Adriana Aroulho: transformação digital converte os negócios em empresas inteligentes

Presidente da SAP Brasil revela que empresas tem buscado uma jornada de transformação digital holística e objetiva.

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Adriana Aroulho, nova presidente da SAP Brasil. (Foto: Divulgação)

A SAP Brasil é hoje comandada por Adriana Aroulho, substituindo Cristina Palmaka, que se tornou presidente da SAP na América Latina e Caribe. Liderando uma operação que conta com mais de 1.200 funcionários e escritórios em São Paulo e Rio de Janeiro, Adriana está na companhia desde 2017, quando entrou para conduzir a Plataforma Digital Empresarial no Brasil. Como vice-presidente da área, a executiva posicionou a organização em um patamar mais elevado, com projetos relevantes e estratégicos na área de licenças e forte crescimento em cloud.

Em janeiro de 2019, a executiva assumiu a posição de COO com o desafio de trazer crescimento sustentável e garantir a satisfação dos clientes. Seus esforços foram fundamentais para elevar o Brasil a “Unidade de Negócios de 2019” na região da América Latina, que por sua vez foi a Região do Ano em toda a SAP. Antes de ingressar na companhia, Adriana esteve por 22 anos na HP, no qual ocupou diversos cargos de direção.

Formada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo, a executiva passou a integrar este ano o rol de lideranças do programa da ONU para promover Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em seus negócios e com seus stakeholders, fortalecendo o compromisso da SAP Brasil com os critérios ESG. Além do tema, nesta conversa ela fala sobre a oferta de serviços inovadores para acelerar a transformação do mercado em diversos segmentos e a mudança de comportamento entre consumidores e empresários.

Transformação digital foi um dos legados da pandemia nas empresas, de que maneira a SAP avalia esse momento?

Adriana Aroulho: A crise atual vem funcionando como um catalisador para a mudança, o que não se restringe apenas a digitalizar serviços e processos de negócios, mas a maximizar o uso dos mais diversos dados disponíveis para avaliar cenários e encontrar alternativas de continuidade e crescimento. Como a SAP atende 25 indústrias, podemos sinalizar que as empresas estavam em graus distintos de maturidade digital e foram atingidas pela crise de maneiras diferentes. Alguns tiveram suas atividades fortemente impactadas pelo isolamento social; outras tiveram muita dificuldade para colocar a operação em trabalho remoto e tiveram que priorizar o básico para se manter em atividade. O que temos acompanhado é que, nos diferentes cenários, o papel da tecnologia foi e será muito importante para a retomada da economia. A transformação digital converte os negócios em empresas inteligentes, que ao automatizar seus processos ganham produtividade, reduzem riscos e liberam seu capital humano para trabalhar em projetos inovadores, aumentando a competitividade da operação.

Quais foram os principais desafios impostos à empresa no Brasil em 2020, ano em que você assumiu a presidência?

A SAP respondeu rapidamente às mudanças no ambiente de negócios, adotando uma estratégia de vendas virtuais e implementação remota que têm sido fundamental para manter o atendimento aos nossos clientes, e oferecendo atendimento consultivo para ajudá-los na continuidade de suas operações e no planejamento de ações futuras. Algumas empresas anteciparam implementações de sistemas SAP que estavam programadas apenas para os próximos anos; outras priorizaram os processos de e-commerce e marketing de relacionamento ou mesmo digitalizaram rapidamente seus processos de suprimentos e cadeia logística para se adaptar às novas necessidades da operação.

Um ponto que podemos destacar é consolidação das soluções em cloud como uma forma de agilizar os processos de transformação digital. Isso ficou muito evidente em um momento que as operações das empresas estão descentralizadas, mas seguem integradas com o suporte de soluções na nuvem. Somando-se a esses esforços, a SAP fez movimentos importantes ao longo dos últimos meses para aprimorar a forma de ofertar as suas soluções e no relacionamento com a sua base de clientes. Recentemente, nós anunciamos o programa RISE with SAP, uma oferta inovadora para impulsionar a transformação holística das empresas em negócios inteligentes. Oferecida sob o modelo de assinatura, a oferta tem apenas um contrato para gerenciar acordo de nível de serviço, operações e suporte e prover uma estratégia empresarial mais inteligente com a integração de dados e processos em todas as linhas de negócios, tendo como centro o ERP de última geração S/4HANA, em sua versão na nuvem, e oferecendo a base tecnológica do SAP Business Technology Platform (SAP BTP) que ajuda a manter o sistema central simples para tornar a integração de soluções de parceiros ou de desenvolvimento próprio mais fácil.

Qual deve ser a postura das grandes companhias nos próximos anos se levarmos em conta as mudanças de comportamento dos consumidores?

