Startups brasileiras conquistam mercado dentro e fora do Brasil

Empreendedores de norte a sul do país seguem à frente de negócios inovadores com rápido crescimento.

Há três anos, o jovem Tiago Ferreira Cavazin resolveu revolucionar o mercado de startups do país ao desenvolver, junto com seu irmão Marcelo Ferreira Cavazin, um modelo de negócio inovador com o uso de criptomoedas. Moradores de Cacoal, município a 800 km de Porto Velho, capital de Rondônia, eles não esperavam que em tão pouco tempo iriam crescer tão rápido e alcançar 117 países. 

“Imagina um jovem de Cacoal criar uma startup que utiliza criptomoeda e com isso ter contato com pessoas de fora do país. Detalhe: ele não tem passaporte, não viajou para fora de Cacoal, não viajou para fora de Rondônia, não fala inglês fluente”, contou o jovem de 31 anos, que é CEO da Fitcash, startup que atua como fintech no ramo esportivo. 

Ele lembra que o contato com o empreendedorismo surgiu dentro da escola, ainda na adolescência, quando junto com o irmão não perdiam as feiras sobre o tema. Depois os dois seguiram para a graduação – ele como Administração e o irmão, Marcelo, na Contabilidade, cursos que tiveram que trancar temporariamente na Universidade Federal de Rondônia para se dedicar ao negócio promissor. A aproximação com o Sebrae surgiu no final de 2019, quando a FitCash alcançou o chamado “Vale da Morte”.

“Tínhamos crescido muito e só nos restava duas alternativas: continuar crescendo ou encerrar o negócio. Foi então que procuramos o Sebrae que abriu diversas portas. Eu costumo dizer que antes do Sebrae, nós estávamos de bicicleta e depois do Sebrae, de Ferrari, porque até então eu sabia o básico sobre o universo das startups. O Sebrae nos aproximou do ecossistema e então começamos a participar de várias acelerações pelo estado e pelo Brasil”, observou. 

StartUps
Empresas viram suas ideias sendo tiradas do papel após incentivo ao empreendedorismo. (Foto: Agência Brasil)

Do doutorado para o empreendedorismo

No Piauí o Sebrae também tem feito parte da trajetória da Bipp, startup que atua desde 2017 no agronegócio. A ideia nasceu durante o doutorado do CEO da empresa, Marcus Linhares, que já tinha na bagagem longa experiência como consultor do Sebrae e mentor do Sebrae Like a Boss, que estimula o empreendedorismo inovador em todo o país. “Como professor de empreendedorismo há 21 anos, sempre me incomodou muito ver grandes projetos de alunos terminarem apenas com uma escrita na prateleira de uma biblioteca. Então, quando eu terminei meu doutorado ao invés de defender uma tese, eu defendi o CNPJ”, declarou. 

No entanto, ao criar a Bipp, ele resolveu que deveria experimentar o “outro lado do balcão”. Foi quando, em 2018, decidiu que deixaria as mentorias para se tornar mentorado pelo Sebrae Like a Boss. “Aprender a validar na prática, e não ensinando, me trouxe uma visão despida de qualquer pré-conceito. Eu aprendi que quando você cria muitas certezas que não condizem com a realidade. Você se ilude com a ideia, se apaixona pela solução e o mercado quer resolução de problemas”, analisou. 

No ano passado 2020, durante a pandemia, Marcus apostou em uma nova oportunidade de negócio para a Bipp que se transformou em uma fintech, após período de incubação no Laboratório de Inovação Tecnológica e Financeira do Banco Central. Desde o começo deste ano, a startup começou a operar também como um meio de pagamento e a faturar a partir das transações dentro da plataforma entre produtores, cooperativas, agroindústrias.

Atualmente, a empresa já atua em 22 estados com o volume de transações em torno de R$ 1 milhão por mês. Ele acredita que a proximidade com o Sebrae tem contribuído para que o negócio se aproximasse dos parceiros certos e conquistasse cada vez mais o mercado. “O Sebrae tem uma força de engajamento muito forte que chega em lugares muito distantes, de forma acessível e democrática. Então, o Sebrae te coloca na frente de fornecedores, de clientes, consultores, eventos, investidores com muito respaldo”, destacou. 

