"Os híbridos ajudam a abrir caminho para uma transição para carros totalmente elétricos", afirma Björn Annwall

Para chefe da EMEA da Volvo Cars, os carros híbridos vão incentivar as mudanças no comportamento dos motoristas. Carros elétricos já são realidade e algumas soluções para a infraestrutura de abastecimento começam a despontar.

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Björn Annwall, da Volvo: híbridos são carros de meio período. (Foto: Divulgação/Volvo)

Encontrar um carro elétrico nas concessionárias já é uma realidade para os brasileiros. Mas, a circulação deste tipo de automóvel em território nacional ainda está muito distante de países desenvolvidos. De acordo com estudo feito pela Brain & Company, consultoria global, o Brasil está sete anos atrasado na adoção destes veículos. Falta de infraestrutura para carregamento e o custo das baterias são alguns dos motivos para a defasagem, que tende a mudar por meio da iniciativa e atenção maior ao segmento por parte de diversas empresas do setor.

Espera-se que, por volta de 2025, o valor de compra de alguns modelos de carros elétricos já esteja equiparado aos de combustão em alguns mercados, sobretudo pela diminuição significativa do custo das baterias. “A bateria representa uma grande parcela no custo dos carros elétricos, com maior peso em modelos de entrada. Em veículos premium, os números ficam mais competitivos", afirma Carlos Libera, Head do setor Automotivo da Bain & Company para América do Sul.

Libera ainda acredita que a demora na vinda de novas tecnologias e inovações para o Brasil contribui para dificuldade de popularização dos carros elétricos. O primeiro componente importante é a estrutura do mercado brasileiro e como as tecnologias são aplicadas. Aqui temos uma base instalada de montadoras que têm suas plantas industriais e estão brigando por um mercado de carros a combustão”, explica.

Inclusão

De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério das Minas e Energia (MME), as vendas dos elétricos em 2030 devem acelerar para 180 mil carros por ano, mas por enquanto, a viabilização de veículos elétricos no país ainda é um desafio.

A Unidas, segunda maior locadora de automóveis do país, anunciou no início do ano a inclusão de carros elétricos - Kangoo Z.E. Maxi - em sua frota para terceirização de veículos. Com o lançamento, a companhia se tornou a primeira do Brasil a viabilizar a oferta de veículos sustentáveis no mercado nacional. A novidade teve como objetivo focar no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, aliado à expansão da companhia no setor de mobilidade urbana.

Para Dirley Ricci, Head de Novos Projetos da Unidas, o lançamento foi ao encontro das iniciativas do programa de Responsabilidade Social Corporativa da companhia, que promovem um conjunto de ações para beneficiar os diversos públicos de relacionamento, levando em consideração o tripé de sustentabilidade: governança e gestão, social e ambiental.

“Queremos oferecer o melhor serviço para nossos clientes e investir cada vez mais em iniciativas sustentáveis, alinhadas aos novos tempos. Os carros elétricos contribuem consideravelmente para a preservação do meio ambiente por não emitirem CO2, mas sabemos que sua inserção no mercado brasileiro ainda é um desafio devido aos altos custos de importação e impostos”, explica.

Ricci avalia que a iniciativa foi uma vitória importantes. “Tornar esse projeto viável é uma grande conquista não só para a Unidas, pioneira no segmento, como para o Brasil", afirma o executivo, que conta que, recentemente, a locadora neutralizou 100% das emissões de carbono (equivalente) da frota da companhia, tendo início na aquisição de créditos de carbono.

Economia na palma da mão

Ver ao final do dia quanto foi o uso do motor elétrico, saber quanto foi a economia de CO2 para o meio ambiente ou ainda aprender a usar as funções de maneira mais sustentável. Essas e outras funcionalidades acabam de ser lançadas pela Volvo Cars em seu aplicativo Volvo On Call, que trará um diagnóstico muito mais detalhado e preciso sobre como os motoristas utilizam o motor elétrico de seus veículos.

“Assim como um contador de passos ajuda as pessoas a se exercitarem mais, acredito que, oferecer melhor compreensão de padrões de direção, as ajudará a dirigir de maneira mais sustentável”, afirma Björn Annwall, chefe de EMEA da Volvo Cars. "Vemos os híbridos como carros elétricos de meio período, que incentivam mudanças no comportamento das pessoas e ajudam a abrir caminho para uma transição para carros totalmente elétricos”.

Experiência internacional

No final do ano passado, A Enel X, linha global da companhia dedicada a desenvolver produtos inovadores, tornou-se acionista com participação de 12.5% na Hubject, joint venture de mobilidade elétrica que inclui líderes nos setores de tecnologia, automotivo e serviços públicos. A Hubject desenvolveu uma plataforma interoperável que permite que motoristas de veículos elétricos carreguem seus carros por meio de uma rede de mais de 200 mil pontos de recarga ao redor do mundo, sem ter que assinar novos contratos além daqueles com os Provedores de Serviço de e-mobility que usem os serviços de eRoaming da Hubject.

