Michael Klein: aviação executiva é a melhor alternativa para quem precisa viajar seguindo os protocolos de segurança
Com o aumento das viagens particulares durante a pandemia, o segmento de jatos executivos enxerga novos horizontes.
Michael Klein, CEO da Icon Aviation, diz que o uso de aviões menores facilita o acesso a cidades. (Foto: Divulgação)
Durante o período mais agudo de restrições de viagens por conta da propagação do novo coronavírus, o volume das operações da aviação comercial no Brasil caiu cerca de 90% em relação ao período pré-pandemia. Nesse cenário, surgiu a oportunidade de ocupação dessa parcela pela aviação de negócios, que sempre esteve à disposição de seus usuários, atuando como fator importante para a recuperação da demanda.
Somado a essa realidade, houve um aumento expressivo nos voos de transporte de cargas com insumos hospitalares e de profissionais de saúde que precisaram se deslocar pelo país com maior frequência. Segundo Ricardo Fenelon Jr., advogado especialista em direito aeronáutico e ex-diretor da ANAC, o mercado vem se aquecendo e a procura por jatos executivos aumenta gradativamente. “Pode-se atribuir a esse feito a sensação de segurança, passagem direta pelo terminal e malha aérea reduzida. Como alguns voos diretos não estão sendo operados pelas companhias aéreas, o mercado de jatos executivos acaba absorvendo essa demanda”, esclarece Fenelon.
O aumento considerável na comercialização de jatos usados é outro ponto de destaque no mercado, já que a fabricação de novas aeronaves diminuiu ligeiramente. Para Rodrigo Pessoa, vice-presidente de vendas para América Latina, da Dassault Falcon, esse movimento deve-se a inatividade nas operações. “Houve o aumento da realização de inspeções periódicas, praticamente, de forma exclusiva nos países onde essas aeronaves se encontram baseadas. No nosso caso, temos uma oficina da própria fábrica localizada no Aeroporto Estadual de Sorocaba, que manteve todos os nossos clientes atendidos de forma ininterrupta, seguindo os protocolos de segurança e saúde de todos os colaboradores e clientes”, esclarece Pessoa, que reforçou o aquecimento até na pré-pandemia.
“A demanda estava aquecida mesmo antes da disseminação do novo coronavírus e medidas de isolamento. Durante o momento mais crítico da quarentena, tivemos sucesso na venda de aeronaves usadas do segmento de longo alcance. A expectativa é que esse cenário positivo se mantenha e, a partir do próximo ano, o mercado retome a comercialização de aeronaves novas com alguma consistência, e até aumente, em função de novos compradores aderindo ao uso de aeronaves executivas.”
A diversificação no negócio e a expertise são pontos cruciais que podem explicar a alta da Dassault nesse cenário. “O pioneirismo da empresa na fabricação de aeronaves executivas de maior cabine e longo alcance fez com que uma grande rede de suporte fosse estabelecida globalmente, em expansão contínua, garantindo a busca pelo melhor atendimento ao cliente, em qualquer país que se encontre”, reforça Rodrigo Pessoa. Materializando em números de entrega, em 2019, foram 40 aeronaves, gerando um total de vendas líquidas de 2.193 milhões de euros. No Brasil, estão voando atualmente cerca de 50 aeronaves Falcon. “Estamos falando em 35% a 40% do mercado de aviões executivos acima de US$ 30 milhões. Na América Latina, são cerca de 100 aeronaves em atuação, o que representa, 45% do mercado de aviões executivos acima de US$ 30 milhões”, contextualiza.
Novas rotas
A aviação executiva é a melhor alternativa para quem precisa viajar seguindo os protocolos de segurança e todas as medidas relacionadas aos cuidados com a saúde, como afirma Michael Klein, CEO da Icon Aviation.
“Temos percebido que os aviões de pequeno porte são uma boa opção para atender trajetos com destino aos aeroportos menores ou até cidades onde não há aeroporto e que a aviação comercial não atende”, aponta Klein.
