VA-X4 eVtol é a grande aposta da Gol para assumir a dianteira na eletrificação
Eletrificação de sistemas de transporte e novas tecnologias deverão reduzir drasticamente a queima de combustíveis fosseis.
VA-X4 eVtol é a grande aposta da Gol para assumir a dianteira na eletrificação. (Foto: Divulgação)
O transporte de cargas e de passageiros ainda é um dos principais responsáveis pela emissão de poluentes na atmosfera. Mas a intensificação da busca por soluções tecnológicas tem ajudado a criar um novo horizonte. Para Rogerio Andrade, CEO da Avantto, empresa pioneira em compartilhamento de aviões e helicópteros na América Latina, o mundo da mobilidade está em plena transformação, e, segundo ele, são quatro os pilares que impulsionam a mudança: conectividade, uso compartilhado de veículos, eletrificação e direção autônoma.
"Esses quatro elementos farão a mobilidade aérea, especialmente em pequenas e médias distâncias tornar-se acessível para muito mais pessoas. Sendo assim, os sistemas integrados de mobilidade irão transformar radicalmente o dinamismo das cidades e das pessoas nos próximos 10 anos", completa ele.
O cenário indicado pelo executivo já desponta em constantes anúncios de empresas do setor. A Gol Linhas Aéreas e o Grupo Comporte assinaram protocolo de intenções não-vinculante com a Avolon para aquisição e/ou arrendamento de 250 aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVtol). Assumindo que a aeronave seja certificada e que as suas entregas aconteçam com sucesso, a Gol espera iniciar operações com uma malha aérea brasileira usando aviões eVtol em meados de 2025.
Rogerio Andrade, CEO da Avantto, empresa pioneira em compartilhamento de aeronaves. (Foto: Divulgação)
O Grupo Comporte está provendo os recursos requeridos para investimento nesse projeto, que utilizará a expertise em aviação da GOL para desenvolver a malha aérea utilizando as aeronaves VA-X4 eVtol. Criado pela empresa britânica Vertical Aerospace, o modelo é considerado um dos táxis aéreos mais avançados tecnologicamente e confiáveis atualmente em desenvolvimento. O VA-X4 pode transportar até quatro passageiros e um piloto, com alcance de 160 km (100 milhas) e velocidade máxima de 320 km/h (200 mph). A aeronave também produz 100 vezes menos ruído do que um helicóptero em voo de cruzeiro, e 30 vezes menos nos momentos de decolagem e pouso.
Decolagem
Rogerio Andrade enfatiza que quantidade de negócios envolvendo fabricantes e operadores de veículos aéreos movidos a energia elétrica é impressionante, sendo que apenas nos primeiros meses de 2021, foram realizadas uma série de transações que somam investimentos de U$ 5 bilhões. "Os eVtols irão revolucionar ainda mais o ato de se locomover pois darão acesso a deslocamentos aéreos de curta e média distância para muito mais pessoas, uma vez que, por serem movidos a propulsão elétrica, reduzem substancialmente os custos de voar", esclarece o CEO da Avantto.
Como disse Andrade, ao longo do ano, a Eve Urban Air Mobility, uma empresa da Embraer, tem feito constantes anúncios sobre parcerias estratégicas para acelerar e implantar aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical em todo o mundo. Em junho, por exemplo, a Eve e a Blade Air Mobility, fecharam acordo para que a empresa disponibilize até 60 mil horas de voo por ano em seus eVtol para uso nos principais mercados da Flórida e Costa Oeste dos Estados Unidos, a partir de 2026.
Apoiada em mais de 50 anos de experiência da Embraer na fabricação de aeronaves e na expertise em certificação, a Eve apresenta o veículo aéreo de zero emissões e baixo ruído, com design simples e intuitivo. “A Blade possui grande sinergia com a nossa missão, uma vez que desenvolveu uma plataforma que facilitará o acesso à mobilidade aérea nos centros urbanos e, graças à parceria com a Eve, oferecerá também uma experiência de voo silenciosa e sem emissão de carbono”, destaca André Stein, presidente e CEO da Eve.
Por meio da Eve, Embraer está entre as maiores fabricantes de aeronaves eVtol do mundo. (Foto: Divulgação)
Nos trilhos
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por meio de um acordo com o Governo do Estado e em parceria com a Hyperloop Transportation Technologies (HyperloopTT), acaba de concluir um estudo de viabilidade do transporte ultrarrápido e sustentável na região Sul do Brasil. A pesquisa para a implementação do modal em cápsulas para passageiros e cargas é pioneira na América Latina e estima que, em 30 anos, haverá uma redução de R$ 2,3 bilhões no custo operacional da rota que vai de Porto Alegre a Caxias do Sul, passando pelas cidades de Novo Hamburgo e Gramado.
De acordo com o secretário de Estado de Inovação, Ciência e Tecnologia do Governo do Rio Grande do Sul, Luís Lamb, a análise de viabilidade do Hyperloop pode contribuir para a exploração de novas tecnologias e produtos da cadeia de mobilidade do Rio Grande do Sul. "É uma das tecnologias de potencial impacto disruptivo no setor de transportes e que necessita de capacitação de pessoas, uma cadeia de fornecedores especializados e constante evolução tecnológica. Não é apenas a implantação de uma linha de transporte moderna que pode levar a melhorias na logística e transporte, é muito além disso. A análise de viabilidade dos pesquisadores gaúchos mostra que potenciais econômicos podem ser desenvolvidos a partir desse sistema, levando em conta o avanço do conhecimento, a sustentabilidade e as demandas da sociedade gaúcha", explicou.
O modal proposto pela HyperloopTT é alimentado por energia renovável e prevê a instalação de painéis fotovoltaicos em 80% do percurso Porto Alegre - Serra Gaúcha acima do solo, considerando possíveis problemas técnicos como sombreamento, que podem inviabilizar a instalação em alguns trechos. Seu potencial de produção anual de energia é estimado em 339 GWh, enquanto o consumo energético é de apenas 73 GWh ao ano. Assim, o Hyperloop poderá produzir 3,6 vezes mais energia do que consome e ser considerado um sistema com autossuficiência energética, em que a venda do excedente não é necessária para a sua sobrevivência.
Veículo totalmente elétrico é equipado com asas fixas, cauda em forma de V. (Foto: Divulgação)
Nova fase
Em setembro, a Airbus anunciou planos para um novo CityAirbus. O veículo totalmente elétrico é equipado com asas fixas, cauda em forma de V e oito hélices elétricas como parte de seu sistema de propulsão distribuída com design exclusivo. Ele é projetado para transportar até quatro passageiros em um voo com emissões zero em várias aplicações. "Nosso objetivo é cocriar um mercado inteiramente novo que integre de forma sustentável a mobilidade aérea urbana nas cidades, ao mesmo tempo em que aborda as questões ambientais e sociais. Nós construímos todos os recursos para oferecer um serviço seguro, sustentável e totalmente integrado à sociedade", disse Bruno Even, CEO da Airbus Helicopters.