Pequeno manual de equidade na educação

Equidade é um tema que vem ganhando importância, inclusive na educação. Entenda um pouco mais o seu significado em sala de aula e por que precisamos falar sobre isso.

O que equidade significa na educação? Na prática, a equidade em sala de aula começa quando o ensino leva em conta as necessidades e individualidades de cada aluno.   

A ideia de que somos todos iguais é modificada um pouquinho aqui. Isso porque nós, seres humanos, somos diferentes em vários aspectos, como aparência, jeito de falar, pensar, agir, andar, e, claro, aprender.  

Como ensinar o mesmo conteúdo para alunos diferentes? 

A resposta para essa pergunta já está sendo elaborada pelo Serviço Social da Indústria (SESI), por meio do Programa de Especialização Docente Brasil (PED Brasil), um curso de pós-graduação lato sensu que forma professores da educação básica para ensino de matemática ou ciências da natureza e tem como um dos eixos de atuação a equidade. 

André Alcantara, analista de desenvolvimento do Centro SESI de Formação em Educação, explica que o SESI tem investido na formação de docentes e gestores escolares, de maneira que eles desenvolvam o senso crítico e a consciência sobre o tema.

 “A equidade educacional nos faz refletir se as diferentes características e os contextos de grupos e indivíduos estão sendo respeitados, nas suas especificidades, em nossos espaços de aprendizagens e como estamos disponibilizando recursos e estratégias que assegurem o direito ao acesso de forma igualitária”, pontua André.

Como, então, um professor poderia ensinar o mesmo conteúdo para alunos tão diferentes, promovendo um aprendizado equitativo e de qualidade para todos? Fizemos uma lista com algumas dicas. 

  1.  Em sala de aula, os materiais devem estar acessíveis a todos os alunos; 
  2.  Existem diferentes tipos de inteligência e todas devem ser contempladas no ensino e na avaliação; 
  3.  O professor precisa conhecer as diferentes realidades de cada integrante da sua turma; 
  4.  Todos participam e interagem como protagonistas; 
  5.  Rodas de conversa para conhecer a diversidade que há na sala de aula são fundamentais. 

Para Virgílio Sena, professor de história da Escola SESI Reitor Miguel Calmon (BA), o educador deve mediar o ensino garantindo igualdade de condições dentro das diferenças estabelecidas. “Não posso falar em igualdade de condição, de forma geral, dizendo que os sujeitos, por estarem no mesmo ambiente, partem do mesmo lugar, porque eles são muito diferentes”, destaca. 

Virgílio explica ainda que a sala de aula deve ser um espaço de reparação social, em que os direitos básicos são respeitados.  

“Preciso conhecer a realidade de cada aluno, fazer um diagnóstico diário da minha turma, porque o professor não pode permitir que a sala de aula seja um espaço de negação dos direitos. Equidade na educação é garantir que todos tenham o direito de aprender, a escola tem que ter a cara de todo mundo”, conclui. 

Alunos diferentes aprendem de formas diversas. Tem criança que gosta de ler, tem adolescente que manda bem nas exatas, há adulto que só entende praticando e, por aí vai... 

O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, metade da população brasileira mais pobre só ganha 10% do total da renda nacional, segundo Relatório sobre as Desigualdades Mundiais. Garantir equidade na educação é fundamental para que se tenha qualidade no ensino levado para milhões de estudantes brasileiros. Em um país como o nosso, não dá para desconsiderar a história de vida de cada um e colocar todos na mesma balança. É o que mostram os dados: 

As estatísticas mostram que a educação brasileira é desigual, assim como outros recortes da nossa sociedade. A Lei de Cotas é um exemplo prático da equidade na educação, uma vez que adequa o acesso às universidades públicas considerando o perfil do estudante por renda e/ou cor.  

Educar é reconhecer a diversidade do outro. Cada um tem uma forma de ser, por isso é importante que o professor aprenda, todos os dias, a lidar com o outro, com o diverso, afinal, educar é isso: ensinar e aprender com o outro. 

 

Foto de capa: Marcello Camargo / Agência Brasil
Infografia: Alef Pacelle e Juliana Bezerra