Ao entrar na joint venture, a Enel X conseguiu estender a interoperabilidade de sua rede europeia além dos 8 mil pontos de recarga públicos já disponíveis para seus clientes, com a possibilidade de acessar a rede global da joint venture.

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Francisco Scroffa, presidete da Enel X, quer fomentar o mercado. (Foto: Divulgação/Enel)

A Enel X também trabalhará com a parceria para expandir a rede de carregamento da Hubject e aprimorar ainda mais suas funcionalidades tecnológicas, com o objetivo de aumentar a penetração da mobilidade elétrica mundialmente. “A parceria com a Hubject tem sido muito exitosa. Conseguimos expandir a rede de recarga pública na Europa por meio da Hubject, conectando nosso sistema a redes do Norte da Europa, incluindo empresas alemãs e holandesas, e totalizando mais de 50 mil pontos de recarga”, conta Francisco Scroffa, presidente da Enel X no Brasil.

Sobre ações feitas pela Enel X para fortalecer a penetração global da mobilidade elétrica, o executivo destaca a promoção de soluções de infraestrutura. “A Enel X procura fomentar o mercado, provendo soluções de infraestrutura, gestão e controle para ajudar a transição energética do setor de transportes”, pontua Scroffa.

O executivo também complementa que a empresa possui mais de 50 mil pontos de recarga públicos sob gestão da Enel X no mundo. “Lideramos ações de eletrificação do transporte pesado de passageiros, como o exemplo de Santiago do Chile, e temos parcerias com os maiores players do setor automobilístico, ofertando nossas soluções associadas às principais marcas do setor de veículo elétrico”.

A respeito do mercado brasileiro, Scroffa é otimista em dizer que o futuro da mobilidade elétrica, no Brasil, é promissor. Possuímos uma rede rodoviária extensa com um parque automobilístico enorme. Além disso, o país conta com uma das maiores frotas de ônibus do Ocidente e enfrenta os desafios de megacidades, com grande concentração de pessoas, problemas de poluição e trânsito.

Ainda segundo Sroffa, o Brasil também possui uma matriz energética limpa. “Isso acaba por favorecer a eletrificação de veículos leves e pesados, diminuindo a pegada de carbono do setor automotivo, um dos setores que mais contribui para emissão de gases de efeito estufa”, complementa.

Em termos de incentivos para que a mobilidade elétrica ganhe espaço no Brasil, Scrofa traz a importância da questão tributária. “Acreditamos que a discussão tributária para criar uma isonomia com outros modais de transporte é importante, já que muitos carros a combustão têm incentivos fiscais e tributários maiores que o carro elétrico. A divulgação dos benefícios da mobilidade elétrica faz com que o mercado conheça e entenda os enormes benefícios de sua utilização, como menos poluição, mais conforto, menor custo de operação e manutenção, além de menos ruídos e mais segurança”, encerra.

Ponto a ponto

A primeira rede de recarga de veículos elétricos do Brasil terá 10 pontos instalados até o final de 2020. A iniciativa, encabeçada pela EDP, empresa que atua em toda a cadeia de valor do setor elétrico, vai instalar 30 novas estações de recarga ultrarrápida até o final de 2022 cobrindo todo o estado de São Paulo. As marcas Audi, Porsche e Volkswagen são parceiras neste projeto, realizando os testes com os seus veículos para homologação da infraestrutura. As empresas ABB, Electric Mobility Brasil e Siemens serão as fornecedoras das soluções de carregamento.

O empreendimento tem grande importância por incentivar a transição energética do Brasil. Por meio da rede ultrarrápida, o país conseguirá conectar um total de 64 pontos de carregamento que interligam São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Curitiba e Florianópolis, formando um corredor de abastecimento de automóveis elétricos com mais de 2.500 quilômetros de extensão. Para isso, o empreendimento receberá investimento total de R$ 32,9 milhões. Aprovado na chamada pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para o tema Mobilidade Elétrica Eficiente, este é o primeiro e maior projeto da América do Sul de instalação de carregadores ultrarrápidos (150kW e 350kW).

Os novos eletropostos colocarão a EDP na liderança em postos de carregamento ultrarrápido no Brasil – capazes de reabastecer 80% da bateria de um carro entre 25 e 30 minutos. Serão 29 postos de 150kW (DC) e um posto de 350 kW (DC), e mais 30 equipamentos de 22kW (AC). Assim, cada ponto de recarga terá uma estação ultrarrápida e uma semirrápida. As empresas ABB, Electric Mobility Brasil e Siemens serão as fornecedoras de soluções de recarga. “Sabemos o quanto a mobilidade elétrica tem um papel decisivo globalmente por ajudar a reduzir emissões de carbono e apresentar uma forma mais sustentável de locomoção. Estamos trabalhando para entregar nossos primeiros postos em 2020 e contribuir com o ecossistema de mobilidade ofertando a infraestrutura adequada e soluções inovadoras”, explica Miguel Setas, presidente da EDP no Brasil.