Rafael Lucchesi: Capital humano é decisivo para Brasil deixar de ser país de renda per capita média-baixa

Afirmação foi feita pelo diretor-geral do SENAI no seminário "Desafios 2023, o Brasil que queremos", realizado nessa quinta-feira (15). Painel abordou expectativas para o futuro da educação.

“O primeiro passo para aprimorar a educação é discutirmos quais as competências que devem ser desenvolvidas nos egressos", afirmou Marcos Lisboa, da Insper. (Foto: José Paulo Lacerda/ Agência de Notícias da Indústria)

“Perceber que a educação é um pilar da sociedade e saber aproveitar as oportunidades que estão surgindo dentro da transição energética, bioeconomia e capital humano são caminhos para o Brasil se desenvolver”, afirmou o diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e diretor-superintendente do Serviço Social da Indústria (SESI), Rafael Lucchesi, no seminário Desafios 2023, o Brasil que queremos.

O evento, promovido pelo jornal Correio Braziliense, aconteceu nessa quinta-feira (15) e abordou as expectativas para o país no próximo ano. Autoridades e representantes da equipe de transição do governo, empresariado, especialistas e formadores de opinião ligados ao tema, como a economista Zeina Latif; o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles; e o ex-ministro da Saúde Humberto Costa compuseram os painéis ao longo da tarde e falaram sobre responsabilidade fiscal, crescimento nacional e infraestrutura, a importância da educação e a saúde como fonte de sustentabilidade da nação.

Além de citar soluções, Lucchesi também disse que o Brasil tem grandes desafios, e todos eles estão fortemente atrelados à educação. "O país passa por uma transição demográfica, onde a agenda de capital humano é decisiva para escaparmos da armadilha de renda per capita média baixa", explicou.

"Temos também um elevado desemprego entre jovens, graves problemas de baixa produtividade. Precisamos avançar muito na agenda de qualidade da educação, bem como corrigir a nossa distorção na matriz educacional, ampliando de maneira significativa a educação profissional técnica", apontou.

Lucchesi participou da roda de conversa “A sociedade quer ser ouvida” sobre educação

Ele participou da roda de conversa A sociedade quer ser ouvida sobre educação, junto com a diretora do Centro de Políticas Educacionais da FGV, Cláudia Costin; o presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), Celso Niskier; e o economista e presidente do Insper, Marcos Lisboa.

Para Cláudia Costin, “O que vai resolver a educação básica são boas políticas públicas, acopladas ao sistema de financiamento. A educação básica tem que ser prioridade nacional. Não só no discurso, mas na prática”.

Durante o painel, Niskier argumentou que muitos jovens não chegam ao ensino superior, seja nas universidades ou cursos técnicos, por falta de uma educação básica de qualidade.

“Nós ainda temos no Brasil camadas menos favorecidas pelo ensino superior e um dos motivos, além das burocracias de financiamento e da pandemia, é a nota baixa em teste de nivelamento. Cerca de 38 milhões de jovens com idade entre 18 e 24 anos, não estudam e nem trabalham. A ampliação do acesso ao ensino superior depende da melhoria da educação básica. Principalmente pela educação básica pública”, explicou o presidente da Abmes.

Já o economista Marcos Lisboa defendeu a necessidade de focar no aprendizado do estudante, em qualquer que seja a fase, ao invés de ficar pensando em custos e gastos para o país.

“O primeiro passo para aprimorar a educação é discutirmos quais as competências que devem ser desenvolvidas nos egressos, nos alunos, ao fim de cada etapa de aprendizagem. O foco tem que ser o aprendizado e não os gastos e isso nunca é falado aqui no Brasil”, disse Lisboa.