Muitos líderes de empresas já estão percebendo que as necessidades dos clientes mudaram. Para muitas organizações não será apenas um processo de reabertura, mas de reinvenção, e isso só poderá ser feito apoiado em tecnologia. A transformação digital converte os negócios em empresas inteligentes, que utilizam efetivamente seus recursos, de forma otimizada, para alcançar os resultados desejados com agilidade e riscos reduzidos. Um exemplo que ficou evidente é sobre as políticas de home office e atuação em e-commerce: empresas que já tinham recursos de mobilidade implementados conseguiram se adaptar mais rapidamente e dar continuidade aos negócios. Empresas inteligentes também são diversas, éticas e sustentáveis. Portanto, as pautas ESG serão cada vez mais prioritárias.

Em que áreas a SAP tem percebido maior crescimento entre seus produtos e serviços?

A SAP vem de um processo de diversificação de portfólio com maior oferta de soluções na nuvem e a estratégia segue priorizando ajudar companhias de diferentes portes e áreas de atuação, a se tornarem empresas inteligentes, o que inclui digitalizar processos e adotar tecnologias emergentes embarcadas em todas as nossas soluções, como aprendizado de máquina, inteligência artificial, internet das coisas, analíticos avançados, entre outras. A operação brasileira registrou um primeiro trimestre do ano com crescimento em diversas linhas de negócios, com destaque para as soluções SAP Digital Supply Chain, de gestão da cadeia de suprimentos, e SAP SuccessFactors, para gestão do capital humano.

Qual a importância e impacto na rotina e futuras ações da empresa da sua participação na Rede Brasil do Pacto Global da ONU?

A SAP é signatária do Pacto Global da ONU como parte das iniciativas do programa Ambição para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e eu fiquei muito honrada em integrar o rol de lideranças do programa no país, como porta-voz do ODS 10, que visa a Redução das Desigualdades. Entendo que uma cultura de inovação dentro de uma organização necessita de diversidade de pensamento e esse tem sido o foco da minha atuação para trazer luz para o tema, tanto dentro da SAP como no relacionamento com nossos stakeholders. A redução das desigualdades é um tema que inspira a forma como eu trabalho a Diversidade, Equidade e Inclusão na empresa, sempre me envolvendo pessoalmente com as equipes e impulsionando essa pauta com todas as redes de colaboradores nos temas que envolvem mulheres, negros, a comunidade LGBTQIA+ e as pessoas com deficiência.

Além disso, a minha participação na Rede Brasil do Pacto Global também vai ao encontro da abordagem global da SAP de reforçar as iniciativas para ajudar os clientes na transição para uma economia de baixa produção de carbono e cumprir suas metas climáticas. A SAP está empenhada para que, a partir de suas soluções, contribua para proporcionar maior eficiência, transparência e responsabilidade de carbono e emissões em toda a cadeia de suprimentos; inovação em novos processos e modelos de negócios e, por fim, ajudar as empresas nos seus relacionamentos com a indústria, o governo e seus consumidores.

A SAP passou a habilitar práticas ESG a partir de dados gerados em suas soluções. Essa será uma das principais demandas entre as companhias que buscam alinhar suas operações com os conceitos de sustentabilidade, diversidade e equilíbrio social?

As pautas ESG são uma prioridade estratégica global da SAP e são elas que norteiam nossos processos de inovação. Os sistemas da SAP (23 no total) podem ser utilizados para adicionar informações sobre todas as etapas de processos – dos administrativos aos operacionais –, de forma a contribuir para a adaptação das companhias a mudanças de regulamentação, consumo de energia, gestão de resíduos, políticas de responsabilidade de produtores, políticas de diversidade e inclusão, entre outros pontos cada vez mais urgentes em uma economia pautada pela sustentabilidade e em linha com padrões globais e melhores práticas. Esses dados são essenciais para a empresa levantar, analisar e medir 90 indicadores essenciais de desempenho econômico, ambiental e social propostos pela Global Reporting Initiative – organização internacional que ajuda companhias, governos e instituições a compreender e comunicar o impacto dos negócios em questões críticas de sustentabilidade.

Como a SAP tem encarado a futura presença do 5G no país e seu potencial?

A cobertura de dados mais rápida também vai ajudar nos projetos de digitalização das empresas, principalmente com uso de IoT (internet das coisas). O que podemos ressaltar é que ainda que a rede não esteja disponível no Brasil, as aplicações estão sendo construídas a partir de outro uso de redes e que tendem a ganhar escala com a migração para o 5G como é o caso de aplicações com realidade aumentada, que auxiliam na manutenção preventiva de equipamentos. Nesse sentido, é importante ressaltar a importância dos centros de inovação da indústria e aproximação com as startups para incorporar os benefícios do 5G tão logo eles estejam disponíveis.