Potencial de receitas a partir do 5G no Brasil deve superar R$ 150 bilhões, estima presidente da Ericsson
Eduardo Ricotta participou do LIDE NEXT_5G com empresários e executivos do setor. Presidente da TIM, Pietro Labriola defendeu que o leilão de frequências não seja arrecadatório.
Eduardo Ricotta debateu 5G com empresários e especialistas. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
O presidente da Ericsson para o cone sul da América Latina, Eduardo Ricotta, estima que o 5G impulsione R$ 150 bilhões em receitas no Brasil em até uma década. O executivo participou do LIDE NEXT_5G, realizado pelo LIDE - Grupo de Líderes Empresariais, nesta quinta-feira (28). O evento foi transmitido ao vivo.
Segundo Ricotta, a implementação da tecnologia beneficia diretamente a economia brasileira.
"O 5G vai acelerar o mundo dos negócios e em 2030 o potencial estimado de receitas a partir da digitalização no Brasil deverá totalizar cerca de R$ 391 bilhões, sendo mais de R$ 150 bilhões impulsionados pelo 5G", disse.
Para o presidente da TIM, Pietro Labriola, a chegada da tecnologia é uma melhoria e não uma revolução, mas gera possibilidades de novas relações entre empresas. Ele defendeu que o leilão de frequências, previsto para acontecer ainda este ano pelo Governo Federal, ocorra sem o viés arrecadatório.
"Não pode ser um leilão arrecadatório, porque com certeza o 5G representa uma grande oportunidade para o nosso país. Estamos com atraso, comparado com outros países? É verdade, mas podemos recuperar". Ele também defendeu um valor "justo" para a compra das frequências pelas operadoras.
Leonardo Capdeville: teremos o avanço nos conceitos de velocidade. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
Benefícios
O CTIO da TIM, Leonardo Capdeville, explicou que a quinta geração torna o tempo de resposta virtual quase que instantâneo.
"A nossa sociedade já é digital e o 5G criará uma plataforma para que todas as tecnologias emergentes possam estar acessíveis e serem utilizadas de diferentes formas. Com o 5G, teremos o avanço nos conceitos de velocidade, latência e capacidade de múltiplos dispositivos em um mundo IoT", disse.
Leonardo Framil: é como se saíssemos de uma bicicleta para um caça. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
Para o presidente da Accenture para Brasil e América Latina, Leonardo Framil, o 5G é disruptivo.
"É uma velocidade 100 vezes mais rápida. Pensando em um exemplo, é como se saíssemos de uma bicicleta para um jato de caça. E se falarmos em segurança e confiabilidade, sairemos de uma tecnologia baseada em hardware para uma base em software e cloud. É 99,99% de disponibilidade e com melhores mecanismos de segurança".
Legal
O presidente da Conexis Brasil Digital, Rodrigo Abreu, defendeu a segurança jurídica para a implementação da tecnologia.
"Precisamos de um ambiente legal e regulatório que possibilite todos os avanços do 5G, como ocupação eficiente do espectro; incentivo ao investimento; leilão não arrecadatório; questões de infraestrutura como limpeza de espectro e desocupação de faixas; padrões claros de segurança; incentivo a demanda digital; e razoabilidade econômica", disse.
Rodrigo Abreu: leilão deve possibilitar todos os avanços dso 5G. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
O diretor global de cibersegurança da Huawei, Marcelo Motta, chamou a atenção para as melhorias de todo o sistema de telecomunicações.
"Neste ano, teremos leilão e há grande pressão sobre as operadoras em relação ao incremento de tráfego de rede, incertezas de retorno econômico pós-pandemia, e com esse contexto, é importante que aja livre mercado para que possibilite a execução com mais rapidez e melhores preços".
Já o vice-presidente de assuntos regulatórios e institucionais da TIM, Mario Girasole, acredita na união das grandes empresas.
"Na questão de infraestrutura, precisamos de interação de todos os players, como distribuidoras de energia elétrica, concessionárias de rodovias e saneamento básico, em um grande pacto institucional para possibilitar que a fibra óptica chegue em mais locais. Isso não depende do órgão regulador mas é extremamente necessário para transformar a tecnologia em inovação".
Aurélio Pavinato: 5G beneficia a sustentabilidade no campo. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
Aplicações
O presidente da SLC Agrícola, Aurélio Pavinato, disse que a quinta geração vai possibilidade uma revolução no agrobusiness.
"A conectividade e aumento da velocidade de conexão no campo vai otimizar a produção agrícola e trazer incremento em eficiência e diminuição de custos. Será uma grande revolução no termo sustentabilidade, com avanços no uso de robôs e veículos autônomos, na logística, rastreabilidade, automação do trabalho, utilização de insumos e manejo de culturas em real time".
O fundador da Conexa Saúde, Fernando Domingues, lembrou que o 5G possibilita a confiabilidade da medicina remota.
"A telemedicina deve crescer 20% de 2021 a 2023. No nosso caso, criamos um projeto para manter salas de telemedicina dentro de farmácias. E com o 5G em escala no Brasil, podemos ter foco nas regiões de interior e transformar a experiência do médico e paciente, além de aumentar a eficiência das imagens que o profissional vê para dar um melhor atendimento".
Fernando Domingues: melhoras experiência entre médico e paciente. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
O CTIO do Dot Digital Group, Rodrigo Zerlotti, afirmou que o ensino a distância, impulsionado na pandemia, é beneficiado diretamente.
"Existem três pilares necessários que impactam diretamente a educação: conexões de qualidade; respostas rápidas por meio de latência mais baixa para viabilizar conteúdos como realidade virtual e aumentada; e maior eficiência espectral e conectividade para centenas de milhares de dispositivos. Hoje, muitas escolas ainda têm problemas de infraestrutura, wi-fi e conexão".
Julio Semeghini: Anatel precisa de políticas públicas claras. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
Análise
Para o ex-secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Julio Semeghini, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deve modernizar o processo de implementação da tecnologia.
"O foco central desse 5G que estamos instalando é o que já fez parte de uma política pública que desse autonomia para a Anatel decidir se ela quer mitigar o problema que tem na banda C - na faixa do 3,5, ou se ela quer eliminar totalmente e fazer a migração para a banda KU ou se ela fará os dois. Não dá mais para vender uma frequência que as empresas vão usar depois que se liberar. Quem vai querer comprar e montar sua estratégia dessa forma? A Anatel tem condições de definir esse processo".
Os curadores do evento, Roberto Lima e Roberto Giannetti da Fonseca, ambos membros do Comitê de Gestão do LIDE, celebraram o protagonismo da iniciativa privada no processo de implementação do 5G no Brasil. O LIDE NEXT teve a mediação do diretor-executivo do Grupo Doria, João Doria Neto, e participações do chairman LIDE, Luiz Fernando Furlan, e do ex-presidente da República, Michel Temer.
Para a segurança dos envolvidos, foram elaborados rígidos protocolos de saúde, todos seguindo as recomendações das autoridades. No local do evento, contou com espaçamento entre os participantes, álcool em gel e o uso obrigatório de máscara entre outras ações de sanitização. Todos os participantes, inclusive a equipe técnica e de apoio, foram submetidos a testes da Mendelics, que resultaram negativo ao novo coronavírus.