“O nosso principal trabalho nos últimos meses tem sido em voos de repatriação, principalmente no início da pandemia e das medidas restritivas. O Icon Med, nosso serviço de UTI aérea para transporte de pacientes teve suma importância inclusive para o transporte de cargas biológicas e equipamentos médicos.”
Antes de pandemia, a companhia realizava voos pelo mundo, tanto no segmento de negócios quanto de lazer. Citando uma oportunidade de serviço que surgiu com a crise, ressalta a recente liberação pela ANAC para vendas de assentos em voos fretados. “É um serviço que a Icon Aviation deve oferecer em breve, com a mesma agilidade, conforto e segurança de sempre”, afirma Klein.
Diante das vantagens que a aviação executiva oferece e com a facilidade da venda de assentos, a demanda por voos deve aumentar. “Não sabemos ainda quando a pandemia vai, de fato, estar controlada em sua totalidade. Pode ser que ano que vem tenhamos uma vacina, mas ainda é tudo muito incerto. É difícil fazer previsões sobre os próximos anos, mas é bastante claro que muitas pessoas ainda precisam viajar. O mundo está se adaptando, mas não parou. E trabalhamos para oferecer nossos serviços da melhor forma possível para quem precisa se deslocar com segurança.”
Avaliação
O ano de 2019 teve encerramento otimista, principalmente em relação ao mercado de aeronaves usadas, puxando uma tendência crescente nessa última década. É nesse contexto que a Líder Aviação, ressalta o interesse de muitos executivos em busca por melhores investimentos. “Seja nova ou usada, tivemos uma procura significativa. Cinco aeronaves foram vendidas por meio deste serviço no ano passado”, conta Anderson Markiewicz, diretor de vendas e aquisições de aeronaves. Ele faz questão de explicar também um fato curioso sobre o mercado em 2020. “Embora a movimentação do mercado tenha se mantido alta, em relação ao cenário de antes da pandemia, o fechamento efetivo das vendas tem sido postergado pelos compradores, que permanecem atentos aos desdobramentos econômicos da Covid-19 e indecisos em relação à velocidade de seu desfecho. Portanto, existe hoje, um represamento de negócios que serão fechados tão logo as inseguranças do mercado diminuam.”
Outro fator levantado por Markiewicz, é a baixa de juros, resultando em condições de financiamento mais favoráveis, o que gera grandes oportunidades para fechar negócios. “Em uma análise simplificada, podemos comparar as vantagens e desvantagens de se adquirir uma aeronave nova versus uma usada com as de se adquirir um automóvel. Um veículo novo, apesar de ter um custo de aquisição mais elevado, é mais barato de se operar, pois nos primeiros anos as garantias de fábrica cobrem quaisquer falhas de componentes não previstas. Além disso, as despesas mais caras com manutenção começam a ocorrer somente após os primeiros anos de operação”, e complementa o exemplo: “Some-se a essas vantagens a maior ‘despachabilidade’ de uma aeronave nova, ou seja, saber que a chance de que a aeronave não possa decolar por problemas técnicos é mínima. Já com uma aeronave usada, essa probabilidade de não poder decolar no momento desejado aumenta. Por outro lado, o investimento inicial na compra de uma aeronave usada é obviamente menor. Portanto, ambas as opções têm seus prós e contras, e a decisão entre um novo ou usado dependerá do perfil de cada proprietário.”
Focados em trabalhar os benefícios da aviação executiva junto àqueles clientes que continuam prosperando, mesmo durante a pandemia, a Líder Aviação tem dado atenção especial aos que nunca tiveram aeronave própria e estão pensando nesta possibilidade em meio ao novo cenário mundial. “Ainda que o luxo seja um termo associado ao setor, observa-se que o Brasil representa a segunda maior frota mundial de aeronaves particulares, o meio empresarial as reconhece como um investimento, uma vez que representa uma importante ferramenta de trabalho e também de lazer, focada em proporcionar economia de tempo nos deslocamentos”, argumenta Markiewicz.