mercado Crédito, seja pela plataforma Mercado Livre ou pelo aplicativo do Mercado Pago.

Democratização

Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva, um em cada três brasileiros não têm acesso aos serviços bancários. Neste sentido, promover inclusão financeira a brasileiros que estão ou estiveram negativados foi o que motivou a criação da SuperSim, a mais nova fintech do mercado que oferece crédito 100% on-line para a população das classes C e D. Com a crise gerada pelo avanço do coronavírus no Brasil, a empresa agora também oferece crédito com garantia do celular do cliente. “Nossa missão é promover uma inclusão financeira que funcione, alcançar aqueles que nenhuma outra empresa alcança, dizer mais ‘sim’ do que todo mundo. Por isso nos chamamos SuperSim”, afirma Daniel Shteyn, presidente da empresa.

O potencial de alcance da SuperSim é grande, uma vez que são mais de 100 milhões de brasileiros que já estiveram negativados. Cada cliente passa por uma experiência customizada de acordo com seu perfil de risco e tem uma oferta única de taxas de juros e valor do empréstimo, que pode variar entre R$ 500 e R$ 3.000. “Por fim, temos um roteiro de inovações adicionais, que apresentaremos ao longo de 2020 e 2021. Esperamos que cada uma agregue um valor significativo aos nossos clientes e faça com que o restante do mercado financeiro siga nossa liderança”, destaca o executivo da fintech.