Sustentabilidade e inovação

Em Vitória, no Espírito Santo, a startup “DestineJá” começou a dar os primeiros passos em 2016. A empresa que atua na área de gestão de resíduos já está presente em mais três estados brasileiros, Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro e se prepara para atuar em São Paulo e Goiás a partir do próximo ano. Com um rápido crescimento no mercado, a empresa tem a meta de alcançar 3 mil clientes até o ano de 2023 com a plataforma web de tecnologia em logística reversa. 

O COO da empresa, Christian Sabino, destaca que o apoio do Sebrae surgiu desde o começo, quando existia apenas uma ideia inicial de negócio. “Eu e o meu sócio Ruan Guasti, atual CEO da startup, tínhamos acabado de sair do mercado tradicional de destinação de resíduos depois de uma longa carreira e o primeiro nome que nos veio à cabeça como uma agência de desenvolvimento que poderia nos ajudar foi o Sebrae”, lembrou. Ele conta que foram recebidos pela equipe de inovação da entidade que deu todas as orientações para o planejamento do negócio, tendo em vista dos desafios. 

Ao longo dos últimos anos, ele conta que a startup foi conquistando qualificações e o crescimento com o apoio do Sebrae. “A iniciativa do Sinapses da Inovação no nosso estado, por exemplo, foi um divisor de águas, pois conseguimos uma aceleração por seis meses e um fomento não reembolsável e logo depois disso, veio a oportunidade de participar do Programa Capital Empreendedor onde fomos preparados para ter contato com grandes investidores”, lembrou. 

No começo de 2019, a startup conseguiu seu primeiro investimento anjo, no valor de R$ 300 mil, um grande player do mercado ambiental. Os recursos foram investidos em tecnologia, máquina de vendas, estruturação de processos e crescimento. Durante a pandemia, os empresários identificaram oportunidades no segmento de saúde e reforçaram o crescimento junto ao setor industrial, atingindo um crescimento de 240 % de faturamento em relação a 2019.

Neste ano, fizeram parcerias estratégicas para promover o crescimento, focaram em qualificação e conquistaram em menos de dois anos, um novo investimento para ampliar a solução tecnológica para outros estados do Brasil.  “Suportamos a crise e aproveitamos as oportunidades que o Sebrae nos ofereceu. Fez uma diferença enorme na hora de colocar os aprendizados em prática que é o grande desafio do empreendedor brasileiro”, ressaltou o COO da empresa. 

Arte e empreendimento

Em São Paulo, um grupo de jovens empreendedores tiveram o apoio do Sebrae para alavancar os negócios da startup Eshows que funciona como um marketplace para conectar bandas e artistas aos interessados em contratar atrações, seja uma festa particular, um evento corporativo ou um casamento. Além de facilitar a contração, a empresa oferece um ambiente totalmente digital específico para os bares e restaurantes que permitem a gestão das contrações, inclusive com a possibilidade de pagamento. No primeiro ano de operação, em 2018, a empresa participou da Incubadora Sebrae e logo em seguida no Startup SP. 

“A participação do Sebrae na nossa trajetória foi fundamental. Participamos dos programas e levamos muito à sério. Tivemos um suporte no começo quando nem tínhamos um escritório. Foi importante para a empresa, mas também para nosso amadurecimento como empreendedores para entender o mercado”, observou Octávio Brandão, CEO da Eshows. 

Durante a pandemia da Covid-19, com o fechamento de bares e restaurantes e o fim dos eventos, eles decidiram que iriam focar em se aproximar dos clientes que estavam em uma situação difícil. “Apostamos nesse contato e apostamos que assim que houvesse a possibilidade de reabertura, eles se lembrariam de nós”, declarou. E deu certo, Octávio revela que com o relaxamento das restrições da pandemia, a startup começou a crescer mês a mês em torno de 25%. “Focamos em melhorar nossos processos internos para redução de custos dos serviços para ambos os lados e atualmente estamos faturando quase quatro vezes mais do que no período normal”, comemora. 

Atualmente, a startup tem mais de 3 mil artistas cadastrados e mais de 100 bares contratando ativamente, o que possibilita a transação de 2,6 mil shows por mês, com um movimento de negócios estimado em R$ 1,3 milhão. Com os negócios crescendo e com boas perspectivas para o final do ano, o CEO adianta que a empresa deve investir em tecnologia própria e se estruturar para participar de rodadas de investimentos na série A. 

Serviço:

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